É comum vermos tecnologias revolucionárias e futuristas em filmes e séries. Inclusive, nós já fizemos artigos mostrando alguns aparatos que surgiram nas telonas do cinema e foram criados no mundo real ou estão no caminho de se tornar realidade – como nos casos de “Caprica”, “O Demolidor” e “Eu, robô”.
Contudo, muitos anos antes das produções cinematográficas ganharem popularidade, os escritores de até dois séculos passados já exploravam a criatividade para estipular previsões de tecnologias do futuro. Neste artigo, nós selecionamos alguns dos autores mais conhecidos e renomados de todos os tempos e algumas de suas respectivas visões tecnológicas.
Isaac Asimov
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Considerado um dos três maiores escritores de ficção científica, Isaac Asimov era um especialista em bolar novos aparelhos que pudessem tornar nossas vidas mais práticas. Ainda em vida, o escritor e bioquímico nascido na Rússia em 1920, mas que se naturalizou estadunidense, era visto como um homem que estava à frente de sua época.
Entre as suas obras, Asimov descreveu computadores com dimensões gigantescas no seu conto “A última pergunta”. Nesse texto, o escritor imagina um PC chamado Multivac que foi sendo desenvolvido ininterruptamente até que atingisse proporções planetárias e com características de transcendiam os componentes de hardware e alcançavam a plena forma de energia pura no ano de 2061.
Embora ele estivesse “errado” sobre a evolução das máquinas em sua predição, não podemos condená-lo, já que os primeiros PCs eram imensos – chegando a ocupar salas inteiras. Assim, o raciocínio na época era que, para ficarem mais potentes, os computadores precisariam aumentar de tamanho.
Isaac Asimov também ficou muito conhecido por criar as chamadas Leis da Robótica em seu livro “Eu, robô” – o qual mais tarde deu origem ao filme estrelado por Will Smith. As diretrizes são:
- Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal;
- Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei; e
- Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Leis.
H.G. Wells
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Em “A Máquina do Tempo”, que teve sua primeira edição lançada em 1895, o escritor inglês H.G. Wells aborda a história de um homem, conhecido apenas como O Viajante do Tempo, que usa conceitos matemáticos e físicos para criar uma máquina capaz de se locomover pelo o que ele chama de “Quarta Dimensão”.
Apesar de esse não ser o primeiro relato de uma máquina que pode realizar viagens temporais, essa obra é até hoje lembrada como a primeira menção de uma tecnologia do gênero. Se por um lado, por enquanto, a previsão de Wells não se concretizou, o autor conseguiu vislumbrar as cidades cheias de arranha-céus – construções jamais vistas naquele período.
Dando uma breve escapulida do mundo tecnológico, é importante salientar que H.G. Wells também fez suas previsões políticas e sociais. Em uma delas, ele supôs grandes e duradouros confrontos entre os países europeus – fato que nós conhecemos como as Guerras Mundiais. O seu único equívoco está na data em que esses conflitos aconteceriam: 1966.
Arthur C. Clarke
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A tendência dos video games nos últimos anos é de consoles com suporte para sensores de movimento, e o próximo passo para muitos especialistas da área é a adoção da realidade aumentada para incrementar a nossa interação com esse tipo de tecnologia.
Saiba você que esse tipo de equipamento foi pensado em 1956 por Arthur C. Clarke no seu livro “A Cidade e as Estrelas”. O enredo dessa obra acontece em um futuro longínquo e é desenrolado por um jovem de Diaspar, a última cidade habitada por humanos. Esse local está em um deserto, completamente cercado por muros e controlado por máquinas.
Em algumas de suas passagens, o texto revela um aparelho com o qual os moradores de Diaspar são capazes de vivenciar uma experiência de vida paralela, como se estivessem assumindo o papel de um personagem dentro de um jogo ou filme. Tal dispositivo era usado para o entretenimento da população.
Clarke também teve participação na criação do longa-metragem “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de 1968, no qual alguns dos personagens seguram aparelhos portáteis em suas mãos para ler notícias. Hoje, fazemos algo muito parecido com os e-readers e os tablets.
Aldous Huxley
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Aldous Huxley foi um escritor britânico admirado entre as décadas de 20 e 60. A sua morte, que ocorreu no dia 22 de novembro de 1963, foi ofuscada pelo assassinato de John F. Kennedy, então presidente dos EUA. Todavia, as suas previsões do futuro ainda são motivo de muita controvérsia.
No livro “Admirável Mundo Novo”, aquele que talvez seja o seu maior clássico, o escritor descreve uma sociedade na qual as pessoas têm os seus códigos genéticos manipulados. Dessa forma, a humanidade é pré-condicionada biologicamente e psicologicamente para que viva em plena harmonia com as leis e as regras sociais.
Embora a ideia levantada por Huxley possa parecer absurda para algumas pessoas, já existem laboratórios e clínicas de fertilidade que consegue realizar uma seleção dos traços que determinam a cor dos olhos e dos cabelos e uma varredura que busca doenças genéticas sérias em fetos. E essa não é a única situação relatada pela ficção científica que está se tornando realidade.
Júlio Verne
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O escritor francês Júlio Verne é considerado por diversos críticos literários como o precursor da ficção científica, tendo algumas das obras mais traduzidas até hoje. Tal notoriedade não veio ao acaso. O autor possui uma infinidade de predições tecnológicas que muitos anos depois vieram a ser colocadas em prática – não exatamente como ele havia pensado, é claro.
Uma das tecnologias vislumbradas por Verne foi o submarino, que apareceu no seu livro “Vinte Mil Léguas Submarinas”, publicado em 1870 – época em que navegar pelos oceanos só era possível com barcos a vela ou a vapor. Algumas pequenas incursões abaixo do nível do mar já haviam sido feitas com equipamentos arcaicos, mas toda elas sem sucesso.
O Náutilus, como foi batizado o meio de transporte subaquático na obra, funcionava apenas com energia elétrica e era completamente autônomo em relação aos meios terrestres. O capitão Nemo e toda a sua tripulação utilizam apenas os recursos oferecidos pelo mar para sobreviver – inclusive para gerar a eletricidade necessária para manter o submarino em funcionamento.
O que mais impressiona nessa história é que Verne acerta inclusive o uso do ar em compartimentos específicos para controle da submersão e imersão e outros aparatos usados pelos tripulantes – como baterias recarregáveis, armas que usam o ar comprimido para disparar arpões e até sistemas de purificação do ar.
A obra foi tão inspiradora para os cientistas que o primeiro submarino nuclear foi batizado de USS-Nautilus. E isso não foi tudo o que Júlio Verne previu: ele ainda aborda máquinas voadoras e viagens à Lua.
(Fonte da imagem: Reprodução/iStock)
Outra passagem de extrema relevância apontada pelo livro “Paris no século XX” é a presença de algo parecido com a internet. Note que a obra foi escrita em 1863, embora tenha sido publicada apenas em 1989, após ter sido encontrada por um bisneto do escritor francês.
Nesse romance, Verne fala sobre uma espécie de sistema de telégrafos interligados por todo o planeta. Essa rede telegráfica cobriria toda a superfície terrestre e poderia até passar pelo fundo do mar. Décadas mais tarde, viríamos a conhecer uma rede capaz de compartilhar informações sem limites geográficos e que precisaria ter sua infraestrutura cruzando oceanos.
Leitura complementar
Obviamente, essas não são as únicas tecnologias que a ficção científica previu. Existe uma série de outros inventos que foram inspirados em livros, filmes e séries, como você pode conferir nos nossos artigos listados abaixo:
- As previsões mais inacreditáveis para 2030
- 9 tecnologias inspiradas pela ficção científica
- 5 situações da ficção científica que estão se tornando realidade
- As 10 previsões tecnológicas mais furadas dos últimos 10 anos
- Previsões mirabolantes: o que o passado acertou e errou sobre o presente da tecnologia
Ilustração: Nick Mancini | Design: Homero Meyer
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