O TecMundo esteve presente no dia 27 de março na cidade de Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, para realizar o Circuito FCA de Inovação e aprender um pouco mais sobre a Indústria 4.0, que reúne tecnologias para automação e trocas de dados, e faz uso de recursos como machine learning, computação em nuvem e Internet das Coisas. A FCA (Fiat Chrysler Automóveis) foi formada em 2014 com a fusão das duas montadoras e ainda é dona de grandes marcas como Alfa Romeo, Dodge, Jeep, Lancia e Maserati.
Um dos destaques de nossa visita foi a oportunidade de testar um exoesqueleto simples que é usado por alguns funcionários na linha de produção dos veículos da Fiat na fábrica em Betim, a primeira da marca no país, em funcionamento desde 1976. O dispositivo é de fabricação suíça e um dos oito já em uso na empresa. Para que sejam aplicados em tarefas específicas, os exoesqueletos são o último recurso para facilitar o trabalho do funcionário devido ao custo alto e a necessidade de adaptação da pessoa ao aparelho.
FCA em Betim, Minas Gerais
Ajuda essencial
No Polo Automotivo Fiat, a melhor solução encontrada para reduzir o esforço do operador na linha de produção foi o exoesqueleto
Dos 26 casos identificados na empresa que poderiam ser beneficiados por algum tipo de alteração de processo de trabalho e que seriam potenciais candidatos ao uso de exoesqueletos, 10 deles puderam ser solucionados de maneiras alternativas. Do total, oito já usam normalmente os exoesqueletos e os outros oito ainda estão em fase de testes ou de análise inicial.
Buscar soluções para que o operador execute sua atividade com mais conforto e qualidade é outro importante desafio que faz parte das práticas da Indústria 4.0. No Polo Automotivo Fiat, a melhor solução encontrada para reduzir o esforço do operador na linha de produção foi o exoesqueleto. Oito conjuntos de exoesqueletos, divididos em três categorias – coluna lombar, ombros e membros inferiores –, já estão em uso. A FCA é a primeira empresa na América Latina a utilizar essa tecnologia, que recebeu um investimento total superior a US$ 80 mil, ou R$ 267 mil.
Apresentação do exoesqueleto (Foto: Leo Lara)
O teste prático
O exoesqueleto vem complementar uma série de iniciativas para melhoria da condição ergonômica do operador na linha de produção, como os ganchos giratórios, braço mecânico, partnes, talha, entre outros. No Polo Automotivo Fiat, dois exoesqueletos são da marca Noone, de origem suíça, e funcionam como uma espécie de esqueleto externo que sustenta o peso do operador enquanto ele se senta, acompanhando os seus movimentos.
Na hora de usar de fato o dispositivo – para se sentar – é necessário tomar alguns cuidados, como manter sempre a coluna ereta e não inclinar o corpo para a frente
Foi esse modelo que tive a oportunidade de experimentar. A configuração do dispositivo demora cerca de três minutos para que se encontre um ajuste adequado e confortável para o usuário. Duas cintas prendem o exoesqueleto nos calcanhares, mais duas nas coxas e uma estrutura que lembra uma mochila usa as costas como sustentação, além de uma última tira com velcro em torno do tronco.
São necessários alguns testes para que tudo fique devidamente adaptado ao usuário. Inicialmente, a sensação é de estranheza: andar com aquilo preso ao corpo parece estranho e desconfortável, mas nos acostumamos muito rapidamente. Na hora de usar de fato o dispositivo – para se sentar – é necessário tomar alguns cuidados, como manter sempre a coluna ereta e não inclinar o corpo para a frente.
O redator que vos escreve testa o exoesqueleto da FCA (Foto: Leo Lara)
Extensão do corpo
O exoesqueleto é um sistema biomecânico que suporta o peso, reduzindo o esforço muscular do trabalhador no decorrer da jornada. Em situação de flexão, o peso do tronco não estaria mais na musculatura do operador (tronco corresponde a 70% do peso total do corpo), e sim totalmente suportado pelo dispositivo. Em pouquíssimo tempo, a sensação de que o exoesqueleto é de fato uma extensão do seu corpo realmente surge e nos acostumamos rapidamente com a praticidade de nos sentarmos a qualquer momento usando apenas o dispositivo e nossas próprias pernas.
Funcionário da FCA descansa sobre seu exoesqueleto
A tendência é vermos os exoesqueletos cada vez mais presentes tanto nas indústrias quanto na área médica e outras funções
Na fábrica, o feedback está sendo muito positivo. Conversamos com alguns funcionários da empresa que já utilizam os exoesqueletos em suas atividades diárias e todos relataram uma facilidade maior no desempenho de suas funções e um alívio no que diz respeito à parte física – visto que os movimentos sem os exoesqueletos eram obviamente mais cansativos e muito mais danosos para a saúde. Novos conjuntos foram adquiridos para aplicação na planta de Córdoba (6 conjuntos), na Argentina, e na fábrica de motores de Campo Largo (2 unidades), no Paraná.
A tendência é vermos os exoesqueletos cada vez mais presentes tanto nas indústrias quanto na área médica e outras funções. O barateamento do custo de pesquisa e desenvolvimento envolvendo esses dispositivos vai permitir também sua aplicação no dia a dia das pessoas comuns, facilitando atividades muitas vezes cansativas e que poderiam fazer mal para nossa postura, musculatura e articulações, entre outras coisas.
Confira algumas fotos do teste feito com o exoesqueleto na FCA:
O jornalista Rafael Farinaccio viajou para Betim a convite da FCA.
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