Em novembro de 2018, a Microsoft se envolveu em uma grande polêmica. Após fechar um acordo de aproximadamente US$ 478 milhões com o exército estadunidense, a gigante de Redmond se comprometeu a adaptar o recente HoloLens 2 para o campo de batalha. Agora, um repórter da CNBC experimentou um dos dispositivos e divulgou detalhes de sua experiência.
O design do IVAS (Integrated Visual Augmentation System), a versão militar dos óculos de realidade mista, não é muito diferente da versão comercial, diferenciando-se apenas na nova câmera térmica FLIR. O exército deve receber cerca de 100 mil unidades dos dispositivos nos próximos meses, que foram pensados para serem usados em treinamentos e missões oficiais, com o objetivo de “aumentar a letalidade aprimorando a capacidade de detecção e decisão para atacar antes do inimigo.”.
(Imagem: Reprodução/The Verge)
Segundo o jornalista da CNBC, rede de televisão norte-americana, a demonstração foi “um pouco bugada” e o aparelho precisou ser reiniciado algumas vezes; apesar disso, ele conseguiu analisar como os militares tirarão proveito da tecnologia.
Com uma interface semelhante à de jogos de ação em primeira pessoa, o repórter disse se sentir familiarizado com os óculos: “Toda a experiência parecia natural para mim, já que jogo games de tiro com frequência”. Segundo o relato, há uma seta representando a orientação do usuário, além de pontos indicando soldados aliados que estão utilizando o equipamento e marcações, elementos semelhantes aos utilizados em populares games como Call of Duty e Apex Legends. Ademais, a câmera térmica permite enxergar através de fumaça e camuflagem e há um pequeno ponto indicando a mira da arma.
(Imagem: Reprodução/TechRadar)
O plano dos militares
A utilização do IVAS não só melhora o combate mas também promete aprimorar a experiência em treinamento. Espera-se que o equipamento, em conjunto com outros dispositivos, possa apresentar dados dos soldados — como batimentos cardíacos — e auxiliar a pontaria. Além disso, a atual versão não é a ideal para uso com capacetes; portanto, o exército espera que em até 6 meses o tamanho do acessório se reduza a apenas óculos de sol comuns.
Funcionários inconformados
Em fevereiro deste ano, um grupo de aproximadamente 50 funcionários da Microsoft assinou uma carta exigindo o cancelamento do acordo com os militares. O documento, que veio a público dias depois de ter circulado entre os colaboradores, criticava o uso da tecnologia de realidade aumentada em campo de batalha, principalmente por distanciar o soldado da prática tenebrosa da guerra e torná-la mais próxima de videogames.
(Imagem: Reprodução/Pixabay)
Os funcionários também alegavam não terem se candidatado a cargos para desenvolvimento de armas, então exigiam poder decidir a finalidade dos seus projetos. No entanto, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, defendeu o acordo com os militares logo após a publicação da carta: “Nós decidimos que não vamos restringir nossa tecnologia de instituições democráticas que protegem nossa liberdade”, disse em uma entrevista para o CNN.
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