Você provavelmente já se perguntou alguma vez o motivo de os teclados de computador serem organizados de um determinado jeito. Por mais que você tente encontrar ao analisar as teclas, parece que não existe um motivo lógico para que elas estejam classificadas dessa forma.
Afinal, por que as letras não estão posicionadas em ordem alfabética para facilitar a sua localização? Há uma explicação para isso que envolve voltar aos primórdios da história desses periféricos.
A origem do QWERTY
O formato e o modo de funcionamento dos teclados são totalmente inspirados nas máquinas de escrever. Com a diferença de que, ao pressionar uma tecla em um dispositivo atual, nada é escrito no papel com tinta. O que acontece é que um impulso mecânico ativa um sinal elétrico que gera o comando do caractere desejado em uma tela.
Uma das primeiras máquinas de escrever funcionais foi registrada em 1868 pelo inventor norte-americano Christopher Latham Scholes, com a ajuda de outros três colegas. Scholes era político e empresário do ramo da impressão, ou seja, uma pessoa bastante interessada na produção de conteúdos datilografados com a maior velocidade possível para serem espalhados pela cidade.
Christopher Latham Sholes.Fonte: Wikimedia Commons
Os primeiros modelos seguiam o arranjo mais óbvio para as teclas: a ordem alfabética, com somente 28 teclas.
Entretanto, dez anos depois, uma nova patente de máquina de escrever foi registrada, com uma organização completamente diferente. Sem qualquer explicação aparente, a primeira linha de teclas era formada pelas letras "Q", "W", "E", "R", "T" e "Y". Nascia, portanto, o padrão de teclado QWERTY.
A popularização do QWERTY
Mas por que esse exato padrão foi escolhido? Há uma espécie de lenda urbana a respeito: segundo relatos, Scholes resolveu "espalhar" as letras em uma ordem determinada por ele para evitar que as pessoas reconhecessem rapidamente as teclas e digitassem rápido demais.
Isso porque as máquinas do período apresentavam um defeito técnico: um travamento que acontecia se teclas muito próximas na vertical ou horizontal eram pressionadas em sequência.
Uma ilustração de registro da máquina Remington.Fonte: Daskeyboard
Combinações muito frequentes no inglês, como "th" e "he", geravam esse defeito, então o inventor foi obrigado a criar um padrão que jogasse cada uma dessas letras para um canto, ou ao menos colocasse outra tecla no lugar.
Só que essa origem é bastante questionada. Segundo a Smithsonian Magazine, esse pode ser apenas um motivo inventado para incrementar a história.
Você gostaria de um teclado com essa organização?Fonte: Amazon
É provável que o grande motivo tenha sido puramente funcional: a equipe de Scholes fez vários testes com profissionais da datilografia a partir de padrões variados de arranjo de teclas.
O que resultou em uma digitação mais rápida foi o que hoje conhecemos como QWERTY, com letras muito usadas no inglês separadas na posição de diferentes dedos, mas próximas o bastante para gerar sequências rápidas de palavras.
O padrão escolhido por Scholes e seus associados foi o utilizado em uma parceria com a Remington, uma fabricante especializada em materiais de precisão. Ela foi a responsável pela produção dos primeiros teclados QWERTY do mundo, que foram um sucesso comercial no final do século XIX.
Um dos modelos de máquinas de escrever que popularizou o QWERTY.Fonte: Cnet
Quando a Remington e outras companhias anunciaram uma fusão para criar a Union Typewriter Company, a organização de Scholes foi a escolhida e virou o novo normal para quase toda e qualquer máquina de escrever, não importando o padrão textual ou o idioma do país em questão.
Existem outros formatos?
Com a popularização do QWERTY nas máquinas de escrever, foi natural a transição do formato para teclados de computadores (desde aqueles utilizados para controlar modelos mainframe usados em laboratórios e complexos até os teclados gamers).
O Dvorak, criado pelo norte-americano August Dvorak em 1932, posiciona vogais do lado esquerdo e consoantes no direito, em uma tentativa diferente de organização.
O padrão Dvorak.Fonte: TecMundo
Já o KALQ foi criado por pesquisadores da University of St Andrews e divide as teclas na metade, sendo ideal para o uso em teclados virtuais na horizontal, como no caso de tablets.
O padrão KALQ para teclados virtuais.Fonte: PSMag
Outros padrões foram criados sob as mais variadas perspectivas, mas o QWERTY é o mais difundido comercialmente.
Vale lembrar que, fora o padrão do alfabeto, os teclados também apresentam outras diferenças na organização de pontuação, símbolos e atalhos. Esse é o caso dos modelos ABNT e ABNT 2.
O padrão e algumas variantes com mais ou menos caracteres da mesma linha é muito utilizado, de forma equivocada, como senha. Pela facilidade em decorar, ele constantemente aparece em listas de códigos mais usados em cadastros — o que é totalmente condenável, já que essa é uma sequência fácil de ser adivinhada justamente pela frequência de sua utilização.
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