Motorola Edge 30 Pro. Esse é o novo celular de ponta da Motorola, que chega ao mercado brasileiro cerca de seis meses após o lançamento da última geração. Ele traz o processador mais recente da Qualcomm, câmeras de alta resolução e dois anos de garantia — que é, precisamente, um ano a mais do que os concorrentes.
Por R$ 6,5 mil, ele vem para brigar com aparelhos como o Galaxy S22 e o iPhone 13, mas aposta mais no hardware e em um "software limpo" do que em recursos adicionais. Quer saber mais sobre o lançamento da Motorola? Então acompanha a gente nessa análise.
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Design de Moto G
A Motorola parece ter encontrado um bom equilíbrio no visual dos seus produtos. Seus cantos arredondados, o módulo de câmeras em formato oval e o leitor de impressões digitais na lateral direita, abaixo dos botões de volume, lembram e muito o Moto G71, G31, G41 e outros. Nesse quesito, o Moto G200 parece ter uma identidade visual mais atraente e única.
O aparelho, assim como no anterior, não tem entrada para fones de ouvido e nem aceita expansão via microSD, mas traz suporte para dois chips de operadora e deixa de lado o botão de acionamento do Google Assistente.
Na traseira do celular, o vidro fosco faz um efeito bacana quando a luz é refletida e que contrasta com o campo mais liso do módulo de câmeras. Na frente, há apenas uma grande tela com um furo para a câmera. E é, basicamente, isso. Sem firulas, ele agrada quem já é consumidor da marca e oferece um visual bonito para quem busca um celular top de linha, mas sem avançar muito em relação ao modelo anterior.
Motorola Edge 30 Pro.
O encaixe do celular nas mãos agrada, especialmente se você também curte usá-lo sem capinha — a dele, no caso, vem na caixa. E embora o “visual de Moto G” não seja um incômodo, existem resquícios dessa linha no novo aparelho de ponta da marca.
Antes de citá-los, vamos contextualizar rapidamente: celulares mais caros costumam trazer inovações recentes e materiais mais resistentes, como o Galaxy S22 ou o iPhone 13. O Edge 30 Pro, por sua vez, traz vidro Gorilla Glass 3 na tela e 5 na traseira. Suas laterais, no lugar de usarem o alumínio, são de plástico.
Por último, o celular não conta com uma certificação específica contra água. Esse tipo de recurso está presente em praticamente todos os celulares da mesma categoria.
Tela e áudio
A tela do Motorola Edge 30 Pro impressiona um pouco mais. O painel OLED de 6,8 polegadas com resolução Full HD+ tem taxa de atualização de 144 Hz. Ela também conta com HDR10+, reprodução em 10 bits, taxa de amostragem de toque de 360 Hz, compatibilidade com streaming em alta resolução e ajustes manuais de brilho e cor.
É uma tela de alto desempenho e que oferece ótima qualidade de imagem. Ela traz cores vibrantes, alto nível de contraste e a taxa de atualização oferece aquele toque extra com muita fluidez. O nível de brilho é satisfatório, mas deixa a desejar quando a luz do sol está refletida.
Tela do Motorola Edge 30 Pro possui taxa de atualização de até 144 Hz.
Assim, ele se torna um belo rival para o Galaxy S22 e o iPhone 13, mas vale ressaltar que os três possuem telas com alta definição. Um ponto onde ele acerta, mas fica atrás dos concorrentes, é no áudio. Agora, as saídas são estéreo e mais barulhentas, mas sem o mesmo equilíbrio desses outros modelos.
Mas também vale pontuar que, diferente dos seus concorrentes, o Edge 30 Pro traz um fone de ouvido com conector USB-C na caixa.
Desempenho e software: o primeiro grande destaque
Apesar de escorregar em algumas características, em comparação com outros tops de linha, o Edge 30 Pro tem um dos desempenhos mais robustos da atualidade. Ele conta com o chip Snapdragon 8 Gen 1, como o S22, e 12 GB de RAM. O armazenamento tem uma única opção, de 256 GB, e todas as memórias são de alta velocidade.
O desempenho veloz é um dos grandes destaques do Edge 30 Pro. Aliado à taxa de atualização de 144 Hz da tela, fica inegável que este é um dos celulares mais rápidos do mercado. Seja para abrir ou trocar de apps, usar a multitarefa sem dó e até no modo Ready For, que traz uma interface de PC e outros, o aparelho não demonstrou engasgos.
Com os jogos, o desempenho também é regular e alguns títulos tiram a vantagem de elevar a taxa de quadros por segundo. O único problema é que ele esquenta e chegou aos 42º na maioria dos títulos que testamos, principalmente os que são online. Modelos como o Moto G100 ou G200, por exemplo, não esquentam tanto, com tanta facilidade.
O Edge 30 Pro vem com Android 12 e deve receber duas atualizações, até o Andoid 14. Já as atualizações de segurança são garantidas por três anos. Apesar disso, o período é mais curto do que o oferecido por Apple e Samsung aos seus celulares de ponta.
A Motorola não fez praticamente nenhuma alteração impactante na interface, o que facilita e muito pensando na navegação, mas deixa de lado funções extras existentes nos rivais. Ele conta com uma série de gestos de navegação e usabilidade, além de uma área dedicada aos jogos, que reúne os títulos e complementa o Gametime, que permite iniciar uma transmissão na Twitch, gravar ou compartihar a tela e gerenciar outros itens.
Entre outros, o celular conta com Wi-Fi 6E de alto desempenho e 5G, mas sem suporte às ondas milimétricas (mmWave).
Bateria: o segundo grande destaque
A bateria é um outro destaque do Motorola Edge 30 Pro. E não é nem por causa da capacidade, que possui 4.800 mAh. A vantagem dele, em relação aos concorrentes, é o carregador de 68W que já vem na caixa. Essa é uma potência maior do que a dos celulares concorrentes, e supera até mesmo alguns notebooks da Apple.
Isso se reflete numa maior agilidade para carregar o celular, é claro. Saindo do 0%, atingimos os 33% de carga em apenas 15 minutos. Após 30 minutos, a bateria foi para 77%. A carga completa chegou por volta dos 50 minutos, sendo esse um resultado ótimo.
Quanto ao tempo de descarga, o Edge 30 Pro também se mostrou bem eficiente. Ele oferece energia para um dia intenso de uso, sem muitas preocupações sobre chegar ao fim do dia e ficar sem bateria. Só a descarga por hora com streaming e jogos que variou de 9% a 13%, respectivamente, sendo esse um resultado não muito satisfatório.
Mas aqui vão outros dois detalhes sobre a bateria do aparelho: ela também esquenta e passa dos 40º enquanto carrega, assim como nos jogos; e ele conta com suporte ao carregamento por indução, que ainda permite compartilhar a carga com outros dispositivos compatíveis.
Câmeras ótimas (mas não em tudo)
As câmeras do Motorola Edge 30 Pro possuem uma configuração interessante. São dois sensores de 50 MP: um é o principal, com estabilização óptica de imagem e abertura f/1.8, e a segunda é uma híbrida entre ultra-wide e macro. O terceiro é o menos empolgante: serve apenas para profundidade de campo e possui 2 MP de resolução.
Motorola Edge 30 Pro.
Seria muito mais vantajoso aproveitar o espaço para um sensor telefoto, por exemplo, mas essa não foi a escolha da fabricante. Na frontal, temos uma câmera única de 60 MP que grava vídeos em 4K.
As fotos capturadas pelo Motorola Edge 30 Pro agradam, mas isso vai depender das condições de iluminação. Registramos imagens com alto nível de detalhes, bom alcance dinâmico e cores menos saturadas, mas ainda equilibradas. E isso vale para o sensor principal, o de ângulo aberto e o de selfies.
A grande sacada é que ele faz menos correções e ajustes de pós-processamento do que os rivais. Assim, apesar de fazer cliques rápidos, ele não ressalta muito a coloração. É um aspecto que também tende a deixar as imagens com tom mais realista, por outro lado.
Já durante as capturas noturnas, observamos que o celular tende a fazer menos correções do que o S22, por exemplo. Se no celular da Samsung a iluminação ganha mais destaque, o da Motorola costuma realçar pontos específicos, como sombras e cores. Isso faz com que as imagens não fiquem tão suaves e mostrem mais ruído do que o habitual.
O mais intrigante de tudo é o funcionamento do modo de fotografia noturna. Mais especificamente nas selfies, não há uma forma de habilitá-lo manualmente. E os resultados em condições mais extremas, ou com pouca luz ao redor, podem ser decepcionantes.
Já nas filmagens nós encontramos um melhor equilíbrio, mas também com ressalvas. A estabilização do sensor principal ajuda demais a fazer vídeos em movimento, mas ela não está presente nos outros. Na câmera ultra-wide, por exemplo, é possível notar pontos onde a luz “estoura” demais e a definição também é prejudicada.
O que não curtimos, mesmo, foi a disposição das ferramentas de gravação. Com a câmera macro, que faz boas fotografias, as filmagens chegam até 4K, mas a lente ultra-wide só filma em Full HD com 30 fps. A câmera lenta também só está disponível na câmera principal, enquanto a gravação de vídeos em HDR10+ fica escondida nos ajustes.
Vale a pena?
O Edge 30 Pro, lançado por R$ 6,5 mil, é um dos celulares mais legais da Motorola e aposta em um nicho com grandes competidores. Ele traz, como grandes destaques, a bateria com boa autonomia e um desempenho muito rápido para carregamento. A tela, que não é das mais brilhantes, tem alta taxa de atualização e tecnologia OLED, outros dois bons pontos.
Mas compreendemos que ele faz diversos cortes, o que torna o seu preço alto demais se comparado com os concorrentes iPhone 13 e Galaxy S22, que também são bem caros. Por exemplo, há o plástico na moldura lateral e falta uma proteção contra água.
No software, a política da Motorola ainda é considerada mais rasa pelo curto período de atualizações. A companhia “compensa” isso oferecendo dois anos de garantia, enquanto outras marcas oferecem apenas um.
Se a sua preocupação for câmeras mais robustas, tela com mais brilho e um visual mais premium, vale apostar em outros modelos. Se já busca por desempenho regular, câmeras competentes e bateria bem rápida para carregar, o modelo da Motorola faz bonito. Mas, novamente, seu preço sugerido é bem elevado, então, mais uma vez, vale esperar para comprar.
Agora, se me perguntassem sobre essa estratégia de lançar um top de linha com diversos cortes, eu diria que a Motorola está sendo bastante modesta. E esse é exatamente o oposto do que os rivais têm feito.
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