A mobilidade elétrica é muito mais do que uma simples mudança de combustível. Ela é um catalisador poderoso para transformações em larga escala, especialmente no que diz respeito aos critérios ESG (Ambientais, Sociais e de Governança). É fundamental compreendermos que essa transição para veículos elétricos impacta cada um desses pilares.
Ambientalmente, a mobilidade elétrica é um divisor de águas. Ao substituir os veículos movidos a combustão, os elétricos contribuem para a redução das emissões de gases de efeito estufa e melhoram a qualidade do ar nas áreas urbanas. Além disso, a adoção generalizada de modelos elétricos impulsiona a demanda por fontes de energia limpa, como a solar e a eólica, fortalecendo assim a infraestrutura sustentável.
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No aspecto social, a transição para a mobilidade elétrica influencia diretamente as comunidades. A produção e manutenção de veículos elétricos criam novas oportunidades de emprego em setores relacionados, como a fabricação de baterias e a infraestrutura de carregamento. Além disso, a redução da poluição sonora proveniente de motores a combustão beneficia a qualidade de vida das populações urbanas, promovendo um ambiente mais saudável.
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Quanto à governança, a mobilidade elétrica está intrinsecamente ligada a políticas e regulamentações. Governos e empresas estão cada vez mais alinhados com objetivos de sustentabilidade, implementando incentivos fiscais e regulamentações favoráveis aos veículos elétricos. A transparência e a responsabilidade na cadeia de suprimentos de baterias e componentes também se tornam critérios-chave de governança.
Mobilidade elétrica e sustentabilidade estão totalmente relacionados à práticas de ESG.
A eletrificação de frotas, por exemplo, é uma estratégia que tem ganhado destaque no mundo corporativo, não apenas por seus benefícios econômicos, mas também por seu impacto significativo nos critérios das empresas. Essa é uma medida eficaz na redução da pegada de carbono das companhias.
Ao substituir veículos movidos a combustíveis fósseis por modelos elétricos, as empresas contribuem diretamente para a diminuição das emissões de gases e a melhoria do ar que respiramos. O crescimento da frota elétrica também impacta a busca por fontes de energia limpa e renovável, alinhando as empresas com práticas mais sustentáveis.
Hoje, 13% das emissões de CO2 mundiais são provenientes de transportes, sendo 91% do modelo rodoviário, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) e o Climate Watch (CAIT) - Country Greenhouse Gas Emissions Data.
A implementação bem-sucedida de frotas elétricas requer uma abordagem transparente e eficaz na gestão, alinhada com princípios de responsabilidade corporativa.
Além disso, as empresas que adotam modelos elétricos estão muitas vezes sujeitas a regulamentações e políticas governamentais que promovem a sustentabilidade e a redução das emissões de carbono.
Segundo um estudo realizado pela Boston Consulting Group, empresa de consultoria global, em sete anos, em 2030, a frota de veículos PHEV (Plug-in Hybrid Electric Vehicle, veículo elétrico plugável) e BEV (Battery Electric Vehicle, veículo elétrico a bateria) deverá aumentar 160 vezes, passando das 31 mil unidades para 507 mil, que ainda prevê que haverá a necessidade de investimentos de R$14 bilhões no mercado de infraestrutura de carregamento para mobilidade elétrica até 2035.
A transição para frotas eletrificadas não é apenas uma escolha tecnológica, mas uma decisão estratégica que molda a posição de uma empresa no contexto ESG. Ao abordar desafios ambientais, promover benefícios sociais e alinhar-se a boas práticas de governança, as empresas que investem em modelos elétricos estão não apenas impulsionando sua eficiência operacional, mas também construindo um legado de responsabilidade ambiental e social. Neste sentido, os veículos elétricos emergem como um pilar fundamental na construção de um futuro mais sustentável e equitativo.
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Marcos Nogueira, COO da GreenV, mobilitytech que desenvolve tecnologias inteligentes em mobilidade elétrica.