Com o surgimento dos primeiros carros elétricos no país, as montadoras atrelaram os lançamentos eletrificados aos carregadores gratuitos. Para que essa estratégia funcionasse, foi instalada uma infraestrutura básica, com carregadores em shoppings, hotéis, hospitais, restaurantes, entre outros locais. Desde então, as recargas desses veículos elétricos (VEs) têm sido gratuitas. No entanto, esse benefício deve chegar ao fim e será positivo para todos.
Temos que destacar que a cobrança pela recarga de elétricos trará benefícios não só para o provedor do ponto de recarga ou eletroposto, mas também para o proprietário de VEs, que ganhará um serviço de melhor qualidade, mais suporte, maior abrangência territorial e segurança.
A partir do momento em que as redes de recarga passam a dar lucro, o reflexo imediato é a expansão desses pontos.
Mesmo com a Resolução Normativa nº 1.000/2021 — que contempla a Resolução nº 819/2018 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e estabelece, no artigo 9, a permissão da cobrança de serviços de recarga por empresas que oferecem carregadores —, pouco se avançou no Brasil.
Em países onde a eletromobilidade já é mais presente, como nos Estados Unidos ou no Reino Unido, os proprietários de VEs são cobrados ao recarregar, e diversas empresas já oferecem esse serviço. Respeitando a variação dos preços nas diversas regiões, como ocorre nos Estados Unidos, a recarga completa de um modelo com bateria de 100 kWh, que equipa o Tesla Model X, por exemplo, custa cerca de US$ 15. O mesmo tipo de bateria teria o custo de recarga completa estimado em 30 libras esterlinas, no Reino Unido.
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As empresas e as startups que atuam no mercado de mobilidade elétrica já formataram alguns modelos, dentre eles ofertas como: serviço de recarga, aluguel diferenciado da vaga, cobrança pelo tempo utilizado e administração do ponto.
Hoje, já existem aplicativos que facilitam a vida do usuário, eles possibilitam a localização de carregadores, estimam o valor a ser cobrado e, inclusive, permitem a reserva dos pontos de recarga que já estão começando a tomar forma no país. Conforme a frota de veículos elétricos aumente nas ruas do Brasil, será necessário ampliar os pontos de recarga, principalmente em nossas rodovias.
Porém, dois desafios se apresentam: o primeiro seria uma legislação mais ampla e eficiente sobre as regras de recarga, oferecendo maior segurança jurídica para as empresas que operam no segmento, incluindo a incidência dos impostos; o segundo seria a redução tributária na compra dos carregadores rápidos e ultrarrápidos, o que impede, de certa forma, a ampliação desse serviço.
Um bom exemplo da importância de uma rede de recarga vem da americana Tesla, dona de uma rede própria em um país de dimensões continentais: os Estados Unidos. A expansão relativamente rápida da rede, hoje 1,1 mil postos com até 10 pontos de recarga em cada um, tornou-se um atrativo para os compradores. No entanto, o sistema é fechado a veículos de outras marcas.
A transição da frota de veículos movidos por motor a combustão para modelos elétricos é uma tendência sem volta. A elaboração de uma agenda de incentivos ao setor pelo governo federal também tem potencial de transformar o mercado.
Por um lado, os carros elétricos podem representar uma alternativa para reduzir as emissões de carbono no ambiente e contribuir para uma agenda global de contenção do aquecimento do planeta. Isso porque o setor de transportes é responsável por 13% dessas emissões. Os novos players do mercado estão "de olho" nessa corrida para oferecer produtos e serviços aos consumidores dos elétricos.
O setor de mobilidade elétrica no Brasil ainda dá os primeiros passos quando comparamos com outros países do mundo. Entretanto, é um mercado com potencial de crescimento gigantesco para os próximos anos.
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