*Por Marcos Nogueira.
O último levantamento anual da Long-Term Electric Vehicle Outlook (EVO), relatório da empresa de pesquisa BloombergNEF (BNEF), revelou que a implantação de veículos elétricos crescerá exponencialmente nos próximos anos, ultrapassando a marca dos 100 milhões de unidades de passageiros até 2026, saltando para 700 milhões até 2040.
O processo de eletrificação, que teve início a partir dos carros de passeio, já há algum tempo, vem ocorrendo em todo o planeta. Agora chegou a vez dos veículos de transporte de cargas e de pessoas darem início a esse processo. Essa transformação vem crescendo de forma acelerada em economias emergentes como Brasil, Índia, Tailândia e Indonésia.
Para se ter uma ideia do tamanho desse setor, o valor das vendas dos modelos elétricos, em todos os segmentos, ou seja, leves e pesados, atingirá US$8,8 trilhões em 2030 e a projeção para 2050 é chegar aos U$S 57 trilhões.
Pensando estrategicamente, veículos elétricos e baterias passaram a ter importância central nos planos de diversos países, e a disputa para atrair investimentos aumentará nos próximos anos. O mesmo relatório também apresenta um Cenário Net Zero, projetando uma frota global de emissão zero até meados do século. Apesar de mostrar que alguns segmentos estão bem próximos da meta – como vans comerciais e veículos de passeio – no cenário rodoviário, os caminhões pesados são os que mais necessitam de políticas públicas.
Investimentos em infraestrutura, conexões de rede e processos de licenciamento simplificados são necessários para suportar o grande número de pontos de carregamento indispensáveis para a transição de caminhões.
Ônibus elétricos são a nova aposta em transporte público no Brasil.
No Brasil, o setor de logística arrecada cerca de R$750 bilhões, sendo responsável por 12,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Agora, algumas empresas começam a tirar do papel projetos de eletrificação das operações. A chamada “logística verde” faz as companhias investirem em veículos e equipamentos eletrificados - como vans, caminhões e empilhadeiras.
Poucas pessoas sabem, mas a chinesa BYD oferece a tecnologia das empilhadeiras elétricas desde 2015, quando ainda não era conhecida da maior parte do público. Porém, a ampliação das frotas e dos equipamentos movidos a bateria no setor logístico traz à tona a necessidade de uma infraestrutura de recarga adequada dentro das empresas.
Mesmo não tendo uma política pública bem definida no Brasil, algumas empresas já se movimentam no sentido da eletrificação de suas frotas. Recentemente, a GreenV e a Unilever, multinacional britânica considerada a terceira maior empresa de bens de consumo do mundo, firmaram uma parceria que prevê a instalação de pontos de carregamento para a nova frota de veículos elétricos da Kibon.
A marca, líder nacional em sorvetes, também está empenhada no objetivo de eliminar a emissão de CO² da Unilever. O plano é que, até 2026, todos os centros de distribuição da Kibon (CD) tenham uma frota elétrica. O primeiro CD da Kibon a receber as versões de carros elétricos é o de Taboão da Serra, que passa a ter cinco veículos de energia 100% limpa na frota, e outros 15 devem ser incorporados nas frotas de CD’s do país até o fim do ano.
Outra companhia que também já se posicionou neste sentido é a JBS, maior empresa de alimentos do mundo. A marca lançou a No Carbon, companhia especializada em locação de caminhões 100% elétricos. Inicialmente, o foco de atuação do novo braço sustentável da indústria é atender às operações logísticas da indústria, abrangendo a distribuição de produtos das marcas Friboi, Seara e Swift.
Os caminhões da No Carbon possuem 170 quilômetros de autonomia, capacidade de até 4 toneladas de carga e são equipados com baús frigoríficos, armazenando, simultaneamente, produtos resfriados e congelados.
Uma última modalidade de frotas, a de ônibus elétricos para o transporte público, começa a ganhar tração no Brasil. E essa diversificação é extremamente importante. Afinal, as frotas de ônibus estão ganhando um papel de destaque no setor.
Nesse sentido, vale destacar a empresa Marcopolo, que iniciou o cronograma de operações das primeiras unidades do Attivi Integral, ônibus elétrico com chassis e carroceria desenvolvidos pela marca. A empresa está de olho na demanda crescente por eletrificação no transporte público, a companhia começa disponibilizar seus veículos para avaliação em diferentes cidades do país.
O movimento da indústria de pesados em direção aos elétricos é animadora, a Eletra, por exemplo, acaba de inaugurar uma moderna fábrica de ônibus elétricos em São Bernardo do Campo (SP). O evento de inauguração contou com a presença e o prestígio de diversas autoridades do governo federal e estadual.
****
Marcos Nogueira, COO da GreenV, mobilitytech que desenvolve tecnologias inteligentes em mobilidade elétrica.
Categorias