Quem pensa que ambientalismo e lucro são conceitos opostos irá se surpreender com o resultado financeiro revelado pela Fairphone, uma startup holandesa que fabrica smartphones a partir de materiais reciclados. Divulgado durante o evento Reuters Next, o lucro da empresa em 2020 foi de 2 milhões de euros (cerca de R$ 12,8 milhões em conversão direta), valor que impressiona ao se levar em conta que, há pouco mais de uma década, a organização era só uma campanha de conscientização.
"Após alguns anos de campanha, percebemos que não estávamos criando uma alternativa”, explicou a CEO Eva Gouwens à Reuters. Segundo a executiva, isso fez com que a organização resolvesse se transformar, ela própria, em uma empresa. "Nossa meta é de que 70% dos nossos materiais venham de fontes justas até 2023", destaca Gouwens.
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Nesse sentido, não apenas a reciclagem desempenha um papel importante na redução das pegadas de carbono, mas também o abastecimento responsável tem sido um tema caro aos setores de tecnologia e automotivo, após denúncias sobre abusos de direitos humanos e o trabalho infantil nas minas artesanais de cobalto da República Democrática do Congo.
As metas da Fairphone
Fonte: Fairphone/Divulgação.Fonte: Fairphone
Quando a Fairphone iniciou suas atividades como empresa, em 2013, seu objetivo, segundo Gouwens, era atrair um público do espectro "verde mais escuro" da sociedade, ou seja, pessoas que se preocupavam mais com a sustentabilidade do que com a funcionalidade dos aparelhos. Isso faz com que a maioria dos dispositivos da empresa (99%) seja vendida para pessoas físicas, embora empresas comecem a mostrar interesse, conforme a CEO.
A meta da Fairphone agora, explica Gouwens à Reuters, é expandir os negócios para a área "verde mais clara" da sociedade, ou seja, aqueles consumidores comprometidos com sustentabilidade e justiça social, porém não a ponto de abrir mão da funcionalidade. Os resultados já começam a aparecer: dos 300 mil dispositivos vendidos em toda a história da empresa, 95 mil deles foram vendidos no ano passado, disse Gouwens.
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