A pandemia acelerou a transformação digital e jogou bilhões de pessoas na frente da tela de computadores, smartphones e tablets. Mark Zuckerberg, criador e líder do Facebook, aproveitou o momento para radicalizar o ciberespaço, inserindo no debate global o conceito de metaverso, um mundo virtual paralelo e integrado à realidade.
Esse excesso de conectividade, porém, gerou em muitas pessoas um sentimento de overdose de dispositivos eletrônicos modernos e deu força a um movimento de revalorização de tecnologias que se tornaram obsoletas nos últimos anos. Enquanto o mercado de smartphones se retraiu pela primeira vez em 2018, as vendas globais de “telefones burros”, desconectados da internet, cresceram nos últimos 3 anos e superaram 1 bilhão de unidades em 2021, segundo a Conterpoint Research. Uma onda que é impulsionada pelo ressurgimento dos "celulares tijolões", a exemplo das criações da pioneira Nokia.
Toca-discos, fitas VHS, telefones fixos e arquivos em MP3 também estão sendo adotados por fãs nostálgicos como antídoto para a fadiga da tela e o excesso de multitarefas. A avalanche retrô provoca, ainda, o relançamento de video games clássicos, como Atari e Nintendo, que nunca deixaram de ter uma legião de seguidores.
TikTok, a rede social da nostalgia
Curiosamente, o TikTok, uma rede social que tem mais da metade do público abaixo dos 20 anos, está sendo um dos canais propulsores da nostalgia. A geração Z, que já nasceu após a popularização da internet, está se interessando pela cultura do início do século, impulsionando uma “economia retrô”.
O conteúdo inspirado no início dos anos 2000, marcado como “Y2K” no TikTok, acumulou mais de 4,8 bilhões de visualizações. As publicações tentam desde recriar figurinos icônicos de filmes populares como Legalmente Loira e Lizzie McGuire até compartilhar brinquedos e guloseimas favoritas da infância.
Uma pesquisa realizada pelo The Institute of Politics da Harvard Kennedy School aponta que muitos jovens acreditam que a vida era muito melhor sem invenções como as mídias sociais. Muitos eram crianças quando o Facebook foi criado, em 2004. A geração cresceu com os sentimentos de ansiedade social e competição gerados pela onipresença da vida no Instagram e no Snapchat.
No entanto, é difícil dizer quem ou o que exatamente despertou esse anseio pelo passado. Os pesquisadores especulam que a nostalgia é comumente vista em tempos de crise, quando as pessoas tentam lidar com sentimentos de incerteza com lembranças reconfortantes e tranquilizadoras.
O ressurgimento dos iPod
Os iPod, lançados em 2001, estão entre os aparelhos que estão ressurgindo na onda retrô no TikTok. Apesar de não ser o primeiro do tipo, o dispositivo da Apple desbancou os walkmans ou leitores portáteis de CD com a possibilidade de carregar mil músicas no formato MP3. O reprodutor de mídia transformou os hábitos de consumo de música e, com os arquivos MP3 e as plataformas de troca de arquivos, como Napster, provocou um terremoto na indústria fonográfica, fazendo o negócio lucrativo de décadas derreter.
O iPod também ajudou a transformar a Apple de fabricante de computadores em dificuldades na maior empresa do mundo. O aparelho levou a uma série de invenções, incluindo o alto-falante Bluetooth, e ainda abriu espaço para os podcasts, como o próprio nome do formato indica.
Os reprodutores de MP3 da empresa de Steve Jobs tiveram várias versões e modelos, com um reinado que se estendeu por anos, resistindo com novos lançamentos até 2019. Apesar de seu sucesso ter sido engolido pela chegada do iPhone, a "pá de cal" foi jogada pelos serviços de streaming de música.
Ainda assim, o dispositivo continua sendo vendido na loja da Apple. O sucesso mais recente do iPod é causado por vídeos do TikTok que enaltecem o iPod Shuffle, popular entre 2007 e 2008, que é frequentemente usado como acessório de moda.
Vale tudo para usar o gadget, como personalizar a carcaça e atualizar o software interno e turbinar a memória com cartão micro SD de 1TB. Os mais nostálgicos utilizam o icônico Winamp, famoso por permitir a apresentação visual com diversas skins, como reprodutor dos arquivos MP3.
MP3 players ainda são úteis?
Um MP3 player pode ser útil em casos específicos, mesmo que isso signifique ter mais um aparelho extra. Os dispositivos ainda cumprem a função original de tocar música, sendo mais baratos e leves que um smartphone. Assim como na época de seu surgimento, esses aparelhos são ideais para garantir a trilha sonora predileta durante exercícios como corridas, quando o tamanho do celular pode atrapalhar o desempenho esportivo.
O dispositivo dedicado à reprodução de áudio pode liberar espaço no celular para outras tarefas e garante maior duração da bateria. Muitos aparelhos também oferecem um player FM que permite ouvir rádio sem a necessidade de uma conexão Wi-Fi ou do uso de dados móveis do telefone.
Por outro lado, os reprodutores de mídia têm capacidade bem limitada de opções da biblioteca de músicas em comparação aos serviços de streaming. Além disso, são necessárias transferências manuais de arquivos, atualizações de sistema e outras nuances nas quais as plataformas online são mais práticas.
Como escolher um reprodutor de MP3 em 2022?
A maioria dos reprodutores de MP3 disponíveis no mercado pesa menos de 200 gramas e tem preço abaixo de R$ 200. Os aparelhos novos podem ser encontrados com facilidade em grandes varejistas e contam com bateria de lítio.
O MP3 player não tem acesso à internet, por isso a capacidade de armazenamento é a principal característica na hora de escolher o aparelho. Os principais modelos disponíveis oferecem entre 8 GB e 32 GB, o suficiente para algo entre 2 mil e 8 mil músicas dentro do aparelho, o que equivale a cerca de 100 horas e 400 horas de áudio.
Além do MP3, os reprodutores mais modernos permitem tocar formatos como MP4, OGG, Opus, WMA, WAV e ALAC. Os fãs de audiobooks devem ficar atentos se os aparelhos são capazes de reproduzir os arquivos AAX e AA, utilizados pelo Audible da Amazon.
As telas variam de tamanho e quanto maior, mais fácil de usar; no entanto, pode ser mais difícil de carregar por aí. O ideal é encontrar um equilíbrio de acordo com a necessidade. O display deve ter no mínimo 2 polegadas para garantir a visualização com conforto do nome do artista e da música.
Por último, mas não menos importante, é necessário verificar a qualidade da reprodução do áudio pelo dispositivo, especialmente dos fones de ouvido. Os acessórios com cancelamento de ruído garantem uma experiência mais agradável.
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