Com a chegada de novas tecnologias, as fabricantes de placas de vídeo produzem modelos cada vez mais robustos e prontos para suportar os games mais recentes com gráficos impressionantes.
Entretanto, as placas de vídeo disponíveis para o consumidor contam com uma série de limitações para garantir o bom funcionamento dentro de temperaturas aceitáveis e parâmetros que possibilitem resultados de qualidade sem causar possíveis danos ao hardware.
Acontece que nem sempre o desempenho apresentado pela placa de vídeo satisfaz os gamers. Não é por acaso que muitos jogadores apelam para o famoso overclocking. Usando programas de computador, o usuário pode aumentar a performance sem ter grandes dificuldades e obter ganhos significativos na taxa de frames dos jogos.
Esse tipo de procedimento é comum e costuma funcionar bem para boa parcela dos jogadores, ainda que exija certo controle para evitar problemas com o calor excessivo decorrente do aumento da frequência de funcionamento do chip gráfico. No entanto, há uma forma de aumentar ainda mais o desempenho e chegar a números surpreendentes.
Com alterações físicas na placa de vídeo, você pode desbloquear todo o poder do chip gráfico, chegando a números impressionantes e inalcançáveis pelos métodos comuns de overclocking. Essas placas desbloqueadas são chamadas de zombie, que, conforme o nome sugere, são modelos completamente alterados e parecem verdadeiros mortos-vivos.
Aproveitando as dicas e a experiência do nosso amigo Ronaldo Buassali, que vocês já conhecem do TecLab, nós vamos mostrar o passo a passo de montagem de uma placa dessas, explicando tudo em detalhes. Alertamos de antemão que não recomendamos a construção desse tipo de placa para leigos, já que é um procedimento muito arriscado.
O que é uma placa zombie?
Uma placa de vídeo é composto por vários componentes. De forma bem resumida, podemos dizer que os principais itens são o chip gráfico, a memória de vídeo e o sistema de alimentação. A placa zombie é basicamente uma placa comum com um novo sistema de alimentação, que pode ter seus parâmetros de funcionamento totalmente modificados.
Geralmente, as placas zombies são usadas para quebrar recordes de desempenho em benchmarks e jogos. Graças ao desbloqueio no fornecimento de energia, o jogador pode entregar mais potência ao processador gráfico, que acaba processando mais informações e resultando em ganhos significativos de performance.
Para montar uma zombie, é necessário realizar uma série de alterações no hardware. Sendo assim, tudo começa com a remoção do dissipador e do cooler que ficam em cima dos componentes de hardware.
Vale já adiantar que, considerando os propósitos de quebra de recorde, não há como refrigerar uma placa zombie com um sistema de refrigeração comum. Ainda que coolers comuns (air ou water) possam ser usados no uso rotineiro nestas placas, não podemos garantir que uma ventoinha será capaz de manter a temperatura baixa quando a placa zombie é usada em extremo overclocking.
Usando uma chave philips, é possível remover os parafusos que estão na parte de baixo da placa e retirar todo o dissipador. Na parte de trás, basta retirar os pinos que prendem os conectores a chapinha de metal.
Uma vez feito isso, você poderá ver os componentes eletrônicos da placa de vídeo. A placa zombie será montada a partir desta placa, sendo que vamos adicionar o novo setor de alimentação na parte oposta aos conectores. Antes de partirmos para o passo a passo, vale conhecermos um pouco das peças que compõem a placa de vídeo.
Por dentro da placa
Muito bem, o primeiro setor que você deve conhecer é o PLL ou Phase-Locked Loop. Ele serve para gerar um sinal de saída. Geralmente, ele tem um oscilador de frequência e um detector de fase.
Próximo ao PLL, nós temos os indutores e capacitores da memória, que, conforme você pode imaginar, servem para controlar a energia da memória de vídeo. Ao lado desses itens, ficam as fases de alimentação da GPU junto com os capacitores do chip gráfico.
Todos esses elementos servem pra alterar e monitorar as tensões de funcionamento. Conforme relata Ronaldo Buassali, mudar as tensões do PLL não dá grande diferença nos jogos, sendo este elemento importante para o controle térmico.
Entretanto, uma alteração de voltagem na memória ou na GPU pode dar bons resultados, ainda que o ajuste no chip gráfico seja complicado, já que a tensão aqui oscila muito. Aliás, é válido salientar que o overclocker tem controle total sobre as tensões, podendo até voltar a voltagem para o padrão — situação em que a pessoa pode até usar um cooler comum.
Aproveitando, vale mencionar aqui a importância de verificar as tensões e resistências da placa. Com um multímetro, basta ligar um fio no capacitor e outro no terra, para identificar a voltagem. Aliás, saber o VID da GPU é importante, porque ele dá o número real da voltagem, que fica variando bastante. Em um software, você tem apenas uma estimativa, mas na prática pode ser bem diferente.
Antes de falarmos no processo de zumbificação, você deve conhecer o Power Limit, que serve pra limitar a tensão da placa e evitar danos ao chip gráfico. Você pode alterar o valor dele na BIOS da placa, mas isso ainda não vai liberar todo o poder da placa. Para conseguir ainda mais desempenho, você precisaria mexer nos resistores shunt, que são resistores de controle.
Passo a passo
Novamente, gostaríamos de salientar que este é um procedimento arriscado, portanto você só deve seguir as informações abaixo se souber exatamente o que está fazendo.
Primeiro, vamos remover os indutores que ficam próximos aos chips de memória. Com o ferro de solda e o estanho, você deve pingar solda em cada extremidade dos indutores. Feito isso, basta aquecer os dois lados que as peças vão se soltar. Depois, com um removedor de solda, você pode retirar o resto de estanho. É nesta região que vamos colocar a nova placa de alimentação.
Com o dremel, vamos aumentar a área de positivo. A raspagem tem que ser feita com muito cuidado, para evitar problemas nas outras camadas do PCB. Usando o álcool isopropílico e uma escovinha, nós removemos a sujeira para continuar o processo.
Agora, vamos alterar os resistores shunt. Ao fazer um curto circuito nesses resistores, você pode até duplicar o valor de Power Limit. O próximo passo é cortar o pino power good do chip do controlador PWM. Esse pino varia de acordo com cada placa, então é preciso pesquisar na folha de dados da placa.
Muitas vezes, pode ser necessário usar um microscópio para realizar este procedimento. No nosso tutorial, nós cortamos a terceira perninha do chip. E, conforme comentamos no começo do artigo, aqui já vale uma pausa para medir as resistências e tensões pra conferir se está dentro da normalidade. Vale comentar que esses valores podem alterar muito por conta da atuação do ferro de solda.
Em todos os pontos que fazemos as leituras de resistência, vamos remover os resistores nesses pontos e ligar fios em todos esses pontos para que mais tarde a gente possa medir as resistências. Agora, vale colocar fita isolante líquida em cima dos fios para que não aconteça um curto circuito.
Com o ferro de solda, vamos estanhar toda a parte debaixo e de cima da nova placa de alimentação. Soldando pequenas partes de placa de cobre, você pode manter a placa de alimentação suspensa. Vamos fazer isso em três regiões para que ela fique bem firme.
Usando outras plaquinhas de cobre, vamos soldar o positivo da placa de alimentação no positivo onde estavam localizados os indutores. Caso a placa ainda esteja balançando muito, vale colocar mais algumas hastes de sustentação.
Agora, temos que passar fita isolante líquida sobre toda a placa (incluindo as memórias), já que tudo vai ser refrigerado com nitrogênio liquido e o contato direto pode danificar as peças. Usando conectores de energia, podemos ligar os fios que deixamos soldados nos pontos de tensão.
Essa placa foi utilizada para quebrar alguns recordes e rodou os games com sobra de desempenho, mesmo usando resolução 4K. Então, o que você achou da placa zombie que o Ronaldo Buassali e o Jackson Schenkel montaram? Bacana, né?
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