Com aparelhos de boa qualidade e, na maioria das vezes, mais baratos do que os de seus concorrentes, a Motorola nos últimos dois anos se tornou uma das empresas que mais vendem smartphones no Brasil. Seja entre os modelos de entrada, intermediários ou tops de linha, a companhia conseguiu disponibilizar uma linha de produtos abrangente, com opções para praticamente todos os gostos.
Depois dos já conhecidos Novo Moto G e Novo Moto X, segunda geração dos modelos intermediário e top de linha, respectivamente, lançados no final do ano passado, agora chegou a vez do Moto E ganhar a segunda geração. O smartphone de entrada da Motorola chega às lojas em três versões: o Moto E 3G, o Moto E 4G e o Moto E 4G com DTV. Os preços oficiais variam entre R$ 569 e R$ 729.
O primeiro Moto E, lançado em maio de 2014, se destacou positivamente em nossa análise. Será que o sucessor dele conseguiu repetir o bom desempenho em nossos testes? Isso é o que você confere agora na análise completa do Motorola Moto E 4G DTV.
Testes de benchmark
Para a realização desta análise, submetemos o Motorola Moto E 4G DTV a quatro aplicativos de benchmark. São eles: 3D Mark (Ice Storm Unlimited), AnTuTu Benchmark 5, GFX Bench (T-Rex HD Off Screen e T-Rex HD On Screen) e Vellamo Mobile Benchmark (HTML 5 e Metal).
3D Mark (Ice Storm Unlimited)
O teste Ice Storm Unlimited, do 3D Mark, é utilizado para fazer comparações diretas entre processadores e GPUs. Fatores como resolução do display podem afetar o resultado final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
AnTuTu Benchmark 5
Um dos aplicativos de benchmark mais conceituados em sua categoria, o AnTuTu Benchmark 5 faz testes de interface, CPU, GPU e memória RAM. Os resultados são somados e geram uma pontuação final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
GFX Bench (Offscreen)
O GFX Bench é voltado para mensurar a qualidade gráfica. Isso inclui itens como estabilidade de desempenho, qualidade de renderização e consumo de energia. Os resultados são revelados em média de frames por segundo (FPS). Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Vellamo Mobile Benchmark
O Vellamo Mobile Benchmark aplica dois testes ao aparelho: HTML5 e Metal. No primeiro deles é avaliado o desempenho do smartphone no acesso direto à internet via browser. Já no teste Metal, o número final indica a performance do processador. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Design
A Motorola optou por manter um design muito próximo à versão anterior do Moto E nesta segunda geração. Assim, temos outra vez um aparelho com visual moderno e que aposta em linhas curvas na parte traseira. Essa característica torna o manuseio muito mais agradável, garantindo mais firmeza na pegada.
Novamente, a Motorola investiu na proteção do produto, e ele é à prova de respingos de água. Portanto, evite lavar ou mergulhar o celular, pois a garantia não cobre eventuais danos caso alguma coisa de errado aconteça. Outra novidade desta versão são as Motorola Bands, uma espécie de cinta colorida que recobre a lateral do aparelho.
A versão 4G DTV Colors conta com três opções de cores distintas: preta, roxa e verde. Substituir uma pela outra é um processo rápido e descomplicado, mas essa novidade traz consigo um ponto negativo: os botões laterais estão fixados nestas faixas e, caso você troque-os com muita frequência, eles podem ficar susceptíveis a estragar com mais facilidade.
Com a adição das Motorola Bands, a tampa traseira deixa de ser removível, impedindo que você acesse a bateria. As duas entradas para SIM card, bem como a entrada para cartão micro SD, estão localizadas na lateral. Outro detalhe curioso: a empresa optou por incluir um papel enrolado em uma entrada à parte com as informações de número de série e IMEI do produto. Com isso, a parte traseira do aparelho não foi poluída com elementos destoantes ao design.
Tela
Não dá para dizer que a tela do Motorola Moto E tem uma resolução boa, afinal estamos falando de um aparelho com 960x540 pixels de definição. Entretanto, essa densidade de pixels pode ser considerável razoável, a ponto de não incomodar de forma alguma o usuário. Além disso, levando-se em consideração a categoria do aparelho, dá pra dizer que ele está entre os melhores dentro da sua faixa de preço.
O display tem 4,5 polegadas e conta com a proteção Gorilla Glass 3, que minimiza arranhões e riscos na tela. Além disso, o aparelho conta ainda com a tecnologia IPS, que proporciona cores mais vivas e nítidas. A experiência de assistir a filmes e séries ou ainda desfrutar dos seus jogos preferidos não é comprometida pela densidade de pixels de 245 ppi.
O índice de controle de luminosidade é satisfatório, mas aqueles que gostam de telas mais brilhantes talvez fiquem um pouco decepcionados. O espaço que o display ocupa na parte frontal do aparelho é outro item que merece destaque. As bordas em relação ao vidro são finas, e o resultado disso é um design elegante e bastante funcional.
Interface
São poucos os aparelhos considerados “básicos” que chegam ao mercado hoje com a versão 5.0 do Android. É bem verdade que, a partir de agora, devem se tornar cada vez mais comuns os lançamentos já com o Lollipop embarcado, mas em um primeiro momento esse não deixa de ser um diferencial para o smartphone da Motorola.
A exemplo das escolhas realizadas pela empresa em aparelhos lançados anteriormente, o Android utilizado no modelo é praticamente “puro”, ou seja, sem modificações na interface. Além disso, o número de apps do fabricante que vêm pré-instalados no celular é bastante reduzido, de forma que o usuário pode aproveitar melhor o espaço disponível para armazenamento de conteúdo.
O resultado disso tudo é uma experiência agradável de uso, seja nos efeitos de transição entre telas ou mesmo na abertura ou no fechamento de aplicativos. O hardware disponibilizado é mais do que suficiente para a boa execução do sistema operacional, permitindo que mesmo em um celular de entrada o consumidor tenha acesso aos principais recursos da versão mais recente do Android.
Desempenho
A versão que recebemos da Motorola para testes é a 4G DTV, a mais completa entre os três aparelhos lançados pela empresa. Em relação à 4G, a única diferença é mesmo a TV Digital. Já no que diz respeito à versão 3G, há outros pontos que devem ser observados. A versão mais simples tem capacidade de armazenamento de apenas 8 GB e processador Snapdragon 200.
O aparelho vem equipado com um processador quad-core Snapdragon 410 e 1 GB de RAM, além de contar com 16 GB de espaço de armazenamento. Essa capacidade pode ser considerada acima da média, se levarmos em consideração que estamos falando de um aparelho de entrada. Nas demais versões, o espaço de armazenamento é de 8 GB. A capacidade dos modelos é expansível com cartão micro SD.
Em termos de desempenho, tivemos uma grata surpresa com os resultados. Games que exigem uma boa dose de potencial gráfico, como Blood & Glory: Immortal ou Need For Speed: No Limits foram executados com algumas quedas de frame e travamentos leves. Entretanto, em nenhum dos casos os problemas foram um empecilho para a diversão. Na transição entre aplicativos, o resultado também foi satisfatório.
Bateria
A duração de bateria do Moto E é um aspecto que nos surpreendeu de forma positiva. Caso você utilize o aparelho de forma moderada ao longo do dia, certamente não terá problemas em fazer com que sua carga dure um dia inteiro. Em nossos testes, usando o aparelho entre as 9h e as 21h, o celular chegou ao fim do dia com cerca de 20% da carga.
Entretanto, caso você opte por assistir a vídeos ou TV ao longo do dia, nossa sugestão é que leve sempre o carregador. Essas atividades consomem um pouco mais da bateria, drenando-a por completo em poucas horas. Para quem pretende fazer um uso mais intenso do aparelho, o conselho é o mesmo: cerca de sete ou oito horas de uso fazem com que a carga termine.
Câmera
A câmera traseira do Motorola Moto E é compatível com a de um aparelho considerado de entrada. Ela tem 5 megapixels de resolução e garante imagens razoáveis em boas condições de luminosidade. Entretanto, percebemos um alto índice de distorção nas cores, característica que se acentua em fotos noturnas. Apesar disso, o resultado final é aceitável.
A câmera frontal é apenas VGA. Não dá para dizer que é uma câmera perfeita para selfies, mas os resultados obtidos são suficientes para não deixar ninguém na mão. Mas, se você está buscando algo melhor nesse quesito, passe longe. Há outro recurso bem interessante e útil: ao sacudir o celular, com a câmera aberta, você pode alternar entre a câmera traseira e frontal com rapidez.
Qualidade de áudio
A segunda geração do Motorola Moto E não traz nada além do básico quando o assunto é a qualidade de áudio. Não há como exigir muito de um aparelho dentro dessa faixa de preço, mas podemos considerar satisfatório o que ouvimos. Ele vem acompanhado por fones de ouvido simples, que destacam bastante os agudos e distorcem um pouco os graves com o volume no máximo. Em níveis intermediários há menos distorção, mas em alguns momentos a sonoridade dos canais fica um pouco confusa.
Já a qualidade de áudio do celular em si é apenas razoável. O alto-falante frontal não chega a comprometer a experiência sonora, mas aqueles mais detalhistas podem se sentir um pouco incomodados. Entretanto, lembramos novamente: estamos falando de um celular de entrada, e os resultados são perfeitamente aceitáveis.
O Motorola Moto E de segunda geração é compatível ainda com Rádio FM. Para isso, basta plugar os fones de ouvido para ouvir as suas emissoras preferidas. Uma dica interessante é conectar os fones de ouvido e ativar o Bluetooth. Com isso, ao parear o celular com uma caixa acústica, por exemplo, você pode ouvir não apenas serviços como Spotify ou YouTube, mas também as emissoras de rádio FM.
Recursos extras
A versão mais completa do Motorola Moto E é compatível também com TV Digital. Para isso, o aparelho conta com um plugue externo de antena para que a qualidade do sinal seja ainda melhor. Se você preferir, é possível sintonizar alguns canais usando apenas os fones de ouvido, mas a qualidade é inferior. Você pode ainda gravar a programação da TV. A qualidade de recepção do sinal é boa, mas obviamente a quantidade de canais varia de acordo com a sua localidade.
Outra boa notícia para quem busca aparelhos dual SIM é a compatibilidade com dois chips 4G. O sistema aprende com o seu histórico de chamadas qual SIM card você utiliza para ligações ou dados, por exemplo, e faz a seleção automática antes do uso. Na versão brasileira do produto, o Moto E identifica automaticamente até mesmo a operadora para a qual você está ligando e seleciona o SIM card correspondente, diminuindo o custo das suas ligações.
Vale a pena?
Embora após nossos testes não tenha ficado nenhuma dúvida de que o Motorola Moto E é um aparelho interessante em termos técnicos, é importante ficar atento ao seu posicionamento de mercado que, nesta segunda geração, parece em um primeiro momento um pouco confuso. Antes de tudo, é difícil conceber um chamado “smartphone de entrada” que custe mais do que R$ 500.
Entretanto, as configurações que o Motorola Moto E oferece colocam o aparelho um pouco acima da média dos aparelhos de entrada dos concorrentes. Se tecnicamente isso é bom, por outro lado fica um pouco difícil considerar o celular como “básico”, tendo em vista outras opções disponíveis no mercado. Some a isso o fato de que o intermediário da Motorola, o Novo Moto G, custa praticamente o mesmo preço e oferece um hardware parecido. Ou seja: vale a pena investir um pouco mais e levar um aparelho um pouco melhor.
Contudo, o Motorola Moto E por si só se basta para quem está procurando um aparelho mais simples. Bom desempenho na maioria dos aplicativos, Android puro, design versátil e resistente, além de uma bateria capaz de aguentar o dia todo em uso moderado, são algumas das características que tornam o modelo uma excelente escolha para o consumidor.
Mais uma vez, a Motorola acerta em um lançamento no Brasil, mas talvez seja preciso rever o posicionamento do produto no mercado. Ou os modelos de entrada ficaram melhores e mais caros ou o Moto E deveria ser tratado como mais uma alternativa no segmento de intermediários.