(Fonte da imagem: Divulgação/GlassUp)
À primeira vista, pode parecer que o GlassUp é simplesmente um daqueles concorrentes que surgem após alguém ter uma ideia potencialmente revolucionária, mas esse não é exatamente o caso. Na verdade, a criação do italiano Grancesco Giartosio data de dois anos antes de o Google Glass ter sido revelado. Trata-se de uma colaboração entre Giartosio e dois nomes relativamente notórios do meio tecnológico.
Ocupam o barco do GlassUp também Gianluigi Tregnaghi — que desenvolve interfaces de visores para capacetes utilizados por pilotos — e Andrea Tellatin, esta com participação fundamental no desenvolvimento do relógio I’m Watch — o que pode ou não ser algo positivo, vá lá.
O resultado é um par de óculos/smartphone que permite visualizar emails, tweets, atualizações do Facebook, notícias e outros dados, tudo exibido na tela dos óculos por meio de uma conexão Bluetooth.
A quem pertencerá o termo “Glass”?
Embora o GlassUp ainda nem tenha chegado ao mercado, a companhia de Giartosio enfrenta atualmente uma disputa legal com a Google centrada no termo “Glass”. Durante o último mês de março, um dos advogados de Mountain View pediu que o GlassUp desistisse do registro da marca e mudasse o nome do produto.
De acordo com a Google, a semelhança entre as marcas pode fazer com que os consumidores se confundam. Embora tenha registrado posteriormente a marca, Giartosio argumenta que não deveria ser possível registrar marcas como “glass” (vidro). “Todos nós sabemos que a realidade aumentada deve apenas aumentar no futuro; nós utilizaremos AR para óculos, jaquetas, chapéus e sabe-se lá o que mais”, disse o executivo ao CNET.
(Fonte da imagem: Divulgação/Google)
“Você não pode possuir essas palavras. Caso nós desenvolvamos uma luva que envie os movimentos dos meus dedos a um PC (e isso tem sido feito), nós não podemos ser inibidos de utilizar o termo ‘Glove’, mesmo que no singular.” Giartosio dá ainda outro exemplo: “Nós lemos nas notícias que a Google tem desenvolvido um sapato tecnológico. Vocês realmente acham que serão proprietários da palavra ‘shoe’ [sapato] de agora em diante?”
Mais modesto e mais barato
No que se refere às funcionalidades, talvez o GlassUp não pudesse realmente ser considerado um concorrente direto ao Google Glass. Diferentemente do aparato ostensivo de Mountain View, os óculos de Giartosio não possuem mecanismos para reconhecimento de voz — para responder mensagens, por exemplo — e também não há uma câmera para tirar fotos ou rodar vídeos.
(Fonte da imagem: Divulgação/GlassUp)
Trata-se unicamente de um display monocromático com background verde ou âmbar transparente. E há outra diferença aqui: em vez de posicionar as informações abaixo da linha de visão do usuário, o GlassUp as exibe no centro.
“[Usar] o GlassUp é como dirigir e ver imagens no para-brisa, enquanto o Google Glass funciona como o retrovisor de um carro”, disse Giartosio, em entrevista ao site CNET. “Mostrar informações no centro do campo de visão causa menos tensão no olho do usuário.”
Várias funcionalidades
Assim como vários outros equipamentos de realidade aumentada, o GlassUp conta com diversas funcionalidades. Por exemplo, você pode ter dados em tempo real sobre o seu rendimento durante um exercício físico, enquanto um GPS pode ser bem-vindo para ciclistas. O aparelho também pode ser utilizado como teleprompting ou ainda para jogos e mesmo para procedimentos médicos.
(Fonte da imagem: Divulgação/GlassUp)
Giartosio afirmou que já existem APIs para fazer com que o GlassUp trabalhe com o Android e com o iOS. Uma interface de desenvolvimento para o Windows também não deve demorar.
GlassUp vs. Google Glass
Por sua vez, o Google Glass é capaz de capturar imagens com 5 megapixels e vídeos com resolução 720p — incluindo ainda 16 GB de memória Flash para armazenamento de dados, tudo devidamente sincronizado com o armazenamento em nuvem da Google.
O GlassUp, entretanto, acaba com alguma vantagem no quesito “autonomia”: o projeto do italiano permanece operante por até 150 horas em stand-by ou por até 8 horas com operações normais. E, o que talvez seja realmente o fator mais importante, a criação de Giartosio será consideravelmente mais barata do que o Glass.
(Fonte da imagem: Divulgação/Google)
De fato, já é possível efetuar a pré-compra dos óculos a um preço de US$ 399 (aproximadamente R$ 890), a fim de retirar um exemplar em fevereiro de 2014. Há também a opção de contribuir com o desenvolvimento do periférico: US$ 150 (cerca de R$ 360) garantem que você poderá adquirir o seu GlassUp pela metade do preço assim que ele chegar às prateleiras.
Novas funcionalidades em vista
Embora a extensão das funcionalidades inicialmente planejadas para o GlassUp seja relativamente modesta, isso pode mudar dentro de não muito tempo. Giartosio afirmou que pretende acrescentar lentes de prescrição médica, além de adicionar funções ligadas ao reconhecimento de objetos — pinturas, monumentos, localidades históricas etc.
“Os desenvolvedores vão decidir como capturar imagens e mandá-las para seus dispositivos móveis”, ele explica. “Isso pode ser feito de diversas formas diferentes, tais como comandos de voz, piscadelas ou gestos.” Inicialmente, e entretanto, haverá apenas um touch pad localizado do lado direito da tela de captura.
(Fonte da imagem: Divulgação/GlassUp)
Questões estéticas em pauta
Além de novas funcionalidades, o GlassUp deve buscar o seu diferencial também em propostas relacionadas ao design. Nesse ponto, Giartosio pretende obter vantagem de sua localização geográfica — lar de companhias como a Luxottica (proprietária da Ray-Ban), a Oliver Peoples e a Oakley.
“As pessoas são muito exigentes em relação aos óculos, e nós aprendemos que o design é importante”, disse o executivo à referida publicação. Vale lembrar, entretanto, que os protótipos atuais são baseados em modelos utilizados por dentistas — embora versões mais “estilosas” devam apresentar combinações de cores, como vermelho e branco ou verde e preto.
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