O empresário Trevor Milton, fundador da montadora Nikola, foi oficialmente acusado nesta quinta-feira (29) de fraude em uma corte distrital de Nova York. As acusações datam de 2020, quando surgiram informações de que o material de divulgação do caminhão Nikola One, que rodaria a partir de células-combustível de hidrogênio, na verdade foi montado para fazer parecer que o veículo de fato estava pronto.
Segundo o site The Verge, desde 2016, ele levantou mais de US$ 500 milhões em investimentos após enganar investidores, já que o produto em questão, na verdade, ainda estava bem longe de ficar pronto.
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"Milton vendeu uma versão da Nikola não como ela era — uma companhia no início de vida com uma ideia singular para ser comercializada, mas ainda precisando provar os produtos e tecnologia —, mas sim como uma empresa pioneira que já tinha conquistado muitas metas revolucionárias", diz a acusação.
Até mesmo o painel do veículo mostrado nas apresentações seria falso.Fonte: Roadshow
Na verdade, a Nikola ainda não havia finalizado os testes e nem sequer tinha a tecnologia pronta para fazer o caminhão rodar. Mesmo assim, a empresa omitiu esse detalhe e publicou um vídeo mostrando o veículo em uma ladeira, sem precisar de motor para rodar, e com filmagens de diferentes ângulos de um mesmo trajeto, dando a sensação de movimentação em mais de uma localidade.
A acusação diz ainda que todos os componentes elétricos do carro na época, além do compartimento de hidrogênio, ainda nem estavam prontos ou instalados. Até mesmo a interface que aparece no vídeo, com Milton sendo o responsável pela ignição, era um tablet integrado de improviso para simular um painel de controle.
Ascensão e queda
A Nikola aparece há alguns anos no noticiário especializado como uma empresa ousada e rival direta da Tesla — tanto que a montadora adotou o nome do inventor Nikola Tesla, relacionando diretamente ambas as marcas. A marca menos famosa chegou até a processar a concorrente por acusações que não foram levadas adiante.
Em 2020, entretanto, as acusações de fraude começaram e levaram à saída de Trevor da empresa, além do fim de um contrato bilionário com a General Motors. Na época, comentou-se até mesmo que a fraude era uma ameaça ao futuro de caminhões a hidrogênio.
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