As mudanças climáticas já mobilizam governos e empresas. No último dia 16 de agosto, o presidente americano Joe Biden sancionou a lei que criou um pacote de, nada menos, que US$ 430 bilhões. Objetivo: combater as transformações no clima e também a inflação. Mas onde entra a mobilidade elétrica?
Se por um lado a histórica lei climática, também aprovada pela Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, vai beneficiar a economia norte-americana, não podemos deixar de mencionar o aceno positivo feito aos consumidores de veículos elétricos (VE’s) por lá.
Apenas com essa iniciativa, o governo americano criou um projeto que inclui um crédito de US$ 7,5 mil para a compra de um veículo elétrico novo, e US$ 4 mil de desconto na aquisição de um VE usado, que anda bem valorizado no mercado. Apenas um entrave pode atrapalhar os planos de acelerar a eletrificação da frota nos Estados Unidos: o baixo estoque. Em levantamento da Bloomberg Green Electric Car Ratings, os americanos pesquisados revelaram ter que esperar quase sete meses, em média, por um carro elétrico.
Entretanto, esse fenômeno não é uma exclusividade norte-americana. Na Austrália, a demora na entrega de um novo Tesla pode ser de até nove meses. O desequilíbrio entre oferta e procura fez com que os usados sejam comercializados com preços mais elevados.
A eletrificação da frota mundial segue em velocidade de cruzeiro, mesmo diante de um cenário em que é necessário aguardar pelo veículo. Em pouco tempo, o mercado vai se ajustar e será possível atender à crescente demanda.
Prova disso, são os planos da empresa brasileira 99, aplicativo de transportes que iniciou suas atividades em 2012. Eles anunciaram recentemente que pretendem atingir 10 mil veículos elétricos rodando em todo o país até 2025. Em conjunto com a BYD, a 99 já colocou diversos VE’s em circulação. A nova parceria, agora com a Movida, vai disponibilizar 50 carros elétricos para aluguel. Até o fim de 2022, a empresa quer ter 300 carros elétricos nas ruas.
Outra transição que começa a ganhar tração é a das motos elétricas e um projeto nacional está brilhando nesse segmento. Chamada de “Tesla do Nordeste”, a Voltz planeja produzir 20 mil motos até o fim deste ano. Pode até parecer um número alto, mas a empresa inaugurou em maio uma moderna fábrica em Manaus (AM), com capacidade instalada para produzir 200 mil unidades. E não para por aí.
Eles estão desenvolvendo cinco novos modelos de motos e investindo em novas estações de troca de bateria. A ideia é implementar pontos de troca de baterias, onde o motociclista entregará peças quase descarregadas e substituirá por outras carregadas.
Atenta às transformações da mobilidade, o iFood firmou parceria com a Voltz para disponibilizar a moto elétrica Voltz EVS Work iFood, uma versão feita com exclusividade para os entregadores cadastrados no app de delivery. Segundo as empresas, a troca da moto a combustão pela elétrica pode representar uma economia de 60% para os entregadores, considerando as despesas com combustível.
O crescimento da frota mundial de carros elétricos esbarra no baixo estoque disponibilizado pelas montadoras. Fonte: Gettyimages
Apesar de tímidos, alguns estímulos do setor público podem impulsionar ainda mais o setor. Em maio deste ano, o Projeto de Lei (PL) que cria política de incentivo tributário à pesquisa de desenvolvimento da mobilidade elétrica no Brasil, foi aprovado pela Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado. Vale destacar que, entre a proposta do PL, está a determinação de que as empresas beneficiadas por renúncias fiscais no programa de inovação Rota 2030 — Mobilidade e Logística, deverão aplicar 1,5% do benefício tributário em pesquisas sobre o desenvolvimento da tecnologia para veículos elétricos. Sem dúvida, esse é um investimento no futuro.
Estamos apenas no início da caminhada da transição para a mobilidade elétrica. O Brasil tem potencial e poderá contribuir de sobremaneira na eletrificação do planeta.
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