Por Marcos Nogueira
De forma direta, mobilidade elétrica é a eletrificação dos meios de transporte, com a troca dos combustíveis fósseis por eletricidade, para a locomoção. Diversos modais já utilizam essa propulsão mais eficiente, como ônibus, carros, motos e scooters, bicicletas e patinetes. Mas a revolução elétrica vai muito além. Ela já é realidade e transforma o ambiente onde vivemos, abrangendo todo o planeta.
Além de ser uma escolha sustentável, a adoção da mobilidade elétrica proporciona a redução de agentes causadores de danos ao meio ambiente. Quase uma unanimidade entre cientistas e estudiosos, o transporte de pessoas e cargas, por meio de veículos elétricos, é uma das maiores apostas dos próximos anos, graças ao avanço tecnológico atual. Ou seja, é a “eletrificação de tudo” que já é realidade!
A eletrificação está em expansão, especialmente no Brasil, que trabalha para reduzir os impactos ambientais por meio desses veículos.
A cidade de São Paulo, metrópole mais pulsante do Brasil, conta hoje com o maior número de veículos elétricos circulantes. Outras cidades do país também já contemplam, em suas ruas e avenidas, o crescente aumento do número de modelos elétricos em circulação.
Outro indicador que mostra facilmente o reflexo dessa transformação, é o aumento exponencial no número de estações de carregamento pelas cidades, principalmente em shoppings, estacionamentos e em empreendimentos comerciais – novos e com retrofit nos mais antigos. Novos eletropostos começam a ganhar espaço na paisagem, muitos em “postos de abastecimento” puramente elétricos!
Diversos aspectos estão impulsionando a revolução elétrica. Talvez uma das mais visíveis seja o caso dos jovens da denominada “Geração Z”, nascidos entre 1995 e 2010. Tal geração procura se “associar” e consumir marcas e produtos que tenham como propósito uma preocupação maior com a sustentabilidade.
Isto significa que, para esse público, um automóvel é apenas uma forma de locomoção, não há preocupação com status ou ostentação em possuir o bem, mas sim a adoção de um meio sustentável e muito mais eficiente. E se tratando de eficiência energética, os veículos elétricos ganham com sobra, quando comparados aos veículos tradicionais. Um relatório da Apex Fintech Solutions mostrou, dentre outras coisas, a alta demanda de investidores dessa geração em empresas que apostam em mobilidade elétrica.
Essa movimentação é levada muito a sério pelo setor. Um exemplo é a Volvo Car Brasil: a montadora passou a contar com duas embaixadoras da marca: a atriz Maisa Silva, de 20 anos; e a ginasta e medalhista olímpica Rebeca Andrade, de 23 anos; ambas já circulam com o modelo XC40 Pure Electric.
Um dos maiores desafios na construção de veículos elétricos é a bateria. Este item é essencial para garantir a autonomia dos veículos, com durabilidade e segurança. O desenvolvimento e pesquisa é intenso, com a adoção de novos componentes na confecção das células individuais, que compõem o conjunto que fornece a energia para o motor elétrico. Diversas empresas estão trabalhando nesse sentido, levando à descoberta de novas alternativas, cada vez mais eficientes e com custos menores.
Para que possamos receber ainda mais veículos elétricos em território brasileiro, é necessário um maior investimentos em locais destinados a carga elétrica.
A companhia americana Enevate, é um bom exemplo, ao apresentar um novo modelo de bateria que carrega 75% de sua capacidade em apenas cinco minutos. No contexto das opções de carregamento, a montadora alemã BMW segue nas pesquisas para o uso de carregadores sem conexão física com o veículo, através da tecnologia sem fio – wireless. A proposta é carregar as baterias através de uma placa instalada no chão, que irá carregar a bateria por acoplamento magnético, bastando que o veículo seja posicionado sobre uma placa instalada no piso.
De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), em 2022 houve um aumento de 43% na venda de carros elétricos no Brasil. Para que os usuários possam ter tranquilidade com a recarga, a oferta de pontos de carregamento deve ser ampliada por todo o Brasil. Atualmente, o país possui pouco mais de 2.800 pontos de recarga em locais públicos e semi públicos, além daqueles presentes em ambientes de uso privado.
Outro diferencial brasileiro, na questão da mobilidade elétrica, é o fato de termos praticamente toda a nossa matriz energética originária de fontes sustentáveis. Realidade bem diferente de alguns países europeus e até dos Estado Unidos, que obtém energia de fontes não renováveis. Por termos essa característica, o Brasil tem tudo para despontar no cenário mundial da mobilidade elétrica.
Segundo as previsões que estão no 2º Anuário de Mobilidade Elétrica (publicação da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica - PNME), a partir de 2030 o Brasil poderá comercializar 800 mil veículos elétricos e híbridos por ano. E na última edição do Global Electric Vehicle Outlook, publicação da IEA - International Energy Agency ou Agência Internacional de Energia, mostra que cerca de 10 milhões de carros elétricos e híbridos plug-in foram comercializados em 2022. Para 2023, as vendas devem avançar mais de 35%, chegando a 14 milhões de unidades.
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Marcos Nogueira, COO da GreenV, mobilitytech que desenvolve tecnologias inteligentes em mobilidade elétrica.
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