A Fórmula 1 é a principal competição de corrida esportiva e automobilismo em todo o mundo, inclusive, o número 1 é justamente porque a modalidade é considerada a primeira competição oficial de carros de corrida. Apesar disso, a Fórmula E é a primeira competição de carros elétricos do mundo e pode ser a única a continuar em um futuro distante, principalmente, quando o setor de veículos elétricos ganhar mais força.
Com corridas em todo o mundo, como na Inglaterra, Estados Unidos e França, a categoria também é considerada uma 'plataforma de testes' de tecnologias do setor. A história é semelhante ao que aconteceu com a Fórmula 1, que também ajudou a desenvolver diversas tecnologias para o mercado de carros movidos a combustão.
Como é administrada pela FIA, a FE tem as mesmas regras que outras corridas competitivas, baseada em pontos.Fonte: Fórmula E
O que é a Fórmula E?
Organizada pela FIA (Federação Internacional do Automóvel), a Fórmula E já conta com 12 equipes e 24 pilotos nas pistas, contudo, a primeira corrida da competição foi realizada há poucos anos, em 2014, no Parque Olímpico de Pequim, na China — em comparação, a Fórmula 1 fez suas primeiras corridas durante a década de 1950.
Desde sua estreia em 2014, o campeonato vem ganhando mais público e visibilidade no meio esportivo.
Apesar de ainda estar no início de uma longa jornada, a Fórmula E já é considerada extremamente valiosa para o setor de veículos elétricos, já que podem surgir diferentes soluções para a mobilidade sustentável a partir das inovações criadas para os carros elétricos de competições — sejam elas pequenas ou grandiosas.
Por exemplo, uma das novidades criadas para os veículos da Fórmula E é o sistema de recarga rápido da multinacional ABB, que pode recarregar até 600 kW em segundos. Caso a tecnologia seja aplicada no setor comercial de carros elétricos, é possível que o tempo de recarga seja semelhante ao tempo de abastecimento de um veículo comum.
A bateria dos carros foi um problema durante as primeiras quatro temporadas das Fórmula E, mas isso vem mudando nos últimos anos.Fonte: Fórmula E
“Hoje, o grande problema dos elétricos é o gerenciamento da bateria e o sistema de recarga rápido. Uma vez resolvidos, eles poderão trazer uma enorme evolução do que já temos hoje nas ruas”, disse o engenheiro e professor da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), Ricardo Kenzo Motomatsu, em entrevista à Folha de S.Paulo.
Como funciona a Fórmula E?
Diferentemente da F1, todos os pilotos da FE pilotam os mesmos carros, criando ainda mais competitividade entre as equipes. Entre outras diferenças, a Fórmula E é realizada em apenas um dia e oferece interação real com os espectadores por meio de diferentes formas, por exemplo, até a 8ª temporada da competição, o “fanboost” liberava cinco segundos de aumento de potência para o piloto que ganhasse uma votação popular — o recurso não estará mais disponível a partir deste ano.
Apesar de serem todos iguais, os carros têm diferentes designs e patrocinadores — ou seja, eles não são visivelmente parecidos, mas são os mesmos modelos. As máquinas usam dois motores elétricos e uma bateria, que podem ser tão barulhentos quanto os veículos comuns usados na F1, já que o som dos motores elétricos pode chegar a até 80 dB de ruídos.
#GEN3 in more detail! pic.twitter.com/5TKQO0PMJn
— ABB FIA Formula E World Championship (@FIAFormulaE) May 8, 2022
Quase como em jogos de videogame, o Modo de Ataque da Fórmula E oferece 35 kW de potência extra aos pilotos que passarem por uma zona específica da pista — funciona como o boost temporário dos games de corrida, que aumenta a velocidade do jogador por alguns segundos.
Brasil na Fórmula E
O brasileiro, e entusiasta no setor de veículos elétricos, Lucas Di Grassi é um dos pilotos da Fórmula E, desde a inauguração em 2014 — inclusive, ele é investidor em startups do setor. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o piloto disse que existe grande potencial das inovações tecnológicas serem usadas no mercado comercial, contudo, existe um intervalo de tempo de até seis anos para a tecnologia chegar aos consumidores finais.
O brasileiro Sérgio Sette Câmara também competirá na edição 2023 do evento; em outras temporadas, Nelsinho Piquet (foto) e Felipe Massa foram pilotos da categoria.Fonte: Fórmula E
Di Grassi até comentou sobre o modelo Gen3, previsto para chegar neste ano com tração nas quatro rodas e oferecer cerca de 810 cavalos de potência, ou 600 kW de energia elétrica. Assim, será possível carregar a bateria do novo veículo em segundos com o equipamento de recarga desenvolvido pela ABB.
A 9ª temporada da Fórmula E tem previsão para iniciar no dia 14 de janeiro, no México, e deve finalizar no dia 30 de julho, na Inglaterra. Felizmente, no dia 25 de março, uma das etapas das será realizada em um circuito no Sambódromo do Anhembi, na cidade de São Paulo — a data marca a primeira corrida da FE no Brasil.