Quem está acostumado a ver o Brasil faturar premiações apenas em campeonatos de futebol e outros esportes pode começar a rever seus conceitos. Caso você ainda não conheça a prática do Overclocking – procedimento de trabalhar com os componentes do computador acima das especificações estabelecidas pelas fabricantes –, saiba que ela também está rendendo bons frutos para os brasileiros.
O TecLab, laboratório especializado em análise de hardware e Overclocking, termina o ano de 2015 com dois overclockers entre o Top5 do ranking mundial da categoria. Ronaldo “rbuass” Buassali, overclocker do TecLab e da Corsair, alcançou o título de GPU King, ou seja, o melhor do mundo em Overclocking 3D para single card (uma placa de vídeo).
Além disso, o brasileiro também garantiu o segundo lugar na categoria dual GPU (duas placas de vídeo), ainda que tenha três resultados a menos que o primeiro colocado.
Superando overclockers renomados dentro Liga Mundial – www.hwbot.org–, Buassali conquistou nada menos que nove recordes mundiais e três 2º lugares, o que determinou sua liderança no ranking.
Porém, isso não é tudo. Quem acompanhou a maior competição de Overclocking do mundo há alguns dias, ficou sabendo que mais um integrante da equipe TecLab, Jacson “bros” Schenckel, dominou absoluto o Overclocking 3D no GOC (Galax Overclocking Carnival), terminando a competição em segundo lugar, mas com supremacia nos testes 3D.
Ele também está no “reforço” da equipe brasileira, fazendo parte do Top5 do ranking mundial e ajudando a mostrar ao mundo que o Brasil está no nível mais alto dentro dessa atividade. Confira a loucura de rodar testes nestas condições:
O TecMundo tem acompanhado os feitos dessa dupla, e fez algumas perguntas a Ronaldo “rbuass” Buassali. Confira:
1. TecMundo: Qual a sensação de estar nesta condição, dentro do ranking do Overclocking mundial?
Buassali: É bom saber que nosso trabalho está surtindo efeito. Desde a nossa volta, na Computex 2015, quando resolvemos definitivamente buscar Recordes Mundiais 3D, conseguimos nos manter na liderança deste segmento. Primeiro com os Recordes Mundiais mais importantes com a GTX Titan X (que na ocasião era a placa mais poderosa do mundo), e agora, com as GTX 980 Ti.
2. TecMundo: O que você se refere aos recordes “mais importantes”?
Buassali: No Overclocking 3D, temos uma distinção entre os benchmarks novos (testes de avaliação) e antigos. O TecLab é 100% focado nos testes mais novos, o que dificulta muito a escalada de pontos no ranking. Por exemplo, nossas pontuações nos testes antigos (3DMark 01, 3DMark 03, 3Dmark 05, 3DMark 06 e Aquamark 3) é bastante baixa, visto que não mandamos resultados há pelo menos um ano e meio. Outros overclockers mantêm seus Recordes em testes antigos, o que colabora muito positivamente para suas pontuações. Mesmo sem resultados significativos nos benchmarks “velhos”, nossos recordes nos novos nos deram condições de destaque no ranking final.
3. TecMundo: Por que vocês não seguem com os benchmarks antigos e quais são os novos?
Buassali: Acreditamos ser importante nos manter atualizados. Uma vez que a própria desenvolvedora, a Futuremark, abandonou por completo o suporte dos benchmarks antigos, não vimos mais sentido em seguir com eles. Durante muitos anos eles estiveram dentro de nosso foco, mas desde que anunciaram a retirada de seu suporte, apenas praticamos com os mais modernos, a saber: 3DMark (Fire Strike, Fire Strike Extreme, Fire Strike Ultra), 3DMark 11, 3DMark Vantage, Unigine Heaven Xtreme e Catzilla (720P e 1440P).
4. TecMundo: O que difere Overclocking 2D do 3D?
Buassali: Da mesma forma que ocorre com o 3D, temos no segmento 2D, testes antigos e novos. Nos testes 2D, o processador realiza a parte mais importante em conjunto com as memórias. No 3D, que é muito mais complexo, temos os mesmos elementos que o 2D, porém a inclusão da parte mais técnica que é a Placa de Vídeo.
5. TecMundo: Por qual motivo vocês do TecLab não procedem com os testes 2D?
Buassali: Tirando-se o Super Pi 32, que é extremamente técnico, os testes 2D requerem mais qualidade do processador do que do próprio Overclocker. Os mais antigos (dentre eles o Super Pi - Spi 1M e Spi 32M) ainda são executados no Windows XP, sendo mais um motivo pelo qual não lhe creditamos mais importância. Já os novos, como por exemplo o XTU (promovido pela Intel), é o teste que mais competido da Liga, apesar de ser um teste bastante simples e que consideramos monótono. Nada como ter que acompanhar a eficiência dos Frames por Segundo de um teste 3D com altíssima frequência.
Veja isso apenas como opinião pessoal, pois gostamos e ensinamos benchmarks 2D e seus Tweaks. Apenas não damos a mesma ênfase que ao 3D. Outra coisa que devemos levar em consideração é que grande parte dos Overclockers são gamers, e para estes, assim como para nós, o FPS é a parte mais interessante.
6. TecMundo: Alguma notícia sobre a separação dos rankings 2D e 3D na Liga?
Buassali: Este é um projeto que vem sido bastante debatido ultimamente. Não somente a separação, mas os modos de premiação por pontos. Por exemplo, o benchmark XTU credita muito mais pontos do que qualquer benchmark, pela facilidade de participação. Em contra partida disso, temos, por exemplo, testes executados com quatro placas de vídeo sem nenhuma competitividade, pois é raro ver pessoas dispostas a colocar quatro Titan X ou mesmo quatro placas GTX 980 Ti sob condições extremas. Com certeza teremos mudança na metodologia de pontuação e premiação de muitos testes. Isso já está em debate no fórum da Liga (http://forum.hwbot.org/showthread.php?t=150289).
7. TecMundo: Quais os projetos para 2016?
Buassali: Em 2016 o ano promete ser de muita ação para os que estão ou pretendem ingressar nesta área. Eventos, cursos, lives, e uma série de atividades serão anunciadas logo na primeira semana. Estamos também em contato com a Liga Mundial, que deverá estar presente no Brasil para algumas ações conosco.
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