Os veículos eletrificados conquistaram seu espaço no mercado automotivo mundial, definitivamente. Já estão espalhados por diversos países e começam a ser cada vez mais desejados e notados na paisagem urbana e rodoviária. Basta circular por alguns minutos, que certamente você vai se deparar com algum modelo, seja ele 100% elétrico, seja híbrido.
Independentemente da marca que escolher, ele terá em seu assoalho, ou seja, na parte inferior do carro, baterias supermodernas fabricadas à base de íons de lítio. Mesmo sendo considerado um veículo com emissão zero, no caso dos modelos totalmente elétricos, as baterias usadas geram questionamentos.
Entretanto, algumas iniciativas começam a dar um destino sustentável e até uma "segunda vida" para esse item que impulsiona a revolução elétrica no planeta.
Apesar de não haver, ainda, uma padronização para a reciclagem desse material, pois cada fabricante de carros ou baterias desenvolve o produto com tecnologias específicas que passam por processos químicos diferentes para obter mais rendimento das células, o futuro do mercado de reciclagem é muito promissor.
Algumas empresas fora do Brasil estão se preparando para atuar na recuperação das baterias de lítio, já nos próximos anos. Esses investimentos caminham em paralelo aos aportes para o desenvolvimento de baterias mais eficientes e tecnológicas, e isso é fundamental.
Uma tendência que pode impulsionar o setor, e que já funciona em outros segmentos da indústria, é a chamada economia circular, um conceito estratégico focado na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Mas como poderia ser empregada?
No Brasil, algumas iniciativas já estão estudando como desenvolver um processo sustentável que garanta a recuperação de compostos químicos das baterias.
Fonte: Gettyimages
A ideia envolveria a reciclagem contínua dos componentes, que poderiam ser reutilizados em outras baterias por até 50 anos. Algumas empresas aderiram ao conceito na frente. É o caso da Redwood Materials, formada por ex-executivos da Tesla; da europeia Northvolt e da Li-Cycle, com sede em Toronto. Eles estão trabalhando para retirar o máximo de peças e refazê-las em algo novo.
Outros players também estão se preparando para dar um destino mais nobre para as baterias usadas. A OnTo Technology prevê um mercado bem aquecido a partir de 2025 e já estuda formas de produzir novos eletrodos para baterias a partir de materiais extraídos das usadas, evitando o descarte completo. Essa preocupação também faz parte do dia a dia da indústria automotiva.
A Tesla afirmou que usará as baterias que não servem mais em veículos para fornecer energia à sua Gigafactory, onde produz seus modelos. Por outro lado, a chinesa BYD pretende destinar o que for possível para suas estações de recarga estacionárias.
Além da importância ambiental, o uso sustentável das baterias é importante e necessário. A demanda por lítio já promete elevar em quatro vezes o consumo da principal matéria-prima das baterias nos próximos anos. Por sua vez, estima-se que os carros elétricos serão responsáveis por 90% da produção mundial.
O uso de baterias de lítio levanta alguns questionamentos sobre o impacto ambiental dos carros elétricos.
Fonte: Gettyimages
Vale ressaltar que, todos os dispositivos eletrônicos modernos possuem baterias de lítio, desde os bilhões de smartphones até as calculadoras de mão. Diante desse cenário, é importante potencializar ao máximo a "segunda vida" dessas baterias e de seus componentes.
No Brasil, a metalúrgica Tupy e o Senai Paraná firmaram parceria com a BMW Group Brasil. O objetivo é desenvolver um processo sustentável que garanta a recuperação de compostos químicos das baterias no final da vida útil nos veículos elétricos. Com investimento de aproximadamente R$ 3,4 milhões, o projeto prevê que cada participante levará conhecimentos específicos para os estudos dentro da sua área de atuação.
Nesse caso, o propósito desse processo de reciclagem de baterias de carros elétricos é a ressíntese do material ativo do cátodo de uma bateria, com material 100% reciclado. A partir disso, serão obtidos parâmetros de eficiência de todo o processo, da pureza dos materiais reciclados, do índice econômico e do índice ambiental.
Essa iniciativa abre um novo ciclo para o uso de minerais reciclados na fabricação de baterias novas. Consequentemente, haverá uma redução gradual na dependência de matéria-prima. Previsto para ter a duração de 2 anos, a parceria já deve ter os primeiros resultados ainda neste ano.
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