A crypto art, ou arte criptográfica, está promovendo uma grande mudança no mercado artístico. Desde o segundo semestre de 2020, o conceito vem se tornando cada vez mais popular e despertando a atenção do público.
Vista como uma revolução digital, diversos artistas estão adotando essa nova forma de vender arte pela internet. A seguir, entenda como funciona esse modelo e qual é relação com o blockchain.
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Peça de arte criptográfica da coleção WarNymph Vol. 1, da cantora pop Grimes.Fonte: Exclaim/Reprodução
O que é crypto art?
Em resumo, crypto art é uma arte digital com um código único anexado à obra, o que permite que seja exclusiva, como uma arte física — algo semelhante às pinturas originais de Picasso, que têm a assinatura dele para comprovar sua autenticidade. Na arte digital, essa verificação ocorre através de um NFT, um token não fungível. Garantindo a originalidade, ele é um “selo criptográfico” vinculado a uma peça e não pode ser replicado.
O artista pode anexar um NFT a qualquer coisa: imagem, vídeo ou música, e as informações do token são armazenadas no blockchain, um “livro razão” permanente que pode ser acessado em qualquer computador do mundo.
NFTs são registrados no blockchain.Fonte: Cryptocurrency Hub/Reprodução
Qual é a relação do blockchain com a arte criptográfica?
Apesar de estar relacionado às criptomoedas, o blockchain é uma tecnologia que se expande para outras áreas. Simplificando, ele funciona como a cópia de uma planilha em que qualquer pessoa pode adicionar uma nova linha de informação. Com isso, é possível registrar os dados do NFT que provam a autenticidade de uma peça digital, e qualquer pessoa pode acessar essa “grande planilha” para verificar se o código de determinada arte está ativo.
Sem interferência externa, é quase impossível falsificar as informações que foram registradas no blockchain. Isso porque há uma grande rede de computadores que constantemente realiza a verificação dos dados incluídos no sistema.
Dessa maneira, a partir do registro do NFT, o blockchain exerce a função de um especialista em belas-artes e verifica a autenticidade de uma peça, investigando o histórico e as informações sobre ela.
Gráfico do CryptoArt.io com o crescimento das obras criptográficas no mundo.Fonte: CryptoArte.io/Reprodução
Como a arte criptográfica se tornou tão valorizada?
A crypto art está ajudando a arte digital a se aproximar da arte tradicional. As peças com o token não fungível resgatam o sentimento dos colecionadores de ter uma obra única, mesmo que seja somente um arquivo digital. Dessa forma, a “escassez” é a chave para a valorização das artes criptográficas.
Nos últimos meses, houve aumento do público disposto a pagar grandes quantias para ter obras originais de seus artistas favoritos. Apesar de o mercado de crypto art existir desde 2018, seu crescimento se iniciou no segundo semestre de 2020, e o grande salto aconteceu em fevereiro de 2021, com o volume de obras ultrapassando 80 milhões, segundo o CryptoArt.io.
Além disso, as artes digitais com o token são registradas em um blockchain chamado Ethereum e podem ser negociadas através de criptomoedas. Hoje, as moedas virtuais estão em alta e têm valores elevados na conversão para as moedas reais.
Quadro Everydays — The First 5000 Days, do artista Beeple.Fonte: NPR/Reprodução
Quem são os artistas da crypto art?
Com o crescimento da crypto art, artistas de diversas áreas passaram a produzir conteúdos com NFT. Por exemplo, a cantora pop Grimes chamou atenção para esse mercado ao vender uma única peça por US$ 5,2 milhões.
Hoje, o designer Mike Winkelmann, também conhecido como Beeple, é um dos principais nomes do movimento. A peça Everydays — The First 5000 Days, um JPEG que reúne desenhos do artista em uma única imagem, foi leiloada por US$ 69,3 milhões.
O NFT também facilitou a venda de videoartes. Por exemplo, o músico Mike Shinoda, da banda Linkin Park, vendeu 10 pequenos clipes com animações que continham trechos da música “Happy Endings”. Cada peça tinha o valor de cerca de US$ 18 mil.
Vale citar que não são só artes que estão sendo negociadas com tokens não fungíveis. Jack Dorsey, CEO do Twitter, vendeu seu primeiro tweet na rede social por US$ 2,5 milhões em leilão de caridade.
Muitos enxergam a crypto art como uma bolha ou euforia passageira relacionada ao crescimento das criptomoedas. Enquanto isso, especialistas acreditam que a tecnologia ainda precisa ser aperfeiçoada, mas é um ótimo jeito de valorizar a arte totalmente digital.