Desde que foi apresentado oficialmente, o Nintendo 3DS chamou a atenção e fez com que jogadores do mundo inteiro contassem nos dedos o tempo que faltava para seu lançamento. A demonstração de Satoru Iwata durante a E3 2010 exibiu as principais funcionalidades do novo portátil, com diversas melhorias em relação ao seu antecessor. No entanto, foi o fato de o console ser nativamente equipado com a tecnologia 3D que o transformou na estrela do evento daquele ano.
Seguindo uma tendência vista em toda a indústria do entretenimento, a empresa japonesa foi além e conseguiu inovar e surpreender ao trazer um equipamento capaz de reproduzir imagens tridimensionais sem a utilização de óculos específicos. Para os usuários, o maior problema desse tipo de recurso acabava de ser eliminado e, para a alegria de todos, podia ser carregado no bolso.
Embora rumores sobre as novidades do aparelho já tivessem surgido na internet meses antes, foi somente durante a E3 que pudemos ver a revolução sendo testada e sua funcionalidade comprovada. Como se não bastasse, uma extensa lista de títulos e vários outros elementos interessantes foram anunciados, o que fez com que a espera até seu lançamento se tornasse terrivelmente longa. No entanto, eis que esse dia finalmente chegou.
No Japão, por exemplo, a disponibilização do 3DS foi marcada por enormes filas e concorridos cadastros para participar do processo de pré-compra. Vários sites noticiaram que havia gente dormindo na frente de lojas dias antes da data oficial – tudo pela vontade de testar a inovadora novidade.
Já no Ocidente, a recepção não foi tão eufórica, mas não menos aguardada. Agendado para o dia 27 de março, o mais novo membro da família DS finalmente pôde ser conferido por pessoas do mundo todo. Após oferecer experiências inovadoras com seus consoles anteriores, chegou a hora de mergulharmos de vez no mundo tridimensional que a Nintendo preparou.
O mundo em 3D
Ele existe e é fantástico
Ao ter o portátil em mãos pela primeira vez, é inegável o instinto que nos leva a questionar o funcionamento do 3D. E com razão, já que realmente é difícil acreditar que um console de bolso consiga reproduzir o efeito visto nas telas de cinema de um modo ainda mais fantástico. Mais do que isso, os alertas da Nintendo sobre os cuidados com os olhos e até mesmo algumas críticas feitas por usuários são apenas alguns fatores que nos levam a questionar o sucesso da tecnologia. No entanto, nada disso impede o 3DS de realmente cumprir o que sempre prometeu: o mundo dos games é tridimensional.
Fonte da imagem: VaroLogic Blog
Porém, o efeito funciona de maneira diferente daquilo que estamos habituados a ver nas telonas. Além de dispensar o uso de óculos especiais, o 3D do aparelho funciona muito mais para dar profundidade aos elementos em cena do que para dar a sensação de que algo flutua à nossa frente. Isso significa que as chances de vermos algo sendo arremessado na cara do jogador não são muito altas, talvez por conta do visor diminuto. Por outro lado, esse aspecto diferenciado permite que nós mergulhemos quase que literalmente no jogo.
Exemplos da boa utilização do recurso podem ser vistos nos aplicativos pré-instalados no portátil. O próprio menu busca formas de demonstrar do que o pequeno notável é capaz, já que sempre há algum objeto flutuando ou girando. Não é preciso nenhum esforço para perceber que a sensação de distância entre os dois planos é existente.
Caso você seja cético e não consiga se impressionar com a demonstração das opções, saiba que a melhor forma de pôr a novidade à prova é assistindo a um vídeo disponível por meio de uma atualização de firmware – a primeira da história do console. Se você tinha dúvidas em relação ao funcionamento do 3D, o pequeno filme vai derrubá-las e mostrar que a “Big N” realmente conseguiu desenvolver um console inovador.
O tridimensional das cenas é facilmente notado e, o que é melhor, sem cansar os olhos. Um grupo de paraquedistas em queda livre, um urso em meio a um rio e flores são apenas alguns exemplos de momentos em que a profundidade é visível e empolgante.
Ensaio sobre a cegueira
Desde antes do lançamento de sua edição japonesa, o Nintendo 3DS sofria duras críticas de especialista e até mesmo de muitos usuários por conta das recomendações da fabricante em relação ao uso das três dimensões. As sugestões de que o tempo de jogo não ultrapassasse os 30 minutos contínuos e de que crianças abaixo de 6 anos deveriam manter o efeito desligado fizeram com que as pessoas passassem a desconfiar dos malefícios do 3D sem óculos.
Assim, o portátil realmente faz mal os olhos? É complicado dizer isso com certeza, já que ninguém aqui é especialista, mas o fato de que ele machuca a visão é questionável e depende de uma série de fatores. Porém, em condições normais de uso e em suas funções mais básicas, o aparelho não incomoda de maneira alguma.
Exemplo disso são os já citados menus e o vídeo de apresentação, que mantêm a impressão do tridimensional sem tentar cegá-lo. Por mais que eles sejam mais “pesados” do que imagens comuns, a diferença em relação à sensação obtida pelos óculos do cinema é bem pouca ou quase nula. Desse modo, se você aguenta duas horas de filme, saiba que suportar uma boa dose de aventuras no console pode ser mais simples do que você pensava. A recíproca, por outro lado, também é verdadeira, o que faz com que muita gente simplesmente não consiga perceber a presença do 3D.
No entanto, a situação muda de figura quando você opta em usar a realidade aumentada ou demais elementos de três dimensões em que as câmeras do console são necessárias. Nesses casos, bastam alguns minutos para perceber quão agressiva a novidade pode ser. Todos da equipe Baixaki Jogos que tentaram brincar com esses recursos reclamaram de tontura, irritação nos olhos e dores de cabeça.
A causa desses problemas é exatamente o uso das câmeras para exibir na tela um efeito tridimensional criado na hora. Ao tirar um foto, por exemplo, cada lente irá registrar um ponto e juntar de forma que tenhamos a impressão que a figura final possui profundidade. No entanto, o resultado não obtém o mesmo desempenho dos vídeos e jogos desenvolvidos especificamente para o 3D, o que faz com que a imagem realmente machuque a visão.
Além disso, também é preciso manter o portátil a uma determinada distância do rosto para que o efeito possa ser visualizado – algo que nem sempre é repeitado. O mesmo pode ser dito da angulação, já que é preciso encarar diretamente as telas para obter o melhor desempenho. Qualquer atitude diferente disso faz com que você consiga distinguir nitidamente as duas imagens que formam o efeito.
Para todos os casos, o Nintendo 3DS possui um pequeno botão deslizante que simplesmente desliga qualquer tridimensionalidade do display. Caso você queira continuar jogando e seus olhos já estejam pedindo por misericórdia, basta desativar a profundidade para que o portátil se transforme em um simples DS comum. No entanto, é inegável que, para um console cujo maior atrativo são as três dimensões, ter de desabilitar a novidade para poder continuar a diversão é algo bastante desanimador.
Abrindo a caixa
O que o 3DS tem a oferecer
Agora que você viu sobre a maior novidade do Nintendo 3DS, chegou a hora de descobrir o que mais a empresa preparou para seu pequeno notável. Se você é daqueles que se empolgam desde o momento em que abre a caixa, se prepare para encontrar vários elementos úteis que prometem ampliar ainda mais a experiência do portátil.
Fonte da imagem: Metallidium1
Além do console, a Big N disponibilizou uma estação de carregamento – dock station – para que você possa reenergizar a bateria do aparelho sem ter de conectá-lo diretamente à tomada. Por mais que ainda seja possível fazer isso, o acessório dá um pouco mais de estilo ao processo e deixa tudo mais prático. Basta colocar o video game no suporte e pronto.
Um dos grandes pontos positivos que destacamos nesse aspecto é o fato de os usuários que possuem um DSi poderem usar seus carregadores no Nintendo 3DS. Como a entrada é a mesma, você pode usar tanto o plug antigo quanto o enviado de fábrica. Isso se torna ainda mais útil caso o produto adquirido tenha sido o europeu. Como o conector é bastante específico, a versão do antecessor pode ser uma ótima substituta.
Outra novidade divertida encontrada dentro da caixa são os cartões de realidade aumentada. São seis ao todo, sendo cinco com imagens de personagens clássicos da Nintendo. Quando colocadas diante das câmeras do portátil, essas cartas executam funções específicas e habilitam alguns mini games.
Melhorias físicas
Por fora é o mesmo, mas por dentro é outra história
Se você acompanhou todas as novidades sobre o 3DS nos últimos meses, certamente deve saber sobre as melhorias que a Big N desenvolveu em relação aos portáteis anteriores. O visual não sofreu grandes alterações, o que deixa claro que a companhia não procurou inovar, mas evoluir o console.
Com o mesmo tamanho de seus antecessores, o novo aparelho já demonstra mudanças em sua parte externa. A mais significativa são as duas câmeras na área superior, responsáveis pelas imagens tridimensionais e que trabalham em conjunto com outra lente na parte interna.
Algumas teclas também foram adicionadas para ajudar na economia de energia. A primeira é o já comentado slide que controla a intensidade do efeito tridimensional. Situado na parte superior do portátil, o usuário pode deslizar o botão para definir o nível de profundidade das imagens ou, se preferir, simplesmente desligá-lo.
Outro elemento semelhante é a alavanca para conexão Wi-Fi. Como o 3DS tende a estar sempre online, cabe ao jogador desabilitar essa função caso queira prolongar o tempo de vida da bateria.
Além disso, a Nintendo fez uma pequena reforma em vários elementos existentes no DSi. A entrada para fones de ouvido, por exemplo, saiu do canto e agora está no centro do aparelho, o que torna o ato de segurar o console algo mais confortável e sem o incômodo de disputar espaço com o conector.
O botão Power também foi reposicionado. Em vez de estar abaixo do D-Pad, a tecla foi levada para o lado direito, onde antes estavam o Start e o Select. Essa é uma das alterações mais questionáveis, já que direcionar o dedo para aquela posição é algo quase instintivo quando tentamos pausar um jogo. Se você já possuía um DS antes, saiba que as chances de se confundir por um bom tempo e desligar o portátil sem querer são bem grandes.
Com isso, Start e Select foram postos abaixo da touchscreen, juntamente com o inédito Home, que interrompe qualquer ação para acessar o menu principal do dispositivo. Uma novidade bastante interessante, mas nada prática. Primeiro porque esses botões são realmente duros e é preciso um pouco mais de força para conseguir pressioná-los. Isso sem falar que eles não são nada acessíveis durante a jogatina.
Imagine-se jogando algo que exige o uso da stylus. Em determinado momento, você decide fazer uma pausa rápida e não quer perder nem um segundo da ação. Como o Start está no canto inferior direito da tela, é muito complicado e chato pressioná-lo com a caneta na mão e certamente vai custar um tempo desnecessário. Isso se você não se confundir e quase desligar o 3DS.
As teclas ABXY continuam no mesmo lugar, embora tenham ficado um pouco mais duras. Nada comprometedor, mas sentido logo na primeira vez em que as apertamos. O mesmo pode ser dito dos botões L e R, que receberam detalhes a mais para deixar claro que podem ser usados como atalhos para a câmera.
Outra mudança bastante visível é o deslocamento do D-Pad para baixo. A razão para isso é o novíssimo controlador analógico, que estreia com muito sucesso. Ele é o detalhe que faltava na família Nintendo e que certamente vai dar infinitas possibilidades para os estúdios na hora de desenvolver seus jogos.
O melhor de tudo é sua forma. Como sua superfície é côncava e feita especialmente para que o dedo se encaixe no espaço específico, isso facilita sua utilização por conta do conforto. Ao contrário do PSP, em que o analógico se disfarça de alto-falante, a movimentação é simples e não incomoda com o tempo.
A touchscreen também evoluiu. O tamanho continua o mesmo, mas sua precisão melhorou consideravelmente. Embora o desempenho no Nintendo DS fosse satisfatório, o 3DS teve sua sensibilidade aprimorada na tela inferior. Assim, ficou muito mais simples selecionar qualquer objeto no visor.
Por fim, temos uma evolução no padrão da rede sem fio do portátil. Agora o console consegue conectar-se a sistemas mais seguros, ou seja, o chamado WPA. Até a geração passada, a única forma de estar online era em WEP.
Um novo menu
Funções infinitas
Se as mudanças físicas do novo portátil já chamam a atenção, o novíssimo sistema operacional consegue ser ainda mais atraente. O motivo disso é o fato de sua interface ter ficado muito mais intuitiva, a ponto de o controle dos ícones ser completamente natural.
O controle do menu de seleção é feito pela tela inferior, que usa a sensibilidade do visor para que o usuário navegue pelas opções. O display de cima apenas exibe uma imagem ou animação – geralmente em 3D – que demonstra sua função. Isso sem falar no fato de tudo estar em português.
Como já havia sido demonstrado nas várias conferências da Nintendo, a organização do sistema pode ser facilmente configurada no 3DS. Primeiro porque a visualização é alterada com um simples toque. Existem dois botões responsáveis pela ampliação e a redução dos ícones, o que contribui bastante para a ordenação de tudo. Além disso, basta arrastar o atalho de cada operação para posicioná-la da maneira que você achar mais conveniente.
Outras aplicações estão disponíveis discretamente na parte superior do visor. A primeira, na extrema esquerda, é o controlador de luminosidade. Se nas gerações anteriores isso era feito na base do “olhômetro”, agora há um medidor que facilita a definição do nível de claridade das telas. Também há a opção de ativar o modo econômico, que diminui drasticamente a iluminação e ainda ameniza o efeito tridimensional.
Logo ao lado, temos uma nova função que deve facilitar – e muito – a vida dos jogadores. O sistema de anotações é o que todo usuário sempre desejou na hora de resolver um puzzle, principalmente quando não tinha um pedaço de papel para ajudar. Agora basta apertar o botão Home e acessar o bloco de notas do 3DS. O interessante é que sua ativação ocorre simultaneamente a outras tarefas, o que evita as incômodas idas e voltas às ações anteriores.
No entanto, nem todas as adições são perfeitas. Conforme anunciado anteriormente, os famigerados Friend Codes estão de volta. Mesmo após as críticas às extensas combinações numéricas dos jogos de Nintendo DS e Wii, a Big N insistiu em manter a péssima experiência no novo console. A promessa, por outro lado, é que os códigos sejam únicos por aparelho e não por game. Apesar de ser uma melhoria, o que realmente queríamos era um modo prático de adicionar amigos.
Outro problema encontra-se na extrema direita do menu. Na forma de um pequeno planeta, a opção Navegador serve apenas como enfeite. Ok, sabemos que há um aviso informando que a função estará disponível em atualizações futuras – talvez venha com o update agendado para o mês de maio –, mas não custava nada adicionar desde já. Bola fora, Nintendo.
Câmeras
Já comentamos que o Nintendo 3DS possui três câmeras, sendo duas externas e outra interna. No entanto, como ela se comporta dentro das funções oferecidas pelo console? Se você for um fanático por fotografias em buscas das melhores imagens, saiba que é melhor investir em uma máquina em vez de um portátil.
Qualidade não é o grande forte das fotos criadas pelo aparelho. Embora ninguém esperasse algo equivalente a um equipamento profissional, é muito fácil imaginar que não haveria reclamações caso a Big N oferecesse uma resolução um pouco melhor. Em relação ao DSi, não houve nenhuma mudança, já que ambos possuem apenas 0,3 megapixel.
No entanto, o maior destaque de toda essa brincadeira são as figuras em 3D. O fato de o console ter duas câmeras na parte externa é exatamente por isso, já que cada lente capta uma área e forma uma só imagem com profundidade. Embora essa união em tempo real não seja tão confortável aos olhos, ela funciona e consegue impressionar. Além disso, as fotos são salvas em dois formatos no cartão SD: uma comum em JPEG e outra com a tridimensionalidade ativada em MPO.
O divertido disso é que existem várias formas de editar suas imagens, o que permite a criação de resultados diversos. Além de filtros tradicionais, como negativo ou luz baixa, há aplicações novas e curiosas. A Cintilante, por exemplo, adiciona elementos brilhantes por toda a figura à medida que você assopra o microfone.
Já para quem gosta de brincar de Doutor Frankenstein, o 3DS possui uma função que utiliza suas três câmeras para misturar seu rosto no corpo de um amigo. A brincadeira é, no mínimo, bizarra e consegue arrancar boas risadas com as medonhas combinações. A imagem abaixo tende a ser autoexplicativa.
No entanto, o programa de gravação de vídeo anunciado na E3 2010 não está presente ainda. Pode ser que ele apareça em alguma atualização do sistema, mas é decepcionante não encontrar algo prometido há mais de seis meses. O filme de demonstração apenas mostra que o recurso tem muito potencial – só esperamos que a Nintendo saiba utilizá-lo.
Realidade aumentada
Se você comprou o Nintendo 3DS, mas ainda não recebeu nenhum jogo, não desanime. Ainda que seu console não tenha sido devidamente apresentado a nenhum cartucho, é possível se divertir por um bom tempo apenas com os jogos pré-instalados no sistema, que abusam das câmeras para criar uma experiência de realidade aumentada realmente convincente.
Lembra-se das cartas descritas no início do texto? Pois é aqui que elas se mostram úteis. Ao focar o cartão sinalizado com um ponto de interrogação no aplicativo correspondente, vemos um pequeno bloco surgir à nossa frente, que logo começa a interagir com os objetos ao seu redor. Ao apertar o botão A, você arremessa uma bola no visitante cúbico e faz com que ele se multiplique em seis outros indivíduos semelhantes.
Esse é o menu dos jogos. Como cada bloco representa uma atividade diferente, você pode movimentar o 3DS para fazer a mira e novamente disparar um objeto no item desejado. Entre as opções disponíveis, temos alguns jogos bem curiosos, como o Arqueiro (em que vários alvos e um dragão surgem em sua mesa), Bilhar (que altera o relevo da superfície para que você brinque em um misto de sinuca e golfe) e Pesca, o único a fazer uso do acelerômetro do console para simular uma pescaria.
Além da carta com o ponto, há outras cinco com personagens clássicos da Nintendo. Elas fazem com que essas mascotes ganhem vida e visitem o “mundo real”. Já imaginou como seria legal ser fotografado ao lado de Mario, Link e Samus Aran? Pois agora isso é permitido. O mesmo acontece com seu Mii, que foge dos consoles para ser capturado em sua casa.
Contudo, os usuários mais criativos certamente irão se encontrar no Grafitti, uma função que faz com que todos os desenhos feitos na touchscreen ganhem vida na tela superior. Como se não bastasse, você pode até mesmo controlar seus movimentos e ordenar alguns truques. Nosso Pikachu, por exemplo, era mestre em saltos mortais.
Outro jogo que faz uso da realidade aumentada é o Face Raiders, uma das funções mais comentadas antes do lançamento do Nintendo 3DS. Seu funcionamento é bastante simples, já que basta tirar a foto do rosto de algum amigo para que ele se transforme em pequenos monstros voadores que tentam beijá-lo e mordê-lo. Para isso, você deve estar atento ao que acontece ao seu redor para atingir a boca dessas cabeças flutuantes com uma bolada bem dada.
É claro que tudo isso parece muito legal na prática, mas como dito anteriormente, há um sério problema que pode comprometer toda a diversão: o mau uso do efeito tridimensional. Como a criação de profundidade feita pelas câmeras não é algo tão bom assim, bastam alguns minutos de jogo para que você logo comece a sentir dores de cabeça e nos olhos. Desligar o 3DS é uma opção, mas certamente não vai agradar a quem pagou caro para ver o mundo em três dimensões.
Gravação de som
Além da câmera, o novo portátil da Nintendo também possui um gravador de som integrado. Porém, ele é pouco funcional, já que é capaz de armazenar apenas 10 segundos de áudio. O que você vai fazer com tão pouco tempo? Nem mesmo uma conversa decente pode ser armazenada.
As opções de edição são um pouco melhores, mas não colaboram com outro grande problema: o volume. Por mais que seja possível aumentar ou diminuir a tonalidade das vozes, isso não impede que o microfone registre apenas aquilo que é dito em um raio bem próximo de distância. Ouvir o que alguém um pouco mais longe falou é um trabalho para poucos, principalmente se você depender apenas dos alto-falantes.
O retorno dos Miis
Finalmente os bonecos ganharam vida
Se você possui um Wii, certamente deve ter questionado a utilidade dos Miis. Além de servirem como avatar em jogos como Wii Sports e derivados, qual a utilidade dos pequenos bonecos? Eram poucos os games que realmente apresentavam uma função válida para sua versão virtual. No Nintendo 3DS, por outro lado, a Big N se preocupou em dar vida a esses indivíduos.
A novidade começa já na hora de criá-los. É possível dar asas à imaginação e personalizá-lo da forma que você desejar. Todavia, há a opção de fazê-lo à sua imagem e semelhança. Para isso, basta tirar uma foto de seu rosto para que o console o recrie – ele geralmente acerta, embora nem sempre a gente concorde.
Independentemente da forma escolhida, a criação dos Miis oferece um bom número de possibilidades inventivas. Uma grande variedade de cabelos, olhos e outros “objetos corporais” estão disponíveis para que sua versão Nintendo lhe agrade.
Além disso, agora os bonecos também possuem uma utilidade muito maior do que somente rebater bolas em modalidades esportivas. É possível enviá-los para passear por meio do Mii StreetPlaza, que utiliza o novíssimo StreetPass para que seu 3DS comunique-se com outros e faça com que o jogo se inicie remotamente.
Os dois mini games disponíveis colocam os avatares em situações diversas e que só podem ser resolvidas com pontos enviados por amigos. Para isso, é preciso que você coloque o portátil em modo de descanso por algum tempo e torça para que outras pessoas tenham feito o mesmo. Isso funcionaria perfeitamente caso houvesse muita gente com um 3DS na bolsa, mas não é o nosso caso. Entretanto, isso não tira o mérito da empresa de finalmente dar aos bonecos sem membros uma razão para existir.
Retrocompatibilidade
Não jogue fora seus jogos de DS
A cada nova geração, a mesma dúvida se passa na cabeça dos jogadores: “O que fazer com meus jogos antigos”? Como já é de costume da Nintendo, o 3DS ainda permite que títulos do portátil anterior rodem sem problemas. Basta colocar o cartucho na área específica para ver o ícone do título surgir no menu.
Como o novo aparelho possui várias características em comum com seu antecessor, quase não há mudanças na jogabilidade. A touchscreen funciona da mesma forma, assim como os botões. A única alteração significativa está na tela superior, que é ligeiramente maior e faz com que a imagem seja distorcida. Além disso, as três dimensões não podem ser visualizadas desse modo. Se você esperava jogar os novos Pokémon Black/White em 3D, pode voltar a esperar a próxima leva de monstrinhos.
No final das contas, vale a pena?
Promissor, mas sempre com um pé atrás
É inegável que o Nintendo 3DS realmente conseguiu superar todas as expectativas criadas antes de seu lançamento. A tridimensionalidade é nítida e funciona muito bem no vídeo de demonstração. Isso significa que os jogos seguirão a mesma linha? Difícil de dizer, mas realmente esperamos que sim. Se isso acontecer, não temos dúvidas de que a briga com o NGP vai estar em pé de igualdade.
A sensação de profundidade do aparelho só tem a oferecer boas experiências aos futuros lançamentos. Se a sensação que temos é de que há um mundo inteiro atrás da tela do console, o que dizer de games como Kid Ikarus, cujas propostas tentam reproduzir exatamente esse mergulho?
Por outro lado, o péssimo desempenho do 3D em tempo real também assusta. Se apenas alguns minutos de realidade aumentada foram o suficiente para nos causar sérias dores de cabeça, então os alertas da Big N sobre os cuidados realmente devem ser obedecidos para evitar maiores problemas. Além disso, ainda há chances de que alguns estúdios consigam apresentar imagens que causem o mesmo incômodo – embora torçamos para que isso não ocorra.
Em relação às demais novidades, é possível perceber que a Nintendo realmente se preocupou em melhorar seus sistemas anteriores com base em várias críticas feitas pelos fãs. Mesmo com alguns erros no processo, só o fato de termos um menu mais organizado e com vários elementos adicionais já torna a companhia merecedora de elogios.
Por fim, dizer se o 3DS vale ou não o investimento é complicado. A empresa realmente surpreendeu com tudo o que é oferecido, mas são os games que realmente vão fazer do portátil um sucesso – ou um fracasso. No entanto, se depender da casa do Mario, podemos crer que nunca mais veremos os jogos da mesma forma. Ou com a mesma profundidade.
Texto redigido por Durval Ramos para o Baixaki Jogos.
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