Enquanto muitas séries se esforçam para alcançar o sucesso (e há uma avalanche delas saindo por aí), Game of Thrones não transpira uma gota de suor e conta com uma das maiores audiências de todos os tempos em sua categoria. Não à toa, a série, transmitida com exclusividade na HBO, é a mais pirateada do mundo – e há muitas razões para isso.
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Os números de downloads são expressivos: cerca de um milhão em apenas um final de semana e alguns outros milhões nos dias seguintes à estreia. É claro que vivemos numa realidade em que as pessoas baixam e compartilham séries, filmes, jogos e músicas por uma variedade de razões, mas as mais notáveis são inegáveis: dinheiro e facilidade de uso. O primeiro motivo responde por si só e diz respeito à não condição financeira de alguém assinar um canal caro como a HBO. O segundo motivo é a facilidade no compartilhamento de arquivos das mais diversas naturezas através dos torrents.
HBO: assistir a Game of Thrones legalmente é caro, bem caro
A principal razão pela qual Game of Thrones é pirateado certamente se resume à maneira como a série pode ser acompanhada: HBO. O canal geralmente está incluso nos pacotes de assinatura mais caros das empresas de TV a cabo – e isso não ocorre somente no Brasil não. A única forma é pagar o pacote do canal ou esperar o lançamento em DVD e Blu-ray (ou, ainda, um milagre em serviços como Netflix, Hulu ou Amazon Prime).
Nos Estados Unidos, por exemplo, a assinatura do canal sai entre US$ 15 e US$ 25, dependendo do pacote. Isso dá, em média, US$ 5 por cada episódio de Game of Thrones. Aqui no Brasil, os pacotes de operadoras de televisão fechada como NET, Sky e Vivo TV estão sempre entre os mais caros com HBO, passando dos R$ 100 a R$ 200 mensais (incluindo outros canais, naturalmente). Sem falar que geralmente há um vínculo contratual com as operadoras: se o cliente decidir cancelar o serviço antes do término do contrato, ele está sujeito a pagar uma multa salgada.
Na Austrália, a situação é ainda pior: o pacote mais barato com a HBO custa a bagatela de US$ 70 mensais e pede um contrato mínimo de seis meses. No Reino Unido, a mensalidade sai por cerca de US$ 35 (valor convertido em dólares), ao passo que o canal no Canadá cobra US$ 18 mensais. Isso tudo, vale ressaltar, em pacotes baratos.
À luz desse cenário, é natural que os telespectadores e fãs busquem outros meios para assistir à série. Por mais que os pacotes incluam outros canais, o consumo de mídia passou por grandes transformações nos últimos tempos, e nem todos querem esses canais adicionais – apenas aquele que transmite sua série favorita.
Estar “preso” a um pacote desagrada muito, e é aí que entra o quesito “facilidade de compartilhamento” da pirataria, em que Game of Thrones bombou como o conteúdo mais baixado na internet nas últimas semanas. Se a HBO ao menos disponibilizasse os episódios avulsamente por preços à parte, o painel teria outro desenho e a pirataria certamente seria posta em xeque, mas a realidade é que os usuários baixam torrents e, sem esforço algum, compartilham os mesmos arquivos aos milhões. Por mais que muitos possam interpretar isso negativamente – afinal de contas, é pirataria, oras –, é o que acontece, e não é algo exclusivo do Brasil.
A grande questão é: a HBO sabe disso. Os produtores, escritores, atores e outros membros da produção sabem disso. E nada é feito a respeito. Enquanto o canal estiver tendo lucros exorbitantes (foram US$ 5 bilhões só em 2013), as metas não serão um problema – e nem a pirataria.
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