Quem é que nunca abriu um objeto eletrônico qualquer para entender seu funcionamento (relógios de pulso são as vítimas mais frequentes)? Nem todas as invenções tecnológicas do mundo moderno foram criadas a partir de uma grande ideia. Algumas delas surgiram do estudo de outras, e posteriormente se desenvolveram de forma independente do objeto inicial de estudos. A engenharia reversa está cada vez mais se tornando uma importante área de pesquisas para o avanço das tecnologias existentes, pois permite que mesmo aquilo que é protegido por leis de propriedade intelectual seja estudado e melhorado pelos concorrentes.
Apesar de parecer, a engenharia reversa não pode ser considerada uma espécie de cópia, pois se trata apenas do estudo daquilo que foi criado. A cópia é somente uma das consequências possíveis do estudo de um produto ou ideia. A engenharia reversa também pode nos ajudar a entender o funcionamento de algo, para desenvolver o objeto de estudo, ou mesmo produzir algo completamente novo, a partir dos dados coletados, sem qualquer semelhança com o original. Desde a sua primeira utilização, a engenharia reversa cresceu muito, e hoje possibilita desde o entendimento e melhoria daquilo que se estuda, até a descoberta de segredos industriais e comerciais.
História
Não há um registro inicial de utilização da engenharia reversa, mas sabe-se que quando ela surgiu, suas primeiras aplicações foram em equipamentos militares, para que se alcançasse a superioridade militar, e até mesmo como método de espionagem. A espionagem industrial também encontrou na engenharia reversa um poderoso aliado para a “criação” de equipamentos concorrentes.
Fazendo tudo ao contrário
O nome “engenharia reversa” define muito bem o conceito do que ela faz. Trata-se do estudo de um objeto, seja um processador, um monitor, um programa ou até mesmo um simples relógio, desmontanto-o e analisando suas peças, seus componentes, seus comandos e seu comportamento (no caso de programas). Isso é feito para descobrir como ele foi fabricado, como ele poderia ser melhorado e que outras funções ele poderia realizar.
Explicando de forma fácil e resumida, a engenharia reversa pode ser comparada a uma dissecação do objeto de estudo, como é feito com sapos, minhocas e outros animais em aulas de biologia. Abre-se o objeto estudado, separam-se suas partes e estuda-se sua composição química, construção, formatos de peças e diversos outros itens, com o intuito de descobrir como tudo funciona e como repetir o processo de criação.
Em que ela foi usada?
Foi através da engenharia reversa, por exemplo, que a fabricante de processadores AMD conseguiu fazer uma cópia exata do processador Intel 8080, no ano de 1975 (comentamos isso no artigo sobre os processadores da AMD. A empresa provavelmente comprou alguns processadores da Intel, abriu-os e os estudou detalhadamente, conseguindo criar uma cópia perfeita através de tentativa e erro.
Outro tipo de aplicação é na engenharia de software. Programas proprietários, ou seja, que não possuem seu código aberto, não permitem que você saiba como eles foram programados, para descobrir maneiras de melhorá-los ou mesmo copiá-los. A engenharia reversa tem condições de fazer análises minuciosas sobre o comportamento de programas, para então tentar reconstruí-los, descobrindo assim como eles funcionam internamente.
Independente da área de conhecimento, a engenharia reversa é extremamente útil também para aqueles que desejam tornar programas e equipamentos interoperáveis. Isto é, por exemplo, fazer com que um programa de Windows possa ser rodado em Linux ou Mac, e vice-versa. Logicamente, isso não é feito pelos desenvolvedores proprietários dos programas, já que são eles os criadores e os donos do código-fonte.
Onde eu encontro?
A engenharia reversa está mais próxima do seu dia a dia, do que você poderia imaginar. A pirataria de CDs e DVDs, por exemplo, utiliza a engenharia reversa para descobrir como funciona a proteção anticópia dos discos e removê-la. Porém, nem tudo é crime, pois como qualquer tecnologia, a engenharia reversa pode ser usada para fins acadêmicos, no campo da pesquisa, e em qualquer área de conhecimento. Tecnologias antigas, por exemplo, têm uma grande carência de documentação descritiva. A engenharia reversa permite que a documentação seja elaborada e a tecnologia velha seja especificada.
E você? Já abriu um relógio para ver como ele funciona? Já desmontou seu carrinho de controle remoto quando era criança? E aquele típico Papai Noel que cantava sempre que você passava na frente? Fique à vontade para compartilhar que tipo de objeto você já desmontou para saber como funciona.