(Fonte da imagem: Reprodução/NotebookCheck)
Recebemos muitos emails de leitores com dúvidas sobre tecnologia e, em meio a tantos, de vez em quando nos deparamos com assuntos que não abordamos recentemente.
É o caso da mensagem que o Leandro S. Maciel nos enviou. Em seu email, ele nos questionou sobre o poder de processamento dos atuais chips que equipam nossos smartphones.
“Uma CPU Snapdragon quad-core com clock de 2,3 GHz pode ser comparada a uma Intel Q8200 que trabalha na mesma frequência?”
Há pouco mais de dois anos, fizemos uma matéria comparando as duas arquiteturas, mostrando as vantagens e desvantagens de cada uma. Entretanto, de lá pra cá, muita coisa mudou nos componentes que equipam nossos smartphones (e gadgets semelhantes) e, claro, também em nossos computadores. Será que a ARM já é equiparável à x86?
Diferenças de arquitetura
A primeira coisa que devemos colocar em pauta é a arquitetura. É complicado comparar duas coisas completamente diferentes, pois uma não pode substituir a outra. Os processadores x86 não rodam o mesmo sistema operacional que os ARM e vice-versa. Até existem softwares similares, mas eles nunca usam os mesmos recursos, tampouco têm a mesma finalidade.
Quer exemplos? Vamos pensar no Windows 8 Pro e no Windows 8 RT. Aparentemente, eles são idênticos, mas as estruturas são bem diferentes. O primeiro é compatível com apps da loja e softwares especialmente voltados para desktop (possível apenas com um chip x86), além de poder gerenciar uma rede e assim por diante. O segundo é voltado apenas para apps básicos.
(Fonte da imagem: Reprodução/ABC)
Pense no Photoshop. A versão completa para desktops possibilita o uso de uma infinidade de filtros, recursos, plugins, ferramentas 3D e assim por diante. O app dedicado para tablets é restrito em todos esses aspectos.
Não se trata da incompatibilidade com periféricos (o Photoshop é mais bem aproveitado com mouse ou um tablet para desenhos), mas sim de todas as limitações que existem no próprio processador. Menor quantidade de memória cache, gerenciamento de funções simplificado e outros aspectos inviabilizam essa comparação direta.
Numericamente falando
Colocando o processador ARM mais avançado do momento para combater com um chip x86 com as mesmas características, podemos ver que já não há muito o que discutir — a briga até perde a graça se colocarmos os processadores x86 mais poderosos no ringue. Veja uma comparação rápida:
- Processador: Qualcomm Snapdragon 800
- Arquitetura: ARM
- Tecnologia: 28 nm
- Núcleos: 4
- Cache L2: 2 MB
- Frequência: 2,3 GHz
- Chip gráfico: Adreno 330
- Poder da GPU: 129,6 GFLOPS
(Fonte da imagem: Reprodução/Qualcomm)
- Processador: AMD A8-3800M
- Arquitetura: x86
- Tecnologia: 32 nm
- Núcleos: 4
- Cache L2: 4 MB
- Frequência: 2,4 GHz
- Chip gráfico: Radeon HD 6550D
- Poder da GPU: 480 GFLOPS
(Fonte da imagem: Reprodução/Softpedia)
Apenas frisando novamente que esta comparação não faz muito sentido, mas, apenas por curiosidade, observe a quantidade de operações que a GPU do processador AMD é capaz de realizar. Basicamente, este chip gráfico é três vezes mais poderoso, mesmo sendo de dois anos atrás.
Números reais
Aproveitando o teste que o site alemão NotebookCheck realizou, vamos conferir como algumas CPUs de gadgets portáteis e de notebooks se saem em testes semelhantes. Abaixo, as CPUs comparadas pelo portal internacional:
- AMD A4-5000
- Intel Atom Z2760
- NVIDIA Tegra 4
- Qualcomm Snapdragon 600
- NVIDIA Tegra 3
- Mediatek MT8125
- Qualcomm Snapdragon S3 (MSM8260)
Algumas já são antigas, portanto vale dar ênfase aos processadores: AMD A4-5000, Intel Atom Z2760, NVIDIA Tegra 4 e Qualcomm Snapdragon 600. Confira alguns resultados:
Ampliar (Fonte da imagem: Reprodução/NotebookCheck)
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Ampliar (Fonte da imagem: Reprodução/NotebookCheck)
Ampliar (Fonte da imagem: Reprodução/NotebookCheck)
Como você pôde ver, os chips ARM não são fracos, mas somente em um ou outro quadro o NVIDIA Tegra 4 leva vantagem sobre um processador para notebooks (caso do AMD A4-5000). É bom notar que esse processador AMD tem TDP de apenas 15 watts e opera na frequência de 1,5 GHz (abaixo do concorrente mais potente com arquitetura ARM).
Evoluções dos dois lados
Bom, no fim das contas, concluímos que esses chips até podem ser comparados, mas que os chips ARM ainda continuam sendo bem inferiores aos concorrentes x86. Se pensarmos em verdadeiros processadores para desktops (caso dos Intel Core i7), a briga fica sem graça, pois o poder de um chip x86 vai muito além das capacidades dos componentes para portáteis.
Claro, sabemos que cada um tem um foco completamente diferente e que os processadores ARM possuem uma série de vantagens: consomem pouquíssima energia, esquentam muito pouco, são menores e mais baratos e cabem no bolso.
(Fonte da imagem: Reprodução/Xbitlabs)
A parte interessante desse tipo de comparação é ver que o ritmo de evolução dos produtos ARM e x86 está impressionante. Quem sabe, em dois ou três anos, teremos chips nos tablets e celulares que já alcançam o desempenho de alguns componentes de desktop ou, com o avanço dos chips x86, poderemos ver mais CPUs AMD e Intel em tablets e smartphones. O mercado tecnológico e muito imprevisível e pode nos surpreender. Vamos acompanhar!
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