Você consegue viver sem um teclado no seu computador ou no smartphone? É difícil, já que esses eletrônicos são muito baseados em digitar hoje em dia e há muitas décadas.
Neste capítulo da história da tecnologia, a gente sai um pouco das empresas e vai falar dos teclados, que são tão essenciais pra gente e evoluíram muito com o tempo. Você conhece os primeiros e mais icônicos modelos? E para que servem os diferentes estilos de digitação? Essas e outras respostas você encontra abaixo.
No princípio, era a máquina de escrever
Não é nenhuma surpresa que o precursor do teclado é a máquina de escrever, né? O primeiro registro de algo assim relacionado com a tipografia é uma patente em 1714 para Henry Mill, e o objetivo era padronizar e deixar documentos legais ou acordos mais legíveis.
Várias evoluções foram feitas com o tempo, incluindo alguns modelos bem bizarros, como o de William Austin Burt, que tinha um dial parecido com o de um telefone, e a "bola de escrever de Hansen", que fez sucesso na Europa no século 19.
A "bola de escrever" era mesmo peculiar
A primeira máquina de escrever comercial foi a Model 1, lançada em 1867 pela tradicional Remington. O funcionamento já era como a gente conhece hoje: a pessoa tocava em uma tecla e "desenhava" a letra no papel a partir de um sistema mecânico.
Esse primeiro modelo parecia uma máquina de costura e tinha até um pedal para fazer aquele reposicionamento do papel para a linha seguinte. A IBM se estabeleceu como uma das grandes marcas no ramo das máquinas de escrever elétricas.
A segunda grande tecnologia que deu origem ao teclado foi o teletipo, a sucessora do telégrafo que se estabeleceu em 1930. Ela era uma espécie de máquina de escrever que foi muito usada pra transmissão de dados e informações: o que era digitado em um dos pontos aparecia impresso em outro.
Uma impressora de teletipo
Outro avanço importante foram os cartões perfurados inventados por Herman Hollerith, em uma das empresas que deram origem à IBM. Eles recebiam e guardavam informações antes do uso dos monitores.
Agora que a gente já sabe quais tecnologias originaram os teclados como a gente conhece hoje, dá para começar a falar da origem deles nos computadores.
Um casamento perfeito
O ENIAC, pai dos computadores modernos, ainda usava cartões perfurados para entrada e saída de dados. Mas o BINAC, de 1949, usou uma máquina de escrever eletromecânica conectada para fazer esse serviço e até imprimir resultados. E não é que era uma boa ideia?
O gigantesco BINAC
A grande revolução seguinte só aconteceu em 1964, em uma supercolaboração entre MIT, Bell Labs e General Electric. Eles criaram uma tecnologia de compartilhamento de dados em mais de um equipamento. Isso deu origem ao video display terminal (VDT), que permitia que um conteúdo digitado aparecesse em um equipamento conectado, como um... monitor.
Aí era fácil criar uma interface para ver o conteúdo sendo adicionado e fazer correções. Foi assim que nasceram produtos como o terminal Datapoint 3300, de 1967, que já tinha um visual característico.
O teclado como o conhecemos
Aí sim a gente chega a eletrônicos que podem ser chamados de teclados. Você pressiona uma tecla, ela emite um pulso elétrico para um chip e depois para o computador em si, que então reproduz o comando de forma visual na tela. No fim da década de 70, essa tecnologia se tornou o padrão na indústria. Os teclados se transformaram nos principais meios de inserção de dados e uso do computador até a popularização do mouse — uma história que a gente já contou por aqui.
Um pouco antes, quem quisesse um teclado precisava conectar uma máquina de escrever eletrônica ou montar o próprio sistema, o que era demorado e só para profissionais
Em 1987, a IBM lançou os teclados Model M, que viraram padrão na indústria. Eles tinham um layout clássico com 101 teclas, faltando só algumas especiais para o Windows.
O clássico Model M
As únicas críticas? Os botões Shift e Enter, tão importantes desde aquela época, eram muito pequenos. O padrão hoje é que os teclados completos tenham aproximadamente 104 teclas. Aliás, até o fim da década de 80, quando teclados na cor preta foram apresentados, você só podia escolher entre modelos em branco ou bege.
As tecnologias de conexão das teclas com o resto do sistema também evoluíram. Elas começaram com ímãs ligando filamentos de metal e foram se diversificando para teclados feitos em várias camadas.
Um teclado de membrana
Tivemos desde aqueles switches capacitivos dos teclados de membrana, que eram baratos e suaves, mas não muito precisos, até as peças mecânicas, individuais e barulhentas que saíram de moda e agora voltaram com tudo.
O chamado "Teclado chiclete" foi uma evolução natural e mais silenciosa, com teclas retangulares e achatadas. Já a moda atual é o teclado ergonômico, mais confortável para digitação com um design personalizado.
Eles só ficaram menores graças ao sistema chord, ou acorde. Assim como em instrumentos musicais em que você faz uma combinação de movimentos para produzir um som, foram criados atalhos nos teclados para diminuir a quantidade de teclas, fazendo dois símbolos caberem na mesma tecla e serem alternados usando o Shift, por exemplo.
E os teclados não param de evoluir. Eles ficaram menores para serem usados em notebooks, mais silenciosos, dobráveis ou até projetados a laser em superfícies lisas.
E não precisa ser físico
Existem ainda os teclados virtuais dos smartphones e tablets ou um software nos PCs por motivos de segurança, como no internet banking. A patente da técnica de transformar toques dos dedos em caracteres em uma superfície que não seja um teclado é da IBM e existe desde 1992.
A Apple tem alguns diferenciais no seu teclado pra navegação no Mac. O principal sem dúvidas é a tecla Command, para atalhos, cujo primeiro modelo foi lançado embutido no Apple II, em 1977. Já os atuais seguem o padrão estético da marca e são mais finos e econômicos em quantidade de teclas que os concorrentes.
E os teclados ainda são essenciais para quem curte jogar no PC. Desde o cenário competitivo de Quake, lá por 1998, foi criado um significado totalmente novo para as teclas W, S, A e D.
O Logitech G15 é um dos modelos clássicos de teclados para games
Marcas como Razer, Gigabyte, Logitech, SteelSeries e muitas outras começaram a lançar modelos destinados a profissionais ou quem queria um periférico otimizado. Aí vieram modelos com iluminação especial, teclas de atalho, apoio para o pulso e muito mais.
Basicamente, essa é a história da origem e da evolução dos teclados. Mas tem muita coisa que a gente faz neles de forma natural, mas nem sabe a origem ou o motivo.
Escolha o seu estilo
Para começar, por que o padrão das teclas não é ABCD? O modelo QWERTY, que tem esse nome por causa das 6 primeiras teclas da primeira linha de letras, é o padrão atual e vem lá das primeiras máquinas de escrever da Remington, em 1878. O inventor Christopher Sholes até usou ordem alfabética no começo, mas logo isso mudou.
Uma história popular diz que o arranjo veio para evitar travamentos das máquinas, mas o objetivo parece ser mesmo separar teclas muito usadas para que os datilógrafos alternem os dedos na hora de digitar e façam a tarefa mais rápido. A ordem veio depois de muitos testes com profissionais da época.
Só que existem outros padrões para quem quiser fazer algo diferente. Não tem como dizer se algum deles é melhor ou não; você precisa testar e ver qual se adequa melhor aos seus dedos e ter muito tempo de sobra para se adaptar a outro estilo. Bora conhecer alguns, então!
DVORAK
O Dvorak foi criado pelo norte-americano August Dvorak em 1932 e coloca vogais do lado esquerdo e consoantes no direito, sendo mais adequada para o inglês.
O Colemak, de Shai Coleman, tem as letras mais usadas na posição para ser digitado pelos dedos mais fortes da mão. O objetivo aqui é prevenir lesões como as de esforço repetitivo.
O Colemak
O Xpert surgiu em 2003 e ordena letras para facilitar a digitação de sílabas. Ele tem uma tecla “e” duplicada.
O Xpert
Há ainda o GKOS, sigla para Global Keyboard Open Standard, que tem poucas e enormes teclas com vários atalhos para ser usado em tablets e smartphones, inclusive só com uma das mãos. Mas, hoje em dia, muita gente prefere o método Swype, em que você desliza a ponta do dedo pelo teclado até formar a palavra desejada.
O GKOS.
E você provavelmente nunca vai usar, mas existe um padrão chamado JCUKEN, feito para o alfabeto cirílico, usado em línguas como o russo.
O JKUCEN. Entendeu alguma coisa?
E o que são as teclas F1 ou F2? A letra significa “function”, e elas são usadas para fazer ações personalizadas de acordo com o programa aberto. Elas existem desde 1965 e antes eram 13, mas com o IBM Model M viraram 12 e ganharam a posição clássica acima da linha numérica horizontal. Alguns modelos podem ter até o F24.
A barra de espaço é grande desse jeito para ser facilmente acessada, inclusive pelos polegares. Em modelos mais jurássicos, ela ficava em uma linha horizontal só pra ela, mas foi reacomodada.
E o idioma também influencia a posição das teclas. Especialmente acentos e caracteres especiais são trocados ou até adicionados para terem acesso mais fácil. O espanhol, por exemplo, possui uma tecla para aquele "n com til" (o "ñ"), que é muito usado na língua.
Esse é o "Caps Lock manual" com a caixas-altas e a caixas-baixas
Mas e o Caps Lock? Bom, caixa-alta e caixa-baixa são termos das prensas manuais. O tipógrafo, que organizava as letras na hora de imprimir em papel, colocava os moldes com as letras maiúsculas em uma caixa no alto, enquanto as minúsculas ficavam na de baixo. Em alguns modelos de PC, só existia a "Shift Key", mas ela alterava todas as teclas, e não só as letras. A trava como conhecemos hoje veio em 1970.
E existem também alguns teclados com uma tecla "Turbo". Não, ela não deixa o seu periférico superpoderoso, mas acelera a repetição na tela de uma tecla pressionada. E aí, qual você acha que vai ser a próxima inovação tecnológica dos teclados? Qual é o seu favorito?
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