Review: Nintendo Switch

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Após meses de mistério e uma apresentação oficial que dividiu opiniões, finalmente o Nintendo Switch está entre nós. O novo console chega às lojas com uma proposta diferente da concorrência e com a dura missão de colocar a empresa “de volta nos trilhos” após o desempenho comercial decepcionante do Wii U.

Classificar o produto somente como uma plataforma de mesa ou como um portátil é difícil, visto o fato de ele unir esses dois universos aparentemente distintos. A intenção da fabricante é uma só: permitir que você jogue da maneira que quiser independente do lugar em que esteja, obtendo sempre uma experiência de qualidade no processo.

O resultado é um console que sem dúvida é diferente de qualquer coisa oferecida pela competição. Embora seja possível dizer que a Nintendo foi bem-sucedida em diversos pontos de sua proposta, algumas limitações de hardware e software — somadas a alguns detalhes ainda envoltos em mistério — nos deixam incertos quanto ao futuro da plataforma.

Design

Um elemento que fica claro desde o momento em que vemos a caixa do Switch é que ele se trata de um dispositivo realmente pequeno e estiloso. Mesmo montado em seu dock de conexão, ele ocupa um espaço menor do que somente o GamePad do Wii U e não chama muita atenção quando deixado sobre uma mesa.

Já no modo portátil, ele é maior do que o Vita e o Nintendo 3DS, mas ainda assim é menor do que a maioria dos tablets disponíveis no mercado. E é justamente esse tipo de produto que a plataforma lembra quando retiramos o Joy-Con da unidade central, parecendo em certos momentos com o design industrial da linha Lumia da Nokia.

Uma das características que separam o Switch da competição são seus controles modulares. Eles podem ser encaixados ou removidos facilmente, proporcionado diversos tipos de uso. Os gadgets oferecem uma experiência mais tradicional quando conectados a um suporte ou podem ser usados de forma solta, lembrando a combinação entre o Wii Remote e o Nunchuk do Wii.

É possível usar cada Joy-Con como um controle único

Também é possível usar cada Joy-Con como um controle único, configuração que dividiu opiniões em meio à nossa equipe. O tamanho diminuto dos dispositivos pode tornar a experiência desconfortável para quem tem mãos grandes, e o posicionamento central do analógico na unidade direita pode atrapalhar um pouco na hora de jogar.

Todas essas configurações também podem ser usadas no modo portátil, que não exige que os controles fiquem presos às laterais do aparelho para funcionar. Pensando na portabilidade, a Nintendo adicionou um pequeno suporte que deixa o Switch ligeiramente inclinado enquanto está apoiado em uma superfície.

O que mais surpreende em todo o processo é o fato de todas essas opções funcionarem muito bem, sendo fácil fazer a transição entre cada uma delas. A troca do modo portátil para a conexão em uma TV é praticamente instantânea, cumprindo a tarefa feita pela Nintendo ao apresentar seu mais novo console.

Controles

Os Joy-Cons chegam às lojas equipados com muitas tecnologias interessantes, mas isso não significa que eles conseguem agradar em tudo o que fazem. É muito fácil encaixar e retirar os dispositivos do console e da unidade de suporte, mas tivemos certa dificuldade em realizar o processo usando o acessório que adiciona alças de proteção aos controles.

O tamanho dos acessórios também causou bastante discordância entre nossa redação. Quem possui mãos grandes teve problemas em se adaptar às dimensões pequenas dos botões e ao posicionamento dos analógicos, características que não chegaram a incomodar outros membros da redação — incluindo este redator.

Outro ponto que atrapalha é o fato de que só é possível recarregar os Joy-Cons enquanto eles estão presos ao Switch e o console está acoplado em seu dock. Isso não é um problema se você tiver a disciplina de deixar o aparelho nessa configuração quando ele está em repouso, mas pode incomodar quem não tem esse costume.

Como os Joy-Cons não são recarregados no modo portátil, a melhor solução para isso acaba sendo comprar o suporte com carregador fornecido pela Nintendo. No entanto, isso significa desembolsar alguns dólares a mais em um acessório que não é exatamente conhecido por seu preço acessível.

Outra opção é usar o Pro Controller, vendido separadamente. Ele tem baterias que não dependem de uma conexão com o console para sua recarga e um formato mais adequado a mãos com tamanho grande — em compensação, o preço recomendado de US$ 70 é bastante salgado para quem acaba de investir US$ 299 em um console.

Hardware

Conforme esperado, o Switch não foi criado para bater de frente ou superar aparelhos como o Xbox One e o PlayStation 4. Embora ainda seja um pouco cedo para falar sobre o verdadeiro potencial técnico do video game, já sabemos que ele não vai ficar conhecido por experiências com quantidades absurdas de polígonos, efeitos de partículas e filtros.

Ao jogar The Legend of Zelda: Breath of the Wild foi possível observar algumas quedas de desempenho no modo console, mas a taxa de quadros se manteve bastante estável no modo portátil. Isso pode ser explicado tanto pelo fato de estarmos falando de uma adaptação feita a partir do Wii U quanto pelo aumento de resolução que ocorre ao conectar a plataforma a seu dock.

 O Switch não foi criado para bater de frente ou superar aparelhos como o Xbox One e o PlayStation 4

Independente do modo de uso utilizado, o dispositivo é bastante silencioso e aquece muito pouco, mesmo após várias horas de uso. Esse comportamento positivo é sentido tanto após longas partidas de Snipper Clips, um jogo mais leve, quanto do próprio Breath of the Wild, que claramente exige mais do hardware.

Algo que chama atenção positivamente é a qualidade da tela quando usamos o modo portátil. Embora ela seja um pouco reflexiva em ambientes muito iluminados, a resolução utilizada se adéqua muito bem às suas dimensões, reproduzindo cores de maneira convincente e possuindo um ótimo nível de brilho. Esse modo também se destaca por conseguir trabalhar com um limite máximo de volume bastante generoso.

Infelizmente, a leva inicial do Switch não está livre de apresentar problemas típicos de grandes lançamentos. Não chegamos a enfrentar quedas nas conexões dos Joy-Cons durante nossos testes, mas lamentavelmente tivemos que lidar com uma fonte defeituosa que parou de funcionar de maneira adequada após somente dois dias de uso.

Software

Um ponto que chama positivamente a atenção ao testar o Switch é a velocidade de operação de seu software. Processos como entrar e sair de um jogo, mudar de usuário ou acessar as diferentes opções do menu de configurações acontecem de forma muito rápida, superando facilmente o que é oferecido pelo Wii U e até mesmo pelo PlayStation 4 e pelo Xbox One.

A mesma sensação de velocidade é testemunhada ao realizar capturas de tela através do botão dedicado a isso (que, futuramente, também vai trabalhar com vídeos). Infelizmente, o console costuma comprimir as imagens registradas, o que faz com que elas percam um pouco de qualidade quando observadas de perto.

Os menus têm uma cara minimalista e ficam organizados na parte inferior da tela, executando suas funções de maneira bastante direta. Você pode conferir novidades sobre o console, acessar a loja eShop, conferir álbuns de capturas de tela e acionar o modo de descanso de forma simples.

Em geral, as opções oferecidas pela empresa são bastante restritas

O que incomoda é o fato de que, em geral, as opções oferecidas pela empresa são bastante restritas, deixando a impressão de que estamos lidando somente com o “esqueleto” de um software. Você pode ajustar o brilho da tela, definir opções de energia, gerenciar controles conectados e restrições parentais, mas não muito mais do que isso.

A mesma simplicidade é encontrada no eShop, que ainda conta com uma seleção bastante limitada de jogos — o que é compreensível levando em consideração que é uma plataforma em seu início. Por lá, é possível conferir descrições e vídeos dos games disponíveis, pesquisar títulos por seus nomes ou adicionar códigos de produtos.

Infelizmente, não há qualquer referência a um Virtual Console ou a sistemas de promoções, mas já há a expectativa de que a Nintendo deve adicionar isso em um momento futuro. Os recursos online da plataforma também surgem de maneira limitada, e não há qualquer detalhe sobre o já anunciado plano de assinaturas da empresa ou comodidades futuras como a possibilidade de enviar e retomar saves através da nuvem.

Também decepciona um pouco a falta de funções multimídia mais amplas. O Switch até consegue reproduzir alguns vídeos (pelo eShop e pela página de novidades), mas não há aplicativos como a Netflix e o YouTube. Essas ausências são inexplicáveis para uma plataforma lançada em 2017, especialmente quando levamos em consideração que esses recursos já estão disponíveis no Wii U e até mesmo no 3DS.

Bateria

Caso você encare o Switch essencialmente como uma plataforma portátil, é uma boa ideia sempre ter o carregador do aparelho em mãos. Em nossos testes jogando Breath of the Wild com o brilho de tela ajustado na metade de sua capacidade máxima, o console só aguentou três horas de jogatina antes de precisar de uma recarga.

Esse tempo pode chegar a até seis horas em games menos exigentes, mas não espere encontrar aqui uma bateria com autonomia tão grande quanto a do 3DS ou do PlayStation Vita. Em compensação, os Joy-Cons apresentam uma carga mais generosa e podem ser usados por até 20 horas de uma só vez — nesse caso, o problema é o já mencionado fato de que só é possível recarregá-los quando o console está acoplado a seu dock ou ligado diretamente a uma fonte de alimentação em seu modo portátil.

Vale a pena?

Cumprindo muitas das promessas feitas pela Nintendo, o Switch ainda é um console que não provou a que veio. Por um lado, os diferentes modos de uso funcionam bem, assim como a transição entre a experiência portátil e a jogatina de mesa. Por outro, ainda permanecem dúvidas sobre a estratégia online da empresa e sobre o nível de suporte oferecido por third parties.

Com uma linha de lançamento que pode ser considerada no máximo mediana, a plataforma ainda parece crua em diversos pontos de seu software. A falta de aplicativos multimídia, somada a uma seleção de jogos ainda limitada, gera o medo de termos em mãos um console que vai passar meses sem um lançamento grande — algo que evoca o “fantasma” do Wii U.

O Switch ainda é um console que não provou a que veio

Muitas dessas brechas são algo já (infelizmente) esperado em um console novo, mas são incompreensíveis para uma empresa como a Nintendo, que precisa muito de um “gol de placa” para acalmar fãs e críticos. Não ajuda muito nesse sentido o mistério que ela faz sobre áreas relativamente simples, como seus serviços online, já que isso só aumenta a insegurança de quem decidiu investir na plataforma.

A seu favor, a empresa tem o fato de finalmente acertar a proposta que surgiu inicialmente com o Wii U. O Switch concilia a jogatina de mesa com uma experiência portátil de forma bastante competente. No entanto, isso vem ao custo de um hardware mais limitado que o da concorrência, o que pode resultar mais uma vez em uma plataforma pobre em títulos third party.

O aparelho tem bastante potencial, mas somente um posicionamento mais forte da fabricante japonesa vai conseguir torná-lo um sucesso em médio e longo prazo. No momento atual, vale a pena “segurar” uma compra caso você não faça questão de jogar Zelda, que é o grande destaque do console (também estando disponível no Wii U, vale lembrar).

Com uma biblioteca de jogos mais forte, sistemas online robustos e mais opções multimídia, o Switch pode se tornar um grande sucesso. No entanto, no momento, somente os fãs mais hardcore da Nintendo têm motivos para abrir desde já a carteira — situação que esperamos que ela consiga mudar em questão de pouco tempo.

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