(Fonte da imagem: Divulgação/NASA)
Entre os anos de 1998 e 2007, a agência espacial norte-americana realizou a primeira edição do NASA Institute for Advanced Concepts (NIAC), um programa que servia como porta de entrada para projetos inovadores de pesquisa que precisavam de patrocínio. Na época, foram inscritos 1.309 trabalhos, sendo que 126 acabaram selecionados para a primeira fase e, desses, 42 chegaram à segunda etapa.
No total, foram investidos mais de US$ 27 milhões (R$ 61,4 milhões) em projetos de nanobiotecnologia, elevadores espaciais, velas espaciais magnéticas e até mesmo no levantamento de locais em Marte que poderiam ser usados para pouso ou instalação de bases para a presença de humanos.
Em 2008, o Congresso dos Estados Unidos abriu um processo para investigar o resultado do programa. Graças a diversos resultados favoráveis e muitos elogios ao NIAC, a iniciativa foi relançada alguns anos atrás e, recentemente, a NASA acabou de anunciar os projetos que foram contemplados para a primeira fase e segunda fase da nova edição do programa.
Na lista a seguir estão os detalhes dos principais projetos selecionados, que juntos dão um panorama amplo das áreas de interesse da agência espacial norte-americana e, principalmente, em que tipo de pesquisa a NASA está investindo parte de seu orçamento no futuro.
1. Sistema de propulsão de pulso por fissão e fusão (PuFF)
O sistema utilizado para a criação desse propulsor já é velho conhecido da indústria bélica, desde a década de 50. Com base na física dominada na construção de armas, os responsáveis por este projeto tentam combinar a energia liberada por fissões e fusões nucleares e direcioná-la com a ajuda de um condutor magnético.
(Fonte da imagem: Reprodução/NASA)
A grande vantagem desse dispositivo seria oferecer o poder dos dispositivos de propulsão a fusão, mas com a simplicidade e as dimensões reduzidas dos sistemas de fissão. Isso pode trazer uma melhoria nunca antes vista na história da exploração espacial.
2. Sono profundo até Marte
A ideia de animação suspensa vem desde os desenhos animados de heróis, que divertiram as tardes de jovens do mundo todo. Antes de viajar para os confins do universo, o astronauta entrava em um estado de sono profundo, graças a técnicas de criogenia, sendo acordado no destino final.
Entretanto, parece que a realidade desse tipo de procedimento está mais próxima do que se imagina, com progressos medicinais já tendo avançado na direção de induzir um sono muito pesado e baixas taxas de metabolismos em humano por um grande período de tempo.
(Fonte da imagem: Reprodução/NASA)
Com esse tipo de tecnologia em mãos, a NASA estaria mais perto de enviar humanos para Marte com segurança e saúde, visto que o estado de “hibernação” ajudaria a eliminar os efeitos causados pela gravidade em uma viagem tão longa. Entre outras vantagens também estaria a redução de espaço e peso usado para manter astronautas acordados o tempo todo, o que tornaria a viagem mais barata.
3. Novo método de aterrissagem
Reduzir o tempo de desenvolvimento e descomplicar o processo de aterrissagem é a proposta enviada pelo Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. O conceito consiste em uma espécie de manta ou tapete bidimensional que possui pouca massa e oferece uma baixa taxa de arrasto, que faz com que a nave perca eficientemente sua velocidade e tenha uma estrutura mais robusta para o pouso.
Por serem leves e muito planas, essas mantas podem ser levadas aos montes em viagens e espalhadas pela superfície de Marte. E, para que tudo fique ainda melhor, o conceito leva em conta tecnologias em desenvolvimento que possam ser integradas ao produto, como chips repletos de sensores para análises científicas e sondas a laser.
(Fonte da imagem: Reprodução/NASA)
Caso o projeto obtenha sucesso, muito custo será reduzido ao eliminar o uso de foguetes, radares e outros tipos de estrutura ou sistemas necessários para o pouso atualmente.
4. Propulsor para minissatélites
Recentemente, muitos projetos de satélites pequenos, quase caseiros, têm sido divulgados pela internet. Alguns chegam até mesmo a usar smartphones como base para o funcionamento, graças aos recursos de câmera e aos inúmeros sensores que esses dispositivos costumam trazer.
(Fonte da imagem: Reprodução/NASA)
Infelizmente, esse tipo de satélite ainda fica em órbitas mais baixas, monitorando apenas a Terra. Mas, com a propulsão ideal, essas pequenas caixinhas poderiam enviar dados de diversos mundos do nosso Sistema Solar, como luas de planetas distantes. Dessa forma, Nathan Jerred, da Universities Space Research Association, pretende criar um sistema de propulsão híbrido, com fonte de energia tanto térmica quanto elétrica, capaz de levar satélites como o CubeSat para os nossos vizinhos mais distantes.
5. Hotel na estrada para a Lua
Este é, provavelmente, um dos projetos mais incríveis selecionados pela NASA e parece ter saído de um filme de ficção científica. O plano é entregar tecnologia necessária para o desenvolvimento e criação de um ambiente localizado em um dos pontos estacionários entre a Terra e a Lua.
(Fonte da imagem: Reprodução/NASA)
Além de esse “ponto de parada” poder ser usado como fonte de abastecimento de água e outros recursos para uma base lunar, o habitat proposto por Anthony Longman também seria um interessante ponto turístico para os mais aventureiros ou afortunados, assim como uma estação de pesquisa permanente.
6. Estudar interior de meteoros e cometas
Imagine poder estudar pequenos corpos celestes do nosso Sistema Solar, como meteoros e cometas, de maneira remota e obtendo detalhes importantes de sua estrutura interior, algo que, ainda hoje, apresenta mistérios para a humanidade.
A ideia demonstrada pelo Instituto de Ciência Planetária pretende usar determinadas partículas de raios cósmicos galácticos para realizar uma espécie de exame clínico nesses corpos do espaço. Algo semelhante já é feito na Terra durante pesquisas com vulcões e em estudos de arqueologia e, portanto, já se prova confiável.
(Fonte da imagem: Reprodução/NASA)
Entender melhor o interior de cometas e meteoros pode ser essencial para mecanismos de defesa contra possíveis colisões, além, é claro, de aumentar o conhecimento humano sobre esses objetos.
7. Impressora 3D para Marte
Durante uma estadia longa no Planeta Vermelho, muitos imprevistos podem acontecer: peças de equipamentos indispensáveis podem se quebrar ou acidentes podem causar ferimentos muitos graves em astronautas. A minutos-luz de distância do hospital mais próximo, talvez seja prudente ter em mãos não apenas um kit de primeiros socorros, mas uma impressora 3D capaz de criar as mais diversas peças.
Um dos diferenciais desse projeto é o fato de que a impressora será capaz de lidar tanto com materiais orgânicos quanto inorgânicos, podendo, inclusive, criar peças que misturem esses dois tipos de matéria-prima. Sendo assim, tanto o conserto de equipamentos quanto a cura de um ferimento poderia ser facilmente produzido pelo astronauta em missão.
(Fonte da imagem: Reprodução/NASA)
E não será preciso levar quilos de materiais para impressão: basta imprimir células capazes de secretar esse tipo de resíduo. Prático, não?
8. Exploração de ambientes extremos
Seja na Lua ou em Marte, sondas costumam se deparar com crateras ou morros que oferecem muita dificuldade de análise, graças ao ambiente hostil em que se encontram. Portanto, para combater a escuridão total de alguns locais ou a presença de muito gelo, Adrian Stoica, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, propõe o uso de TransFormers.
(Fonte da imagem: Reprodução/NASA)
Mas calma, não estamos falando do grupo liderado por Optimus Prime. Trata-se de uma plataforma multifuncional e que pode alterar seu formato e adaptar suas funções para diferentes terrenos. A principal proposta, por exemplo, prevê o desdobramento de painéis que refletiriam raios solares ao redor de uma sonda, iluminando o caminho dela e, ao mesmo tempo, transformando gelo em água líquida para análise.