Vinil volta a ser uma alternativa para quem procura uma experiência intimista com a música (Fonte da imagem: Katie Mollon/Flickr)
Se você cresceu durante os anos 90, sem dúvida deve ter tido alguns discos de vinil em casa. Eles eram grandes e, depois de décadas de hegemonia, começavam a dar lugar para um formato digital e mais compacto: o CD. Em alguns anos, encontrar vinis se tornou tarefa árdua, pois sua fabricação foi interrompida e artistas lançavam apenas na nova mídia.
Com o passar do tempo, os sebos, um tradicional reduto de colecionadores e de quem está em busca de peças raras (ou mais baratas — ou as duas coisas), viraram a casa dos vinis. Atualmente, depois de anos no ostracismo, o bolachão, como são conhecidos os discos nesse formato, tem ganhado o mercado e suas vendas não param de crescer.
Além de discos usados encontrados em sebos, álbuns antigos são relançados em vinil e até mesmo novos trabalhos lançados por artistas ainda na ativa também ganham edições nesse tipo de mídia. Mas por que será que o vinil saiu das catacumbas da indústria fonográfica e hoje é a opção ideal para quem quer ter uma boa experiência sonora?
A qualidade importa?
Estamos na era da música digital e é bem provável que você que está lendo este texto nem se lembre exatamente da última vez em que comprou música. Serviços como YouTube e Grooveshark e álbuns compartilhados em sites de hospedagens ou programas P2P garantem acesso a uma biblioteca musical quase infinita e gratuita.
Podemos citar serviços de transmissão de música que cobram mensalidade por isso, como Deezer e Spotify, que também concorrem com a venda tradicional de músicas (tanto em mídia física quanto em formato digital). Então, a discussão acaba caindo para a questão da qualidade de áudio oferecida em cada um desses métodos.
Serviços de streaming têm um certo compromisso em oferecer áudio de alta qualidade, mas nem sempre isso acontece quando você escolhe baixar um álbum de modo “não oficial” ou escutá-lo no YouTube — mas convenhamos que não é todo mundo que se importa com isso de fato.
Clássico dos sebos, relançados ou novos lançamentos: o vinil está de volta. (Fonte da imagem: Sinister Salad Musikal)
Levando a discussão da qualidade para CD e vinil, a diferença entre ambos é basicamente imperceptível para o ouvido humano. Como nós escutamos sons com frequência máxima de 20.000 Hz, qualquer coisa acima disso, seja em um ou outro, não é identificada por nosso aparelho auditivo, deixando a diferença apenas para os gráficos e os detalhes técnicos como os graves e agudos que cada um percebe — e, nesse caso, as caixas de som utilizadas para a reprodução contam muito.
Tendo isso em mente, fica difícil sustentar que a gravação de um vinil apresenta mais qualidade do que a de um CD — lembre-se que estamos falando aqui do porquê de o vinil estar ressurgindo e batendo de frente com outras formas de consumir música pagando por isso.
Vinil: um jeito clássico de escutar música
Se cientificamente falando a qualidade de um CD e de um vinil é a mesma, o que acaba sobrando para explicar o retorno do bolachão é a experiência de uso que ele proporciona. O som da agulha dançando pelas ranhuras do disco, com aquele chiado característico, talvez seja o principal charme de um disco.
Apesar de custar em média muito mais caro do que um CD ou do que um disco digital adquirido em uma loja especializada, as vendas de vinil têm crescido em todo o mundo, o que mostra uma tendência. No Brasil, a participação de mercado desse tipo de mídia também cresceu mais de 30% durante o último ano.
Em outros países, como Inglaterra, Canadá e Estados Unidos, também foi registrado um grande aumento nas vendas, apesar da fatia de mercado do vinil ainda ser pequena se comparada a de outras formas de se adquirir música (apenas 0,8%, mas vale lembrar que, em 2007, era de somente 0,1%).
(Fonte da imagem: Plaits/Flickr)
Quem opta por comprar um vinil o faz porque quer uma experiência diferenciada com a música que está consumindo. O ato de tirar um disco de dentro de sua embalagem, remover a proteção de plástico que o envolve, encaixá-lo no toca-discos, posicionar a agulha e tudo mais é quase um ritual para quem aprecia música e procura uma forma mais íntima de se relacionar com ela.
Um momento dedicado à música
Diferente de um CD ou de outro formato digital, o vinil não permite muitas experiências portáteis — não pelo menos com toda a mobilidade de um discman (alguém ainda usa isso?) ou de um MP3 player/celular.
Isso significa que, sempre que você vai ouvir um bolachão, vai dedicar aquele momento à música. Sem dúvida, essa peculiaridade tem grande influência sobre a experiência com um toque de nostalgia que é colocar um disco na vitrola.
Explorar esse momento único pode acabar sendo a saída de quem trabalha com música, criando um diferencial capaz de fazer valer a pena investir algumas dezenas de reais em uma mídia grande, nada fácil de ser armazenada e um tanto quanto frágil.
Mas não se preocupe: se você prefere continuar baixando músicas pela internet, ouvindo a partir de serviços de streaming, comprando em lojas digitais ou ainda adquirindo CDs em vez de discos de vinil, tudo bem, pois o que vale mesmo é a forma como você percebe e aproveita a qualidade de cada formato.
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