(Fonte da imagem: Divulgação/ASUS)
O mundo dos computadores nunca foi unânime; sempre existiram dezenas de modelos diferentes, cada um com o seu sistema operacional. E como tudo, cada um deles sempre teve os seus defensores.
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Muitas vezes existe a necessidade de se trabalhar com mais de um sistema operacional simultaneamente na mesma máquina. Não é difícil ver por aí guias que ensinam a instalar Windows e Linux no mesmo computador, e trabalhar com dual boot não é algo tão incomum.
Entretanto, essa moda nunca “pegou” em grande escala, principalmente pelo método de funcionamento. Dual boot consiste em ter sim os dois sistemas instalados na mesma máquina, mas para alternar entre eles é preciso reiniciar o computador, e isso não é exatamente o que podemos chamar de eficiente.
Afinal de contas, ter que parar o que se está fazendo para reiniciar a máquina, somente para acessar um aplicativo específico, é bastante inconveniente — pelo menos para a maioria das pessoas comuns que utilizam as máquinas para tarefas corriqueiras.
Entretanto, uma nova leva de máquinas está chegando para tentar mudar essa situação. Durante a CES 2014, tanto Intel quanto AMD anunciaram que seus novos processadores serão otimizados para trabalhar com o Android dentro do Windows, ou seja, os aplicativos do robozinho verde poderão rodar nas máquinas que utilizam o sistema operacional da Microsoft.
BlueStacks: Android dentro do Windows. (Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)
Esse tipo de recurso não é exatamente uma novidade. Em 2008, uma companhia chamada BlueStacks lançou um sistema que permite esse tipo de coisa. Contudo, mesmo que diversas máquinas tenham chegado ao mercado trazendo esse recurso desde então, isso ainda não se tornou muito popular. Parte porque aplicativos virtualizados não são o ideal, parte porque, talvez, não seja mesmo muito funcional (ou útil) fazer isso.
A novidade é que o suporte por parte das duas maiores fabricantes de processadores para PCs promete deixar a virtualização muito mais eficiente que antes. A novidade da AMD, nesse caso, é a parceria com a BlueStacks.
O que ambas as soluções têm em comum? Simples, apesar de você ter dois sistemas operacionais instalados na máquina, não é preciso reiniciar o computador para alternar entre os aplicativos, uma vez que o Android está rodando dentro do Windows ou em paralelo com este.
ASUS Transformer Book TD300: duas máquinas em um
A ASUS foi uma empresa que apostou em uma solução diferente. Segundo ela, o Bluestacks não é exatamente a solução mais elegante de todas, já que a virtualização compromete o desempenho dos aplicativos.
Entenda: a máquina precisa rodar o Windows, seu sistema operacional principal. Depois, ela precisa emular o hardware do Android para que este, finalmente, rode os aplicativos. Esse tipo de solução é funcional, mas consome recursos valiosos do sistema, incluindo bateria — o que, no caso de tablets, pode ser um problema.
Para desenvolver o Transformer Book a ASUS foi um pouco mais ousada: a companhia criou um computador com hardware misto, ou seja, são duas máquinas no mesmo case, cada uma rodando um sistema. A grande vantagem disso é que para alternar entre os dois sistemas é preciso apenas clicar em um botão — que pode ser físico ou virtual.
(Fonte da imagem: Divulgação/ASUS)
Com isso, a mudança entre Windows e Android é praticamente instantânea. Desse modo, é possível ter até quatro máquinas em uma: tablet Windows/Android ou notebook Windows/Android.
E esse é apenas um exemplo. Diversas companhias já entraram na onda das máquinas híbridas. A Samsung trouxe o Ativ Q, no final do ano passado, que já carrega Windows e Android dentro da mesma carcaça.
Dois sistemas, mas e a compatibilidade?
Mesmo que os novos sistemas apresentados pela Intel e AMD, ou pela máquina da ASUS, apresentem um grande avanço em termos de velocidade e resposta na alternância integração dos sistemas, ainda é preciso pensar na compatibilidade entre os aplicativos. Como são sistemas diferentes, ainda é preciso parar o que se está fazendo em um lado para ir para o outro. E isso cansa depois que a novidade envelhece.
Antes de tudo, é necessário pensar: você utilizaria uma máquina com dois sistemas operacionais? E tem mais: você precisa de uma máquina com Android e Windows? Para responder essas perguntas, basta pensar: existe algum aplicativo que você utiliza, que exista para ambos os sistemas, ou que tenha substitutos nos dois? Se a resposta for sim, possivelmente você não precisa ter dois sistemas operacionais em uma única máquina.
Mas e o Windows 8? Ele não foi feito para tablets e PCs?
A Microsoft bem que tentou, mas, pelo menos até agora, ela não conseguiu emplacar o Windows 8 no mercado. O sistema chegou com duas interfaces, causando certa confusão entre os usuários. Segundo a empresa, ele seria a resposta para todos os problemas: um sistema que poderia ser utilizado tanto em tablets quanto em PCs.
O Microsoft Surface, inclusive, foi lançado com o propósito nobre de promover o novo sistema, mas também não conseguiu atingir o sucesso que desejava. O resultado é que a grande maioria das pessoas atualmente prefere tablets com iOS ou Android. Não necessariamente porque eles são melhores ou piores que os aparelhos com o Windows, mas porque foram acostumadas desse jeito.
Já no caso dos PCs, o Windows continua sendo o sistema preferencial pela maioria. Infelizmente — tanto para Intel quanto para a Microsoft — o mercado está em declínio, e talvez essa medida incentivada pela Intel seja a sua maneira de sinalizar que está querendo pular fora antes que o barco afunde, ou seja, ela quer promover uma mudança e, aos poucos, mostrar que os seus chips são capazes de rodar Android com competência.
Mas essa moda de dois sistemas pode mesmo dar certo?
Como dissemos antes, o Bluestacks está no mercado já há algum tempo. A entrada de grandes empresas como a Intel, a AMD e a ASUS (entre outras) no setor de máquinas Dual OS demonstra que existe interesse por parte do público nos equipamentos híbridos.
Resta saber se as pessoas vão aceitar a novidade. É bem provável que haja uma explosão de interesse por esses dispositivos conforme a demanda aumentar e as máquinas começarem a chegar aos primeiros consumidores.
O problema é que, depois que a novidade passa, talvez as pessoas percebam que trabalhar com dois sistemas operacionais não oferece muita praticidade — ou utilidade. O usuário médio quer abrir o Facebook, jogar Candy Crush e ver seus emails em um sistema familiar, sem precisar alternar entre interfaces que trabalham com lógicas totalmente diferentes.
Vendo tudo por esse ângulo, é mais provável acreditar que esse tipo de equipamento logo caia em um mercado de nicho e seja desejado apenas por pessoas que já entendem do assunto e saibam exatamente o que estão procurando.
(Fonte da imagem: Divulgação/ASUS)
O usuário comum não vai se interessar muito pelo sistema operacional da máquina, desde que ela custe barato e faça o que ele precise. Ou seja, o público vai preferir sempre o sistema que lhe parecer mais familiar e, nesse caso, híbridos não são a melhor pedida.
No caso dos PCs, é difícil acreditar que o reino da Microsoft dure menos que o próprio mercado de PCs, assim como no caso dos tablets, em que a balança pende cada vez mais para o lado do Android. E isso possivelmente continuará direcionando os consumidores.