(Fonte da imagem: Shuttershock)
É só acompanhar diariamente as notícias no Tecmundo para chegar a esta conclusão: o combate à pirataria está cada vez mais acirrado, com medidas mais pesadas vindas de governos de todo o mundo e até do Google.
Ainda assim, não está tão difícil achar material sem os devidos direitos autorais na rede, já que o público sempre encontra um site obscuro ou um aplicativo que consegue o arquivo que você quiser em poucos segundos.
Apesar de esse combate ter se intensificado recentemente, ele já dura bastante tempo e não parece ter fim. O vencedor é igualmente difícil de prever – só que os piratas não parecem perder forças em nenhum momento. Mas será que isso vai durar para sempre?
Pressão não falta
O Google está até mexendo nos resultados para que conteúdos piratas sejam encontrados com dificuldade. O Megaupload foi fechado, o Demonoid também. O YouTube implica cada vez mais com o uso de trilhas sonoras em vídeos feitos por fãs. Mas você encontra mesmo tanta dificuldade assim para achar filmes, músicas e outros conteúdos desse tipo na internet?
Essa busca agora pode levar uns minutos a mais, mas ainda é muito simples. Ou seja: as formas atuais de combate à pirataria são extremamente ineficientes. Um site de torrent ou compartilhamento de arquivos é fechado, mas surgem meia dúzia de novos e os concorrentes continuam a todo vapor – o próprio e todo-poderoso Megaupload era peixe pequeno na área.
É isso aí: sites de compartilhamento perdem para trocas entre mídias físicas na pirataria. (Fonte da imagem: Reprodução/TorrentFreak)
É preciso levar em conta ainda que muita gente que pratica a pirataria também consome produtos originais, como edições especiais de CDs ou Blu-rays, games, camisetas da banda favorita ou até vai aos shows, que não costumam ser baratos. Com isso, será que o download de uma música é tão ofensivo assim?
Alguns artistas já têm conhecimento disso, lançando álbuns gratuitos ou por valores simbólicos pela internet – o que não impede o sucesso da banda. Já a série “Game of Thrones” é uma das mais pirateadas da atualidade, mas ainda conta com lucros astronômicos. O problema? Elas são exceções na indústria do entretenimento, que ainda combate com todas as forças a disponibilização de discos na internet.
Os piratas do futuro
Se o combate à pirataria continua na mesmice de fechar sites e pedir o apagamento de arquivos, a prática em si está em constante evolução. E, de acordo com o The New York Times, a moda agora é se aproveitar da computação em nuvem.
Explicamos: em vez de baixar e colocar a música no seu MP3, a ideal é fazer streaming de conteúdos de serviços piratas, tudo em tempo real e direto para outros eletrônicos, sem precisar passar pelo PC. É possível até programar downloads para começarem logo quando o episódio sair no site de torrents, por exemplo. Em vez de video on demand, é a pirataria sob demanda.
Pirataria nas nuvens: isso pode ficar fora de controle. (Fonte da imagem: ThinkStock)
E são vários os exemplos de evolução da área na história da internet. Criado na década de 1990, o Napster é o pai do Kazaa veio na onda dos softwares que conectavam pessoas em rede, com a diferença de que nele havia o compartilhamento de músicas.
O programa foi alvo de processos e foi extinto da maneira que conhecíamos, mas hoje baixar um MP3 de seu artista favorito é uma prática tida quase tão natural quanto entrar no Baixaki – e a vitória, mesmo que indiretamente, foi do Napster, que abriu um imenso caminho para pirataria.
Concurso de popularidade
O apoio do povo é essencial para que um projeto dê certo – e aqui a medalha de ouro vai fácil para os praticantes e responsáveis pela pirataria, que conquistam a simpatia de grande parte dos internautas. O motivo é simples: eles fazem parte do próprio público que defendem, conhecem os interesses e direitos dessas pessoas e fazem de tudo para garanti-los.
(Fonte da imagem: Shuttershock)
Do outro lado, o governo tem uma imagem extremamente negativa, é tido como corrupto, um órgão distante da população e gerenciado por pessoas que não compreendem o que o eleitor realmente quer.
Além disso, são eles que fecham o Megaupload e perseguem os donos do Pirate Bay, sites que contam com a simpatia de quem é adepto da pirataria. Mesmo estando do lado da lei, não é fácil fazer com que todo mundo fique do lado de órgãos como a RIAA (Recording Industry Association of America, órgão que vive tirando arquivos do YouTube).
Nocaute?
Não se pode esperar uma vitória total de um desses lados: a internet não vai virar um espaço anárquico e acima da lei, mas o navio desses piratas digitais não será afundado nem em médio prazo.
Mas, quando as estratégias usadas e a situação atual são levadas em conta, a pirataria aplica uma sonora goleada – o que não significa uma vitória, mas sim que ela vai continuar a existir e a incomodar muita gente, já que é uma atividade popular e até lucrativa.
Para quem é contrário a esse tipo de compartilhamento, seja um internauta ou uma gravadora, fica a máxima: talvez a pirataria possa não ser tão ruim, caso você saiba lidar com ela. Porque acabar ela não vai.
Fontes: The New York Times, Torrent Freak