(Fonte da imagem: Reprodução/Amazon)
O autor de ficção científica Isaac Asimov esteve presente na feira mundial de novidades tecnológicas realizada em 1964 na cidade de Nova York, e, pouco impressionado pelo que viu na exibição, tentou imaginar um futuro mais criativo para a humanidade.
No artigo “Visit to the World`s Fair of 2014”, publicado no dia 16 de agosto de 1964 pelo jornal The New York Times, Asimov fez previsões de como o mundo poderia ser em 50 anos, de acordo com os avanços da tecnologia. Com a chegada do ano de 2014, podemos ver que a visão do autor foi incrivelmente correta, e muito do que ele imaginou se tornou realidade.
Analisar as previsões com o conhecimento que temos hoje pode parecer simples, considerando tantos aparatos e criações tecnológicas que fazem parte do nosso dia a dia. Porém, tendo em vista os 50 anos que separam as propostas de Asimov da nossa realidade, é surpreendente perceber como ele foi capaz de antever com precisão a evolução do mundo moderno.
Residências inteligentes
Asimov imaginou residências inteligentes com paredes feitas de painéis luminosos, capazes de acenderem, mudarem de cor e até mesmo filtrar a intensidade dos raios solares que atravessam as construções. A possibilidade de polarizar a iluminação e de reaproveitar a energia solar é de fato uma realidade, ainda que não nas mesmas condições.
(Fonte da imagem: Reprodução/Dvice)
Hoje, a tecnologia para criar paredes luminosas já existe. Há modelos de painéis de tecido com aplicação de fontes em LED e também criações utilizando materiais em grafeno – recursos que ainda não vemos comercialmente, mas que em breve podem equipar casas e residências. A iluminação tradicional, de lâmpadas e interruptores, parece estar sendo mesmo ultrapassada e, conforme Asimov também previu, sistemas inteligentes por toques e comandos são cada vez mais utilizados.
Cozinha e alimentos
O autor acreditava que aparelhos utilitários continuam a livrar a humanidade de trabalhos tediosos, e uma de suas previsões mais acertadas era na transformação da cozinha e da indústria de alimentos com novas formas de preparar comida.
Ele entendia que as cozinhas estariam equipadas com todo tipo de equipamento que automatizariam o preparo de refeições. Máquinas esquentariam água e a transformariam em café, fariam torradas na hora, ajudariam a fazer ovos e a grelhar bacon no café da manhã – itens que já conhecemos como parte da nossa rotina.
(Fonte da imagem: Reprodução/Cosmics Coffee)
Asimov entendia também que a necessidade de refeições individuais levaria a indústria a criar comidas semipreparadas que poderiam ser estocadas congeladas em um freezer. Além disso, utilitários inteligentes possibilitariam programar o preparo de pratos com horas de antecedência.
Robôs para limpeza
Talvez inspirado pelo desenho dos Jetsons, Asimov previa a existência de empregadas domésticas robóticas, “grandes, largas, desajeitadas e lentas, mas capazes de realizar a limpeza geral, coletar e organizar objetos e manipular diversos aparelhos”, descrição bastante similar à Rosie da obra de Hanna-Barbera.
(Fonte da imagem: Reprodução/Hanna-Barbera)
Apesar de figuras robóticas desse porte ainda não serem uma realidade, temos o equipamento Roomba, que é capaz de limpar o chão de forma automática. Asimov dizia ainda que robôs “não seriam nem comuns nem bons em 2014, mas já existiriam” — e nisso ele não poderia estar mais correto!
Energia e eletricidade
O escritor imaginou corretamente que dispositivos pessoais dispensariam o uso de cabos elétricos para seu funcionamento, antevendo a utilização de baterias recarregáveis (e que deveriam ser recolhidas pelos fabricantes ao fim de suas vidas úteis!) como fontes de energia.
Porém, Asimov teve menos sorte ao entender que a geração elétrica do futuro seria prioritariamente por fissão nuclear. Conforme sabemos, o desastre em Fukushima mudou radicalmente a opinião pública e vem desestimulando a produção energética por esses meios.
(Fonte da imagem: Reprodução/New Wave Energy)
Em contrapartida, o autor previu o crescente reaproveitamento da energia solar, o que é a nossa realidade atual. Asimov dizia que estações solares seriam montadas no deserto e que, em áreas urbanas, populosas ou de muitas nuvens, haveria modelos de captação de energia no espaço. Um projeto em financiamento da New Wave Energy quer fazer exatamente isso, usando drones para levar painéis solares a grandes altitudes.
Veículos e transporte
Asimov imaginava que os veículos do futuro evitariam o contato direto com o solo, apesar de não dizer exatamente que veríamos carros voadores em 2014. Talvez o que o escritor previa era algo similar ao Hyperloop desenvolvido por Elon Musk.
(Fonte da imagem: Reprodução/Tesla via Tecmundo)
O escritor acreditava que estradas e pontes seriam cada vez menos utilizadas, e que os carros poderiam se locomover até mesmo por cima de rios e riachos. Isso minimizaria os problemas de pavimentação, apesar de não ser uma solução definitiva para o congestionado tráfego de veículos, tendo em vista o crescente número populacional.
Mais interessante, porém, é a visão que o autor teve a respeito da automatização dos carros com sistemas inteligentes muito similares aos que vemos surgir nos dias de hoje. Ele descreve veículos que seriam conduzidos por computadores, apenas informando o destino desejado. Na perspectiva de Asimov, carros conseguiram perceber objetos ao seu redor e evitar colisões.
Comunicação e exploração espacial
A previsão mais acertada de Asimov para o ano de 2014 é, sem dúvida, sobre as aplicações do telefone. O escritor acreditava que o aparelho serviria não apenas para realizar chamadas de voz, como também seria capaz de fazer transmissões com imagens.
O escritor disse ainda em seu artigo que as telas dos telefones seriam utilizadas também para acessar documentos, ver fotos e ler livros, e que satélites espaciais permitiriam a ligação instantânea a qualquer ponto do planeta. A rigor, tudo isso se tornou realidade, apesar da qualidade ruim de sinal das nossas operadoras no Brasil, não é mesmo?
(Fonte da imagem: Reprodução/NASA)
Dando um passo a mais na capacidade de uso de satélites espaciais, Asimov pensou ser possível a comunicação direta com colônias na Lua através de emissões a laser. Ok, a colonização está muito distante da nossa realidade e não parece nem ser algo almejado pela humanidade, mas a NASA tem de fato um projeto de transmissão comunicacional no espaço com essa tecnologia!
Televisores e projetores 3D
Asimov imaginou corretamente também a substituição dos modelos de televisão de tubo por telas planas acopladas na parede. O escritor acreditava ainda que projetores 3D exibiriam cenas em tamanho real diante do público em uma feira de tecnologias do ano de 2014.
(Fonte da imagem: Reprodução/3D Focus)
A existência de telas 3D e da popularização do formato em salas de cinema e em equipamentos residenciais é a prova de que o autor não estava errado. A diferença é que as imagens tridimensionais que assistimos ainda estão relacionadas às telas, e não são projeções que podem ser vistas de qualquer ângulo, no meio da sala, com volume e forma, como previa Asimov.
Como podemos ver, a quantidade de acertos de Asimov em 1964 para a tecnologia existente neste ano de 2014 é incrivelmente alta, mesmo com 50 anos de distância. Considerando todas as limitações da época e quantas coisas ainda não existiam naquele período, só podemos considerar o escritor um verdadeiro visionário.
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