A história da humanidade começou com a invenção da escrita e ela só foi possível porque existia onde armazenar informação. Desde então, a humanidade vem desenvolvendo melhores formas de registrar nossa memória para a posteridade. Desde os primeiros escritos em pedra até os atuais HDs e DVDs de armazenamento, todas essas são formas de guardar informação.
O principal objetivo das pesquisas sobre esse tipo de memória é justamente conseguir armazenar a maior quantidade de informação no menor espaço possível. Hoje em dia é possível ter armazenado todo o acervo de uma biblioteca dentro de um DVD. Mas como se deu esse progresso?
Uma Breve História da Memória...
O registro mais antigo de memória armazenada foram de desenhos encontrados em paredes de cavernas. Isso é considerado pré-história, pois ainda não havia sido desenvolvida a escrita. Ela surgiu a partir do aprimoramento desses desenhos, transformando imagens em ideogramas menores e depois em letras. Tudo isso ocorreu há mais de cinco mil anos.
Desde essa época até hoje houveram diversos avanços na tentativa de tornar o armazenamento mais eficaz. Os primeiros escritos em pedras e tábuas de argila ocupavam muito espaço. Surgiu então o papiro e logo em seguida o papel. Assim, transportar conhecimento ficou muito mais fácil e leve.
Durante muito tempo, os livros foram a melhor forma de armazenar tecnologia. Os mais antigos eram feitos de couro e pesavam muito mais do que os de papel, que logo os substituíram. Todo o trabalho de desenvolvimento de tecnologia era para fazer folhas mais leves e formas de impressão mais finas, capaz de armazenar muito mais informação em um espaço muito menor.
Com o avanço da tecnologia e o surgimento da informática, no século XX, surgiram as primeiras memórias digitais, utilizando a linguagem binária de 0 e 1. Cada ponto era um bit de informação e essas memórias conseguiam armazenar muitos bits em pouco espaço. Oito pontos formavam um byte e cada byte pode ser um caractere. Assim, muitas letras foram substituídas por vários pontos menores.
As primeiras formas de registro digital foram as magnéticas, utilizados bastante em disquetes e fitas K7. Aos poucos a eficiência desses disquetes foi melhorando e a densidade de informação aumentou. Densidade de informação pode ser entendida como a capacidade de armazenamento, dividido pela área ocupada Ou seja, quanto mais informação em um menor espaço, maior a densidade. Hoje em dia ainda utilizamos essa memória magnética em nossos HDs.
Além da memória magnética, temos as memórias óticas dos CDs, DVDs e Blu-rays . Elas utilizam raios de luz para armazenar e ler os bits de informação, e como a luz utilizada é muito menor do que os leitores magnéticos, as memórias óticas também têm maior densidade que as magnéticas.
Outro tipo de memória que está ganhando bastante espaço hoje em dia, justamente por ser barata e de grande densidade, é a memória flash. Ela armazena informações em um chip de silício, tal qual chips de computador. O grande problema dela é que um único dispositivo de armazenamento tem um limite físico de tamanho (que aumenta com o passar do tempo e a melhora da tecnologia)e atualmente os de 16 Gb ou 32 Gb são os maiores comumente encontrados no mercado. Porém, existem outros de até 256 Gb, apesar de terem preços mais caros .Uma forma bastante simples de resolver isso é ter vários dispositivos de memória flash combinados. Isso não melhora a densidade de informação, somente a quantidade.
O grande problema disso tudo é que quanto maior ficava a densidade da memória, menor era o tempo de duração da mídia que a continha, pois os meios ficavam muito mais frágeis e delicados. Os primeiros escritos em pedra, com densidade de memória muito menor, duraram até hoje, enquanto alguns disquetes feitos nos anos 80 já não podem ser mais lidos, pois se degradaram nesse meio tempo. Foi pensando nisso que pesquisadores começaram a desenvolver a “memória eterna”.
A memória que dura para sempre
A eternidade é algo difícil de mensurar. Mas sabe-se que ela dura por bastante tempo. Essa nova tecnologia, depois de passar por alguns testes, foi prevista para durar praticamente um bilhão de anos sem perder informações. Como até agora nem mesmo a humanidade conseguiu chegar perto do bilhão de anos, estão chamando essa nova tecnologia de Memória Eterna.
Ela funciona utilizando nanotecnologia de nanotubos de carbono. São pequenos tubos que contêm micropartículas de ferro. Esse ferro pode estar em uma de duas posições, indicando um 0 ou 1 no sistema binário. A grande questão é que esses microtubos são tão pequenos que é possível ter muito mais informação em uma área muito menor do que qualquer memória feita até hoje. Além disso, a constituição de carbono e ferro garante ao sistema uma estabilidade muito maior, conservando a informação por muito mais tempo.
Mas não é só isso a novidade. Pesquisadores conseguiram, utilizando diferentes frequências e ângulos de luz do leitor, armazenar até seis informações diferentes na mesma área. Assim, você consegue uma densidade muito maior, sem risco de perder conteúdo.
Todo esse sistema funciona alinhando esses nanotubos de carbono entre pequenas placas magnéticas, capazes de movimentar as micropartículas de ferro quando ativadas com eletricidade. Entretanto, esse sistema é tão pequeno que basta um simples elétron em uma dessas placas para movimentar o ferro. O leitor é ótico, feito com raios laser de diferentes frequências. Isso faz com que um mesmo raio possa, ao mesmo tempo, ativar as placas magnéticas e ler as informações dos nanotubos.
Aplicações dessa nova memória
Até agora, o sistema de armazenamento em fitas magnéticas é o que tem maior estabilidade e duração, mas, devido à sua forma de trabalho, é utilizado somente por bancos, algumas agências do governo e grandes empresas. A maioria das pessoas e instituições precisa recorrer à substituição de mídia, fazendo backups periódicos do material guardado. A ideia é que essas memórias eternas possam substituir os discos de armazenamento de grandes bancos de dados, bibliotecas, universidades, até mesmo chegando aos computadores pessoais.
O grande desafio será na fabricação. Os modelos desenvolvidos ainda são protótipos, ou seja, são modelos únicos feitos para testes. Ainda não se sabe como pode ser a produção dos nanotubos de carbono para venda em massa, nem quanto isso poderia sair. Como a tecnologia é bastante nova e não tão difundida, inicialmente imagina-se um preço muito alto para as memórias eternas. Mas, como ocorre com todas as tecnologias, com o tempo, o valor de produção tende a cair e essa forma de armazenamento pode se tornar muito mais popular.
Conclusão
As pesquisas ainda estão em andamento, por isso não existe previsão de quando algo assim possa vir para o mercado de consumidores. Mesmo assim, isso é um bom sinal, pois mostra que a humanidade está preocupada em guardar a sua história e sua memória por mais tempo. Além disso, essas memórias, por terem uma densidade muito maior do que qualquer outra já desenvolvida, conseguem armazenar muito mais informação do que conseguimos imaginar.
Imagine que em um pequeno espaço, em um chip de microtubos de carbono, seja capaz de guardar o que quisermos durante quanto tempo precisar. Os arqueólogos do futuro, do século XXX, não mais precisarão escavar sítios perdidos, mas sim desvendar e ler as memórias eternas para saberem como eram as pessoas no século XXI.
O que você acha desse novo tipo de tecnologia? O que você faria se tivesse algo assim em seu computador ou pendrive? Deixe aqui seu comentário e participe da discussão!
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