2021 será um ano muito importante para o Brasil, marcando não só o início dos novos mandatos municipais, como a concretização das ações e políticas de retomada econômica nas cidades. É muito importante que as políticas públicas já venham com esse DNA de retomada, principalmente nos 100 primeiros dias de administração dos novos prefeitos.
Sob a ótica das cidades inteligentes, as mais fortes tendências desse mundo pós-pandemia foram apresentadas por um de nossos principais keynotes do Smart City Session, nos dias 8 e 9 de dezembro, com o expert em cidades inteligentes Renato de Castro. Um desses conceitos merece destaque: high tech, a tecnologia de ponta aplicada ao cidadão.
Uma contextualização
Vivendo na cidade de Rovolon, 5 km do epicentro do coronavírus na Itália, Castro tem auxiliado o governo italiano na retomada econômica nos últimos dez meses. Autor do livro “A Cidade StartUp”, CEO da SmartUp, empresa de consultoria de Barcelona especializada em transformação digital para cidades, ele é membro do conselho de administração da Leading Cities de Boston e embaixador internacional do Centro de Operações do Rio de Janeiro (COR).
Além disso, Castro acumula mais de duas décadas de experiência atuando como executivo global em países da Ásia, Américas e Europa, e visitou mais de 30 países dando palestras e assessorando governos em projetos de desenvolvimento urbano.
A hipertecnologia
Castro destaca ser inegável que a hipertecnologia e a nova era da revolução industrial foram impulsionadas pela pandemia. O que vai mudar (e já está mudando) é o direcionamento dos investimentos globais em projetos que façam sentido prático no dia a dia das pessoas. Um exemplo é o mercado de delivery urbano, que deve movimentar até 44 bilhões de dólares nos próximos quatro anos.
Seja com novos aplicativos e plataformas desenvolvidos – e aplicados – no dia a dia da população, para definir as estratégias do transporte coletivo, horários de pico e frota, ou mesmo para otimizar serviços como a coleta de lixo, asfaltamento, definição de novas vias da malha cicloviária, denúncias e sugestões, é vasto o rol de possibilidades que já estão sendo aplicadas pelas prefeituras.
Uma cidade mais desenvolvida e com mais engajamento cidadão acaba se tornando mais autônoma de governos regionais, estaduais e nacionais
A tecnologia auxilia na expansão do conceito das “cidades-estado”, já que muitas das políticas públicas só fazem sentido se pensadas localmente, bem como as estratégias para o desenvolvimento sustentável das cidades.
Smart City Session
Dentro da trilha temática do “Legado da Pandemia”, o Smart City Session reuniu especialistas para abordar questões como o paradigma da mobilidade, novas prioridades, políticas públicas e soluções para a mobilidade urbana futura; disrupções derivadas da Covid-19; e o futuro da transformação digital e os desafios das infraestruturas urbanas em um cenário de conectividade.
Moramos, trabalhamos e nos divertimos no meio urbano
Além disso, sob a ótica das cidades felizes, elas possuem um papel essencial em nossas vidas: moramos, trabalhamos e nos divertimos no meio urbano. Seja de passagem ou residindo, grandes ou pequenas, as cidades se tornam nosso ambiente natural. É fundamental levar isso em consideração no processo de transformação e construção das smart cities, para que se traduza em senso de pertencimento, harmonia, interação e experiências de bem-estar social, cultural e econômico.
As cidades possuem papel fundamental em nossas vidas, mesmo sendo um desafio tornar os ambientes urbanos mais inclusivos, democráticos e repletos de diversidade. Essas tendências irão moldar tanto as cidades que estão por ser redesenhadas, quanto nossa economia. Precisamos todos entender e nos empenhar para construir cada vez mais as cidades inteligentes em que desejamos viver.
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Beto Marcelino, colunista quinzenal do TecMundo, é engenheiro agrônomo, sócio-fundador e diretor de relações governamentais do iCities, empresa que organiza o Smart City Expo Curitiba, maior evento do Brasil sobre cidades inteligentes com a chancela da FIRA Barcelona.