O sedentarismo já cansou sua beleza, e você decidiu praticar atividades físicas! Por acaso, você achou que correr, pedalar ou nadar — quem sabe tudo isso junto — seriam boas alternativas. Não demora muito até que você comece a usar apps de medição das atividades físicas, e logo já está comparando seus resultados no Strava, no Nike Run, no Endomondo e tantos outros. Tudo ótimo... Até você perceber que o celular no bolso é um péssimo negócio.
Felizmente existem relógios com GPS que são excelentes ferramentas para os esportistas de plantão. Com eles, é possível deixar o smartphone em casa e manter muito mais controle sobre as atividades. Além disso, a quantidade de informações em tempo real também se mostra muito mais interessante em vários momentos.
Agora surge a dúvida: eu preciso comprar um relógio que possua GLONASS ou um apenas com GPS já dá conta das minhas atividades? A resposta varia muito de acordo com o perfil do usuário, e nós vamos tentar responder tudo isso para você agora mesmo.
Atletas amadores: correr e pedalar
Em minha experiência como corredor e testador de relógios com GPS, tive a oportunidade de testar alguns aparelhos de Garmin — como o Forerunner 35, que comprei depois — e Polar. Em corridas curtas, é muito difícil ver diferenças nos resultados medidos com os aparelhos GPS e o estimado pelos planejamentos de rotas — ou mesmo pelo que é informado nas provas.
O grande desafio desse tipo de relógio está em ambientes com muitos prédios. Pois é... Prédios de todos os lados e até mesmo túneis podem fazer com que a trilateração do sinal do relógio seja comprometida. E isso pode significar duas coisas bem simples: atraso gigante na hora de o relógio “se encontrar” para começar o treino e erros na medição dos exercícios.
Porém... Se você não mora em Nova York, não vai ter muitos problemas. Mesmo em cidades como São Paulo é possível fazer as medições com certa tranquilidade. Erros acontecem e atrasos também, mas nada que faça alguém sair do sério. Ciclismo de estrada também se aproveita muito bem do GPS, pois não sofre com interferências.
E a natação?
Quem quer nadar e medir seus treinos precisa pensar bem antes de comprar um relógio. Nem todos os modelos possuem tracking para esse tipo de atividade, e muitos só conseguem fazer uma medição com precisão se estivermos falando de águas abertas — piscinas cobertas atrapalham o sinal, e a distância curta pode complicar bastante a captação dos dados.
Contudo, mesmo em águas abertas aparelhos com GLONASS podem se mostrar um pouco mais precisos. Isso acontece por causa da “dupla triangulação” realizada pelos dispositivos. De todo modo, isso está longe de fazer com que os relógios apenas com GPS sejam ruins. Para os nadadores, mais vale um mix de GPS com detector de braçadas do que duas formas de medir um mesmo número.
GLONASS gasta mais bateria?
De maneira geral, não! Porém, para que o GLONASS melhore a precisão das medições é preciso deixar tanto ele quanto o GPS tradicional ligados. E a soma desses dois recursos realmente faz com que mais recursos de bateria sejam usados. Ou seja: a autonomia dos aparelhos é um pouco reduzida.
Não confie 100% nos relógios
Como você pode ter percebido: a precisão dos relógios GPS nunca é de 100%. Os aparelhos possuem uma margem de erro que pode chegar aos 100 metros em alguns casos (dependendo dos meios externos, inclusive). Por isso, é bom estar sempre sabendo: seu relógio pode dar ou tomar alguns metros em cada corrida que você faz. O canal Corrida no Ar falou sobre isso há um tempo:
Nós falamos também com a Garmin para entender melhor o assunto; veja o que eles nos mandaram:
“Muitos dispositivos da Garmin possuem a capacidade de rastrear satélites GPS e GLONASS simultaneamente. Ao usar satélites GLONASS, o tempo que se leva para o receptor 'capturar' uma posição é (em média) aproximadamente 20% mais rápido que usar um GPS e a sua localização, mais precisa. Ao usar ambos (GPS e GLONASS), o receptor tem a capacidade de capturar 24 satélites a mais que usar somente o GPS. A utilização das duas redes de satélites fornece maior precisão ao determinar as coordenada e a sua elevação. Além disso, proporciona maior cobertura de satélites mesmo com céu encoberto, entre prédios, florestas e densas árvores.”
Quem precisa do GLONASS, então?
“Precisar precisar meeesmo”, ninguém! Mas quem quer ter mais confiabilidade nos treinos e pode gastar um pouco a mais — pois é, os relógios com esse recurso geralmente chegam com preços mais altos — certamente consegue números melhores com esse tipo de aparelho.
Resumindo: a menos que você seja um profissional patrocinado e com muito dinheiro no bolso: o relógio com GPS vai dar conta dos seus treinos com bastante qualidade e sem deixar falhas graves no processo — salvo as pequenas variações de distância que mencionamos anteriormente.