Por Marcos Nogueira.
A matriz elétrica brasileira é um trunfo, quando falamos do futuro da mobilidade elétrica no país. O principal motivo? Grande parte da energia consumida no Brasil é considerada “limpa”, pois tem como origem usinas hidrelétricas, parques eólicos e fazendas solares fotovoltaicas.
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Estima-se que cerca de 82,9% da energia tem como origem fontes renováveis, diferentemente de boa parte da Europa, por exemplo, que ainda faz uso de usinas termelétricas, movidas por carvão ou diesel, como forma de geração de energia para o abastecimento dos consumidores.
Neste quesito, estamos muito na frente! A transição energética é um importante avanço para o futuro do país e, atualmente, iniciativas que unem órgãos públicos e empresas privadas têm acelerado essa jornada. O Brasil é um dos países com maior potencial de adoção de veículos movidos à bateria elétrica. Segundo o estudo “Acelerando a mudança rumo à Mobilidade Sustentável no Brasil”, da McKinsey & Company, em menos de 20 anos, o Brasil deverá ter 11 milhões de automóveis movidos à bateria (100% BEV - Battery Electric Vehicle). O volume vai representar 55% das vendas de novos veículos, 20% de todo parque instalado e uma receita anual de US$65 bilhões.
Entretanto, para acompanhar essa demanda e aproveitar as oportunidades, a indústria precisa se transformar e se adequar ao novo mercado.
Além disso, o poder público, em todas as esferas, deve incentivar e criar parcerias público-privada (PPPs), para que o país se prepare e possa oferecer uma infraestrutura que consiga corresponder ao crescente aumento da frota de modelos eletrificados.
Também, segundo o mesmo estudo, foi realizada uma pesquisa com mais de 3 mil pessoas no Brasil, com idades entre 30 e 49 anos, renda mensal entre R$ 4 mil e R$ 12 mil e moradores de centros urbanos. Os resultados comprovam que o brasileiro é mais sensível às questões sustentáveis e à mobilidade elétrica, em comparação a outras nacionalidades, o que sinaliza a intenção da adoção das novas práticas.
Apesar de ainda existirem gargalos, como o preço dos veículos elétricos e a falta de uma infraestrutura robusta de recarga nas viagens rodoviárias, que, até o momento, são consideradas barreiras maiores em comparação com consumidores de outros países (há de se considerar a extensão territorial do Brasil).
Outro aspecto analisado e que confirma a preocupação dos brasileiros com a sustentabilidade, é que, dentre os entrevistados, 44% buscam uma alternativa sustentável para seus trajetos, quando a média mundial é de 33%. Outros 24% se consideram entusiastas da mobilidade livre de emissões, contra apenas 18% na média mundial.
A efetiva participação de governos e empresas em relação à mobilidade elétrica, definirá a Revolução Elétrica.
De acordo com os resultados dessa pesquisa, quando questionados sobre a possibilidade de adquirir um veículo sustentável, 26% dos brasileiros afirmaram que essa seria a sua primeira opção. Dentre esse grupo, 15% manifestaram interesse em um carro 100% elétrico, enquanto 11% expressaram preferência por um automóvel híbrido. Esses números refletem um crescente interesse da população brasileira por soluções de mobilidade mais amigáveis ao meio ambiente e impulsionam a adoção de tecnologias mais limpas e sustentáveis no setor automobilístico.
Com os dados desse estudo, podemos dizer que o Brasil está diante de um grande desafio, que se traduz em novas oportunidades na eletrificação de meios de transporte e implantação de infraestrutura de recarga. Para aproveitá-las, são necessários investimentos para acompanhar as tendências mundiais, para se evitar defasagem tecnológica e dependência de importações.
Ao longo das próximas décadas, vamos vivenciar uma grande transformação na indústria pró-mobilidade no Brasil. As tendências evidenciadas na China, Estados Unidos e Europa serão adotadas, criando oportunidades de negócios em todas as etapas da cadeia de valor do setor. Hoje, estima-se que a indústria soma US$1 bilhão de receita anual no Brasil, mas esse número será ampliado em pouco tempo, podendo quadruplicar até 2025.
Por esse motivo, reiteramos que, para alcançarmos um futuro verdadeiramente sustentável e com consumidores conscientes, a revolução elétrica depende não apenas da transição dos veículos, mas também da efetiva participação de governos e empresas em relação à mobilidade elétrica. Esforços e investimentos constantes são fundamentais, assim como o apoio aos consumidores que optam por modelos elétricos e a implementação de políticas de incentivo ao setor.
O Brasil apresenta um dos maiores potenciais para adoção de veículos movidos à bateria, o que torna ainda mais crucial que avancemos nessa direção de forma mais acelerada. Ao trabalharmos juntos em direção a um futuro sustentável, poderemos colher os benefícios de uma mobilidade mais limpa, eficiente e responsável com o meio ambiente.
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Marcos Nogueira, COO da GreenV, mobilitytech que desenvolve tecnologias inteligentes em mobilidade elétrica.
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