Conforme venho escrevendo em meus artigos, as baterias dos veículos elétricos (VE’s) serão decisivas na redução do valor dos eletrificados e, consequentemente, na sua popularização no cenário mundial, principalmente no Brasil. Por outro lado, existe uma grande demanda por baterias mais eficientes que consigam ser recarregadas no menor tempo possível. Mas será que essa necessidade já começou a ser atendida?
Podemos dizer que sim. A fabricante chinesa CATL, fornecedora de marcas como Tesla e Volkswagen, desenvolveu uma nova bateria revolucionária. Sua tecnologia promete estender a autonomia de veículos elétricos para até 1 mil quilômetros. E não é só isso.
A empresa garante que o tempo de recarga, um incômodo para alguns, poderá levar 10 minutos, com uma regeneração de 80% da carga da bateria, em fontes de carga rápida. Esse é quase o tempo gasto para encher um tanque com combustível fóssil.
Por trás dessa rapidez está um novo sistema de resfriamento celular, cuja potência para troca de calor é quatro vezes maior que na geração anterior.
Mas qual é a diferença entre a nova bateria e as que já existem no mercado? Bem, a nova geração, que já estará equipando os primeiros veículos a partir de 2023, apresenta uma densidade energética de 255Wh/kg. Se compararmos com as baterias utilizadas na indústria automotiva (compostas por níquel-manganês-cobalto), que chegam próximo de 200Wh/kg, é um avanço considerável.
Conforme cresce o interesse pelos carros elétricos, aumenta também a demanda por baterias mais eficientes.Fonte: Gettyimages
As montadoras sabem dessa necessidade e estão se mobilizando para terem em seu portfólio veículos elétricos com mais autonomia, para mitigar o receio do tempo de bateria, comum entre os proprietários de VE’s. Para isso, outros fabricantes de baterias apostam em acumuladores de energia menores, com maior durabilidade e com recarga mais veloz.
Assim como a chinesa CATL, outras empresas estão tentando novos materiais para a composição química da bateria (como o carbono de silício, tungstênio e nióbio). Mas por que isso é tão importante e sensível?
A bateria é o componente mais caro de um carro elétrico, então, um carregamento muito rápido aliado a uma infraestrutura de recarga eficiente, vai permitir que as montadoras produzam carros com baterias menores a preços mais acessíveis, o que poderia finalmente romper a barreira para a sua popularização.
Os investimentos em tecnologia de baterias para veículos elétricos estão em alta.Fonte: Gettyimages
No mercado global, a China lidera a produção de baterias e a CATL é, atualmente, a maior fabricante do planeta, seguida pela BYD — outra gigante chinesa —, que além de fabricar veículos elétricos tem conseguido significativos avanços com as baterias.
Segundo levantamento da plataforma de dados de startups PitchBook, os investimentos em tecnologia de baterias para veículos elétricos aumentaram mais de seis vezes, para 9,4 bilhões de dólares em 2021, se comparado a 1,5 bilhão de dólares em 2020, com todos os players, montadoras e indústria focadas no futuro.
Em última análise, ao diminuir o tamanho das baterias, por meio de novos materiais, o mercado poderá mitigar alguns gargalos já existentes. Conforme a demanda de veículos elétricos aumente, o setor poderá, ao mesmo tempo, diminuir a necessidade de cobalto e níquel, mercados em que a China é dominante no refino e processamento.
A verdadeira revolução na transição da mobilidade elétrica pode vir das novas composições químicas. Elas vão permitir projetar novas baterias, que, certamente, terão maior durabilidade e responderão melhor às recargas ultrarrápidas, sem risco de superaquecimento e tão veloz quanto o tempo que levamos para encher o tanque com gasolina.
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