'Smart City' é tipo aquela cidade dos Jetsons?

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Imagem: THE HOLLYWOOD ARCHIVE

Existem algumas reações comuns quando alguém escuta pela primeira vez o termo cidade inteligente: "Minha cidade é burra?" ou "Smart city é tipo aquela cidade dos Jetsons?". Esse é o problema dos rótulos, e nada é mais natural na cabeça das pessoas do que criar um rótulo para uma palavra ou situação desconhecida.

Cidade inteligente deriva do inglês smart city. A tradução para inteligente não reflete exatamente o que a palavra smart carrega.

Uma smart city é uma cidade que utiliza tecnologia e planejamento para melhorar a vida dos cidadãos e fazer bom uso dos recursos disponíveis de forma humana e sustentável

População vive nas cidades

O percentual da população mundial que vive em grandes cidades deve chegar a 70% em 2050, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o que coloca uma imensa pressão na demanda por recursos, infraestrutura, habitação, entre outros. Sem planejamento e entendimento real dos problemas, as cidades se tornam um caldeirão de problemas sociais e ambientais, fazendo que grande parte da população viva em más condições.

As pessoas moram e trabalham nas cidades, não nos estados e muito menos nos países. O uso de mais tecnologia e planejamento é vital para que os gestores possam proporcionar melhor qualidade nos serviços públicos que têm muito impacto no dia a dia dos cidadãos.

Facilitar o acesso à educação, melhorar o acesso à água e à energia elétrica de forma inclusiva e aumentar a segurança pública

É o caso da redução ou eliminação das filas nos postos de saúde básica, uma situação resolvida em Curitiba (PR) com um aplicativo que permite marcar consultas online, de facilitar o acesso à educação, melhorar o acesso à água e à energia elétrica de forma inclusiva e aumentar a segurança pública. No que diz respeito ao investimento privado, uma cidade inteligente atrai mais empresas e universidades e, por consequência, proporciona mais oportunidades de capacitação e emprego para a população em todos os níveis.

Os indicadores

Não se pode dizer categoricamente que uma cidade é ou não é inteligente. Cidades em todo o mundo podem ter bons indicadores de mobilidade urbana, por exemplo, mas ter níveis ruins de qualidade do ar. Algumas podem se destacar no empreendedorismo e na inclusão social, enquanto outras podem ter muitos desafios em segurança e governança pública. Atualmente, existem normas internacionais que buscam padronizar o conceito, como as ISO 37.120, 37.121 e 37.122.

cidade inteligenteSmart City não deve ser exatamente como a cidade dos Jetsons, só precisa facilitar o acesso da população a serviços básicos usando tecnologia de maneira estratégica.Fonte: medium

Como o tema é muito recente, apesar de já ser discutido de outras maneiras há décadas, principalmente no Smart City World Congress, é importante colocar o assunto na pauta diária e criar discussões entre os principais atores que moldam uma cidade, como gestores públicos, empresas privadas, academia e sociedade civil organizada.

Com o avanço da tecnologia, como a Internet das Coisas, é possível criar modelos de gestão que otimizem recursos com o objetivo de melhorar a forma como as pessoas vivem nas cidades — na infraestrutura urbana, na mobilidade, na segurança, na saúde, na educação, na geração de novos empregos para fomentar uma sociedade mais inteligente.

Compartilhamento de dados e soluções

Outro fator fundamental para o desenvolvimento das cidades é o compartilhamento de dados entre o poder público e a iniciativa privada de forma a fomentar soluções práticas que beneficiem a gestão de trânsito e a mobilidade, as políticas de segurança e a iluminação pública, a partir de dados disponíveis em aplicativos variados sobre a circulação de pessoas (usuários). Tudo isso potencializado com uma ampla rede com conexão estável, o 5G, que está em vias de instalação no Brasil.

Pode-se dizer, enfim, que smart city é aquela cidade que integra essas soluções e serviços de forma inteligente, pensando no bem-estar da população e dando ao cidadão um papel participativo, em que ajude a aplicar as soluções de forma sustentável e faça uso delas no dia a dia.

Um evento como o Smart City Session, primeira edição totalmente digital do maior congresso de cidades inteligentes do mundo, chancelada pela Fira Barcelona, que será realizada pelo iCities em 8 e 9 de dezembro, proporciona esse necessário ambiente de debates de informação, assim como um ambiente de conexão de negócios, geração de conhecimento e networking. Serão 2 dias de contato com especialistas convidados para abordar temáticas como legado da pandemia, resiliência no espaço urbano, governança e economia e busca por felicidade e bem-estar nas cidades. Fica aqui nosso convite aos leitores, para que participem e tragam suas contribuições.

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Beto Marcelino, colunista quinzenal do TecMundo, é engenheiro agrônomo, sócio-fundador e diretor de relações governamentais do iCities, que organiza o Smart City Expo Curitiba, maior evento do Brasil sobre cidades inteligentes com a chancela da FIRA Barcelona.

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