Mobilidade ativa é um dos caminhos para a preservação do clima

4 min de leitura
Imagem de: Mobilidade ativa é um dos caminhos para a preservação do clima
Imagem: Freepik

O mês de abril de 2021 foi histórico para as nações, organizações e cidadãos preocupados e empenhados com o futuro climático do planeta. Realizada nos últimos dias 22 e 23, a Cúpula de Líderes sobre o Clima teve como anfitriã a Casa Branca, em iniciativa alinhada com a administração do presidente americano Joe Biden. A conferência é uma etapa importante para que as potências mundiais se comprometam com planos mais ambiciosos na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 26), que acontecerá em novembro na Escócia.

As manchetes sobre a Cúpula tomaram conta do noticiário internacional, mas vale reforçar as principais metas apresentadas: falando para governantes de 40 países, Biden se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos Estados Unidos entre 50% e 52% até 2030, em relação aos níveis de 2005. "Esta é a década na qual devemos tomar decisões para evitar as piores consequências da crise climática. Nós devemos manter as temperaturas para que elas não subam mais. Isso vai ameaçar vidas e meios de vida", afirmou o presidente, preocupado com a possibilidade de mais desastres naturais de larga escala.

Em sintonia, a nova lei climática europeia (que aguarda aprovação dos parlamentos nacionais) também prevê reduzir as emissões líquidas em ao menos 55% até 2030 (em comparação aos níveis de 1990). Até 2050, a União Europeia pretende zerar todas essas emissões; já a China vai limitar o consumo de carvão mineral como fonte de energia até 2025, para acabar com esse tipo de geração energética nos 5 anos seguintes. Por aqui, o presidente Jair Bolsonaro formalizou novas metas ambientais, estabelecendo o objetivo de eliminar o desmatamento ilegal até 2030 e reduzir em quase 50% as emissões de carbono até a mesma data.

Fomento à eletromobilidade

No que diz respeito à mobilidade, conforme já abordamos em outras colunas, o investimento em modais alternativos, como o ciclismo e as formas ativas de se locomover (caminhadas, patinetes e outros), como também nos veículos elétricos é e será decisivo para a transformação sustentável buscada pelo planeta.

Afinal, segundo relatório apresentado na 24ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 24), as emissões mundiais provocadas pelos transportes tiveram um salto de 29% entre 2000 e 2016. Dentro desse cenário, os carros leves representam 45% do volume de CO2 emitido, seguidos pelos caminhões, com 21%.

Em Curitiba, nossa cidade-sede, entre os projetos em andamento de fomento à eletromobilidade, estão a linha do Novo Inter 2, com uma frota de ônibus elétricos que irá percorrer a cidade de ponta a ponta. A Prefeitura de Curitiba e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) formalizaram, em dezembro de 2020, o financiamento de R$ 694 milhões (ao todo) para o projeto de intervenções de mobilidade vinculadas ao Novo Inter 2, com potencial para gerar 34,8 mil postos de trabalho na cidade nos próximos anos, entre empregos diretos, indiretos e induzidos.

"Empregos verdes"

Ainda sobre os caminhos e as perspectivas apontadas pela Cúpula do Clima, o governo Biden sinalizou a criação de postos de trabalho ligados à luta contra as mudanças climáticas, com o remanejamento da matriz energética para fontes renováveis. “Não estamos falando de uma ameaça, mas de uma oportunidade. O que mais oferece a oportunidade de criar tantos empregos e ao mesmo tempo fazer tanto bem?”, questionou o presidente.

A fala veio como antídoto ao temor da “destruição” de empregos em setores ligados aos combustíveis fósseis, argumento comum usado pelos republicanos contrários à luta contra as mudanças climáticas nos Estados Unidos. Segundo reportagem do El País, a secretária de Estado de Energia, Jennifer Granholm, explicou que seu departamento vai apresentar um programa com novos objetivos que devem servir para o cumprimento da promessa de Biden de reduzir as emissões em 55%. Ela apontou ações relacionadas ao hidrogênio, aos sistemas de captação de emissões, ao desenvolvimento de energias renováveis em larga escala e a baterias.

"Nós devemos fazer investimentos em nome das pessoas e da energia limpa porque os bons empregos de amanhã virão daí, de uma sociedade mais resiliente e competitiva. Então, vamos nos unir por esse futuro mais sustentável desde agora e superar essa crise existencial dos nossos tempos. Isso é extremamente importante. A força das nossas economias depende disso. Os países que tomarem a iniciativa agora serão aqueles que terão os benefícios da energia limpa", sentenciou Biden.

Para especialistas, as novas metas estipuladas na Cúpula do Clima representam o avanço mais relevante na luta contra as mudanças climáticas desde o Acordo de Paris, assinado em 2015. Como entusiasta desse movimento, faço votos para que os caminhos sejam – de fato – trilhados e incentivados pelas nações e grandes corporações.

***

Beto Marcelino, colunista do TecMundo é engenheiro agrônomo, sócio-fundador e diretor de relações governamentais do iCities, empresa de projetos e soluções em cidades inteligentes, que organiza o Smart City Expo Curitiba, maior evento do Brasil sobre a temática com a chancela da FIRA Barcelona.

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.