Em 2012, o físico da NASA Harold “Sonny” White revelou que ele e sua equipe estavam trabalhando no design de uma espaçonave mais rápida que a velocidade da luz, que usaria um motor de dobra real para alcançar esse feito. Agora, o cientista colaborou com um artista para criar um novo modelo, mais realista, de como seria esse veículo espacial na realidade.
As fotos mostram exatamente como deve parecer a nave que vai levar a humanidade a locais nunca antes visitados – e são capazes de fazer qualquer fã de Star Trek gritar como uma pequena garotinha Klingon. O artista Mark Rademaker, da Concept 3D, afirmou que trabalhou “com White para criar o modelo atualizado, que inclui o veículo elegante aninhado no centro de dois enormes anéis, usados para criar a bolha de dobra”.
A versão mais atual é a que você pode ver no início deste texto, bastante diferente do conceito original. De acordo com White, o modelo antigo foi renderizado pela Rademaker e é baseado em uma ideia de Matthew Jeffries, o homem responsável pelo “visual familiar de Star Trek”. Esta é a aparência da variação anterior da espaçonave de dobra:
Tudo conforme as regras
Habituado a trabalhar com soluções futuras de propulsão para viagens interplanetárias no futuro próximo, como propulsores de íons e plasma, White desenvolveu um trabalho teórico inédito que resolveu os problemas do conceito do motor de Alcubierre. Desenvolvida pelo físico Miguel Alcubierre, a tese permite viagens mais rápidas que a luz baseadas nas equações de campo de Einstein em relatividade geral.
Uma espaçonave equipada com um motor de dobra seria capaz de ultrapassar a velocidade da luz ao dobrar o espaço ao seu redor, encurtando as distâncias. No nível local, no entanto, o veículo não estaria se movendo mais rápido que a luz, o que significa que o motor de dobra não viola a “primeira lei” de Einstein, que diz que nada pode se mover mais rápido que a luz.
Na galeria a seguir, você pode conferir mais algumas imagens do modelo atual da nave e da IXS Enterprise, o conceito que White desenvolveu com a Rademaker, em sua fase de construção. “Talvez conseguirmos ter uma experiência similar a Star Trek ainda dentro do nosso tempo de vida não seja uma possibilidade tão remota assim”, diz o cientista.
Está acontecendo agora
Embora a nave propriamente dita ainda não passe de um conceito, isso não significa que ele foi feito simplesmente com base na crença de que um motor de dobra é teoricamente possível. Na realidade, a equipe de White que trabalha na Liderança Temática de Propulsão Avançada da Diretoria de Engenharia da NASA já começou a trabalhar na criação de uma versão real do motor.
Os pesquisadores iniciaram uma “plataforma de experimentação para interferômetro que vai tentar gerar e detectar uma instância microscópica de bolha de dobra”, usando um instrumento chamado Interferômetro de Campo de Dobra White-Judy. Embora isso possa parecer um feito pequeno agora, a principal implicação desse teste seria o surgimento de uma “prova de existência” – uma confirmação de que os estudos passam de teorias no papel.
“Em dezembro de 1942 nós vimos a primeira demonstração de uma reação nuclear controlada que gerou um ‘assombroso’ meio watt de energia. Essa prova de existência foi seguida pela ativação de um reator de quatro megawatts em novembro de 1943. A prova de existência para a aplicação prática de uma ideia científica por ser o ponto de transborda que impulsiona o desenvolvimento tecnológico”, explicou White.
No vídeo acima, você pode ver a apresentação de Harold White na conferência SpaceVision de 2013.
Dando um pulinho logo ali
Caso seu trabalho seja bem sucedido, o pesquisador afirma que seria capaz de criar um motor que nos levaria até Alpha Centauri “em duas semanas medidas pelos relógios aqui da Terra”. O tempo levado na viagem seria o mesmo que passaria aqui no nosso planeta e ele diz que não haveriam “forças avassaladoras ou problemas indevidos dentro da bolha e a aceleração sentida será zero. Quando o campo for ligado, ninguém será arremessado contra as paredes”.
Por mais que essas palavras sejam capazes de fazer qualquer fã de ficção científica sorrir de orelha a orelha, nos resta apenas esperar para vê-las em prática. E aí, ansiosos para ver até onde a humanidade vai conseguir ir nos próximos anos? Já está pensando na sua marmita interplanetária? Deixe sua opinião nos comentários.
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