O DroneShow, uma das maiores feiras de drones da América Latina, está acontecendo nos dias 15, 16 e 17 de maio no Centro de Convenções Frei Caneca, na cidade de São Paulo, e o TecMundo esteve lá para conferir o que há de interessante e de novidade no mundo das aeronaves não tripuladas de diversos tipos e com suas várias funções. Conversamos com representantes de empresas – todas brasileiras – que nos contaram como esses dispositivos estão sendo inseridos cada vez mais no dia a dia da sociedade.
Se você acha que todo drone possui aquelas hélices – que variam em número de modelo para modelo – saiba que alguns parecem pequenos aviões e voam usando o mesmo princípio deles
Na feira, os expositores puderam falar mais sobre seus produtos e serviços para visitantes e potenciais clientes. Entre as funções mais oferecidas estão o mapeamento agrícola de áreas rurais – que também inclui serviços como pulverização feita por meio das aeronaves não tripuladas – e, claro, o registro de imagens aéreas para fins comerciais ou para a produção de vídeos publicitários ou cinematográficos.
Voando sobre os campos
Nossa primeira parada foi na xmobots, uma empresa brasileira encubada na Universidade de São Paulo ainda em 2007 e que, agora, funciona na cidade de São Carlos, interior do estado. Conversamos com Vitor Godoy de Barros, engenheiro cartógrafo da companhia, que nos apresentou aos três modelos que a xmobots levou para o DroneShow. E se você acha que todo drone possui aquelas hélices – que variam em número de modelo para modelo – saiba que alguns parecem pequenos aviões e voam usando o mesmo princípio deles (e continuam sendo drones).
Claudio Ribeiro, CEO da Aero Drone Brasil, segura um Arator da xmobots
Fomos apresentados ao Arator 5B, ao Echar 20D e ao maior modelo de todos, o Nauru 500B. Barros nos contou que a diferença básica entre eles é, além do tamanho, a autonomia de voo, a maneira como são movidos e o sistema de decolagem e pouso. O irmão menor, o Arator, decola diretamente das mãos do usuário e pode funcionar por 1 hora a 1 hora e 20 minutos. O Echar chega a ter autonomia de voo de 2,5 a 3 horas e decola com o auxílio de um estilingue, que o arremessa como em uma catapulta. Cláudio Ribeiro, CEO da Aero Drone Brasil, é cliente da xmobots e garante que sua empresa tem tido grandes ganhos em produtividade com o uso das tecnologias embarcadas nos drones da campanhia.
Echar: seu lançamento é feito com uma espécie de estilingue
O mestre em mapeamento agrícola oferecido pela xmobots é o Nauru, que realmente se parece com uma miniatura de avião e também decola por meio de catapulta, retornando ao solo usando paraquedas. Ele possui uma autonomia impressionante de até 10 horas e possui motor de combustão, ao contrário dos outros dois modelos. Todos eles possuem câmeras de última geração e uma precisão de poucos centímetros.
Nauru: parece um avião e tem autonomia de até 10 horas
A xmobots é referência no Brasil e no mundo no segmento de drones de mapeamento, área que está em pleno desenvolvimento e crescimento no país. Toda a tecnologia presente nos drones da empresa é criada e implementada pela própria xmobots, passando pela parte mecânica, hardware e até o software utilizado para o controle das aeronaves.
Drones de resgate
A aplicação de drones em casos de emergência pode ser uma das atividades envolvendo as aeronaves que mais vai crescer e, claro, que mais vai ser útil para as pessoas. Assim, a SkyDrones, empresa que existe desde 2008 atuando na área de drones, tem como foco soluções empresariais tanto na área de agricultura quanto de indústria.
Porém, o principal destaque da empresa é o sistema que criaram para realizar resgates de vítimas de afogamento usando drones como o Phantom 4, fabricado pela DJI, fornecendo um software especial para o mercado de segurança pública e privada.
O sistema desenvolvido pela SkyDrones leva o drone até o local correto e solta o dispositivo inflável que cai em linha reta, usando o próprio cilindro de ar acoplado como peso para não ter sua rota desviada
A grande sacada do sistema, como nos contou Daniel Bandeira, diretor da SkyDrones, é o software desenvolvido pela empresa que permite que a aeronave seja direcionada até uma pessoa em situação de afogamento e lance a ela uma boia que, ao entrar em contato com a água, é inflada e serve como suporte até que uma equipe de resgate chegue até o local para fazer o salvamento.
O sistema desenvolvido pela SkyDrones leva o drone até o local correto e solta o dispositivo inflável que cai em linha reta, usando o próprio cilindro de ar acoplado como peso para não ter sua rota desviada pelo vento e para não se distanciar da vítima que está sendo auxiliada.
A SkyDrones também levou para o DroneShow o Zangão, um drone para soluções no mercado agrícola de fabricação completa por parte da empresa
Bandeira contou que já vendeu seu software para países como Estados Unidos e Alemanha, mas ainda nenhum no Brasil. Aqui, temos em funcionamento por meio de doação dois drones munidos desse sistema trabalhando para a Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, um com a Polícia Militar do Rio Grande do Sul e outro com a PM de Santa Catarina.
A SkyDrones também levou para o DroneShow o Zangão, um drone para soluções no mercado agrícola de fabricação completa por parte da empresa, e uma novidade interessante: o Quantix, um dispositivo de decolagem e pouso vertical cujos protótipos foram trazidos para o Brasil pela companhia para serem desenvolvidos em parceria com a AeroVironment, líder norte-americana na produção de drones militares.
Medicamentos para todos!
Ainda na área de serviços de emergência, a SMX Systems que usar os drones para levar medicamentos para as populações que vivem distante dos centros urbanos e têm acesso limitado a hospitais, centros médicos e farmácias, Como? Criando uma aeronave não tripulada e de voo automático capaz de carregar cargas de até 2 kg com uma autonomia de voo de até 16 km.
Quem nos explicou a ideia por trás do produto foi o próprio fundador da empresa, Samuel Salomão: “O nosso foco é começar em áreas rurais levando medicamentos da cidade para lá para atender aquelas pessoas que estão mais afastadas e fazer até algum atendimento de emergência, como quando alguém sofre uma picada de cobra, de abelhas, etc.”.
O drone que pode levar até 2 kg em medicamentos para áreas remotas
O software desenvolvido pela SMX Systems e que dá vida a todo esse sistema de transporte via drone funciona na nuvem e se comunica com os dispositivos via internet. A prioridade inicial, é claro, é o transporte de medicamentos entre hospitais, farmácias e as pessoas que moram longe, mas o sistema também pode ser usado para carregar qualquer tipo de objeto dentro da capacidade de carga, o que abre um leque de oportunidades, inclusive para entregas de delivery comum e do comércio eletrônico em um futuro próximo.
A gente vê que é mais importante você usar uma tecnologia para ajudar a sociedade do que simplesmente para entregar uma pizza
“Em relação ao foco na área da saúde, a gente vê que é mais importante você usar uma tecnologia para ajudar a sociedade do que simplesmente para entregar uma pizza. Por isso mesmo, a atenção inicial é na área da saúde, com os medicamentos, e na parte laboratorial também, sendo possível realizar a coleta de amostras para exames. Porém, a tecnologia está pronta para transportar qualquer tipo de mercadoria”, completou Salomão.
A vanguarda do drone está na universidade
O drone que utilizam foi construído totalmente pelos alunos da universidade, desde a parte mecânica, de hardware, software e toda a inteligência artificial que ele usa
Para concluir o passeio do TecMundo no DroneShow, fomos conversar com uma galera que ainda está começando, mas que já conquistou muito e mostra uma habilidade imensa com drones. São os alunos de graduação de diversos cursos da Universidade Federal de Itajubá que compõem a equipe Black Bee Drones de drones de competição.
O mais curioso é que não se trata das já conhecidas disputas de corrida de drones que já rolam por aí, mas sim uma competição de inteligência, ou seja, as equipes precisam construir dispositivos capazes de realizar tarefas mais complicadas, como resgates, transporte de objetos e outras atividades que exigem dos membros da equipe muita habilidade de montagem e desenvolvimento.
A equipe Black Bee Drones, da Universidade Federal de Itajubá
Quem nos explicou melhor como as coisas rolam foi Isaac Gomes, gerente de projetos da equipe. Ele contou que a equipe já participou de diversas competições nacionais e internacionais e obteve ótimas colocações. O drone que utilizam foi construído totalmente pelos alunos da universidade, desde a parte mecânica, de hardware, software e toda a inteligência artificial que ele usa para realizar as tarefas para as quais é programado.
No DroneShow, a equipe mostrou um sistema de reconhecimento facial capaz de identificar pessoas registradas e segui-las onde forem durante o voo. Por meio de uma câmera na parte frontal do dispositivo, o usuário registrado, no caso Pedro Guemureman, um dos responsáveis do grupo pelo software, é reconhecido e o sistema passa a ordenar que o drone siga a imagem de seu rosto.
Outra façanha que a Black Bee Drones realizou foi desenvolver um sistema que permite que o drone seja comandado por meio das notas musicais emitidas por uma flauta. Quando tocadas, cada uma das notas representa “ordens” diferentes que são captadas pelo dispositivo e ele reage de acordo com o que foi programado, movimentando-se conforme a música é tocada.
O desejo é que mais grupos se formem e participem dessas competições, pois isso é crucial para o avanço de todo o conhecimento
A equipe agora busca patrocínio para participar da próxima competição de drones inteligentes que vai acontecer na Austrália, levando que há de melhor no desenvolvimento de tecnologia que nasce nas universidades brasileiras. Para a equipe, o desejo é que mais grupos se formem e participem dessas competições, pois isso é crucial para o avanço de todo o conhecimento adquirido na criação desses dispositivos. E quem sabe o dia o Brasil se torne um polo de referência em drones e, claro, toda essa inteligência que as aeronaves carregam.