Você conhece o post-it, aquele bloquinho com papéis amarelos adesivos que muita gente cola na mesa de trabalho ou no monitor do computador. Pode ser uma forma bem eficiente de organização, mas vamos falar sério: anotações se acumulam com o tempo e não é nada conveniente ter informações importantes disponíveis apenas em uma cópia física.
Entra em cena o Trello, serviço criado em 2011 pela Fog Greek Software. Como muitas histórias de sucesso do mercado americano de tecnologia, ele foi apresentado ao mundo no evento TechCrunch Disrupt e logo chamou a atenção da imprensa especializada e de investidores.
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O Trello quer ser bem mais do que apenas isso. Ele quer ajudar você a ser mais organizado.
O Trello cresceu e virou uma empresa independente com um serviço usado por companhias e organizações de todas as áreas. Descrevendo de forma simplista, ele é uma série de listas com cartões que suportam imagens, comentários, links e tudo o mais que se espera da internet atual. Mas o Trello quer ser bem mais do que apenas isso. Ele quer ajudar você a ser mais organizado.
JD Peterson é chefe de marketing do Trello
“Todas essas palavras que você usou são muito importantes para nós. Nós achamos que o principal objetivo do Trello é a colaboração. Você pode usar o Trello por conta própria – eu uso, coloco minhas tarefas do dia e todo tipo de coisa no Trello – mas quando realmente vemos o poder e o futuro do Trello é na hora de unir as pessoas. Dar às pessoas uma maneira de ficar organizado entre várias equipes e grupos diferentes.”
Esta fala é de JD Peterson, chefe de marketing do Trello. Ele está vindo ao Brasil para participar de uma série de palestras e eventos de tecnologia e tem a missão de expandir a base de usuários do aplicativo, principalmente em outros países. Antes disso, ele sentou para bater um papo com o TecMundo.
TecMundo: Como você explica o que é o Trello para uma pessoa que nunca ouviu falar no serviço?
JD Peterson: O Trello é uma ferramenta de colaboração usada por milhões de pessoas para se organizarem na vida e no trabalho.Ele é ótimo para unir as pessoas e colocar todo mundo na mesma página, não importa que tipo de trabalho você faça, desde um trabalho empresarial complicado a coisas simples da vida. De certo modo, ele é inspirado nos post-its, que as pessoas colocam em um quadro para visualizar melhor as ideias. É como aquilo.
TecMundo: É como se vocês quisessem digitalizar os post-its e torná-los acessíveis para todas as pessoas de uma empresa ou organização ao mesmo tempo?
JD Peterson: É isso mesmo. O problema dos post-its é que você não pode compartilhá-los com várias pessoas ou levá-los para casa, acessá-los no seu celular, nada disso. Muito do que nós queremos fazer é trazer essa experiência para um ambiente digital. Transformá-la em algo que funcione em qualquer dispositivo e possa ser compartilhada com várias pessoas. Isso torna tudo bem mais colaborativo.
Particularidades do mercado brasileiro
TecMundo: Sobre o Brasil, está correto afirmar que nós fomos o primeiro país a receber uma versão customizada do Trello?
JD Peterson: O Brasil foi o primeiro país no qual nós decidimos investir e fazer um lançamento oficial. Eu não sei dizer de onde era o primeiro usuário do Trello fora dos Estados Unidos, mas nós com certeza tivemos um momento bom no Brasil logo no início e ano passado, em 2015, decidimos lançar o serviço oficialmente no Brasil, o primeiro país fora dos Estados Unidos onde fizemos isso.
TecMundo: Poderia ser qualquer país. Por que vir especificamente para o Brasil?
Sem nenhum esforço por parte da equipe de marketing, o Brasil já era um dos maiores países da nossa base.
JD Peterson: É uma ótima pergunta. Com certeza não foi só por querer ir para as praias e se divertir. Nós começamos a olhar para todos os países e a tentar fazer a decisão estratégica de saber para onde ir.
Olhamos basicamente para dois fatores e o primeiro era o potencial. Queríamos ir para lugares com uma economia forte e crescente, com boa taxa de adoção de tecnologia, onde o nosso produto se encaixaria bem. Então, primeiro era o potencial e o Brasil estava muito bem posicionado na nossa lista.
O segundo ponto é que o Brasil tinha um bom número de usuários orgânicos. Sem nenhum esforço por parte da equipe de marketing, o Brasil já era um dos maiores países da nossa base. Nós já tínhamos mais de 350 mil usuários no Brasil antes mesmo de lançarmos o serviço por aí. Acho que, na época, era a maior base fora dos Estados Unidos. Foi por isso que tomamos a decisão: “Vamos investir no Brasil a aumentar nossa presença por lá.”
Sobre o modo offline, a nossa sede fica em Nova Iorque e até mesmo para algumas das pessoas que trabalham lá [a conexão] era um problema
TecMundo: Ainda falando do Brasil, como você acha que as novas ferramentas do Trello podem ajudar os brasileiros que usam o serviço, especialmente no caso do modo offline? Você já deve saber que a internet brasileira não é muito boa, principalmente fora das grandes cidades.
JD Peterson: Nós estamos muito animados com o potencial dessa ferramenta para os usuários. Sobre o modo offline, a nossa sede fica em Nova Iorque e até mesmo para algumas das pessoas que trabalham lá isso era um problema, porque eles entravam no metrô e perdiam o acesso.
Especificamente no Brasil, nós ouvimos bastante isso dos nossos usuários. Em algumas áreas o WiFi nem sempre está disponível, então isso se tornou algo importante. As pessoas querem poder trabalhar no Trello sem perder nada, mesmo quando estão viajando ou em um local mais remoto. O Brasil foi um dos mercados onde tivemos alguns dos primeiros usuários beta nos ajudando a melhorar a ferramenta.
TecMundo: Quais as maiores dificuldades ao levar o serviço para outros países?
JD Peterson: Precisa começar com um serviço que pessoas de culturas e lugares diferentes entendam com facilidade. Mas nós também decidimos que era preciso localizar o produto, tanto a interface como o marketing. Acabamos traduzindo tudo para 18 línguas diferentes e isso exige muito esforço. Temos pessoas que falam português na equipe, mas esse não é o caso para todos os idiomas, então a comunidade nos ajuda muito nesse ponto.
TecMundo: Ainda existe muita gente, em algumas empresas e organizações, pouco interessadas em usar ferramentas novas, como o Trello ou o Slack, no trabalho. Como vocês tentam convencer essas pessoas a dar uma chance para o serviço?
JD Peterson: Tem uma transformação digital gigante acontecendo em todo o mundo. Estamos vendo cada vez mais pessoas ficando online e usando mais os celulares. As plataformas móveis foram muito importantes para a gente desde o início. No Brasil, por exemplo, o aplicativo do Trello foi baixado mais de 300 mil vezes.
Agora, sempre terão as pessoas um pouco atrasadas quando o assunto é tecnologia ou a adoção de novas maneiras de trabalhar. É um grupo difícil de convencer, mas o que podemos fazer é esperar que elas vejam como os seus colegas de trabalho que estão usando o Trello são mais produtivos, têm mais tempo livre e melhoram a qualidade de vida, já que eles são mais organizados. É isso o que nós esperamos.
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