Nesta terça-feira (22), a Tesla deve apresentar sua nova tecnologia de bateria e dar mais um passo para a independência da sua cadeia de produção. A edição de 2020 do Battery Day deve apresentar a visão de Elon Musk para o futuro da montadora: mais independente e tão eficiente quanto as fabricantes consagradas, mas “ao estilo do CEO”.
Um dos anúncios mais esperados para a próxima conferência Battery Day é a célula de bateria do tamanho de um “pote de biscoitos”. O componente promete introduzir a tão aguardada bateria com vida útil de 1,6 milhão de quilômetros, graças a uma tecnologia inédita ainda não revelada e totalmente fabricada pela Tesla.
Essa seria a visão de Elon Musk para os próximos anos da Tesla. Como aponta um artigo de opinião de um analista da Reuters, o CEO acredita que consegue fazer tudo “melhor, mais rápido e mais barato” — o que gera decisões eventualmente questionáveis.
The Tesla “Biscuit Tin” has arrived. So this is a new cell, produced at Fremont and is central to the battery day announcements and new production process on Battery Day.
— Simon Moores (@sdmoores) September 15, 2020
18650 > 2170 > #TeslabiscuitTin https://t.co/9LvT8BGodA https://t.co/DtHLeM31Zm
Na contramão do mercado
Apesar de parecer bem intencionado, a busca pela independência da cadeia de produção da Tesla é, novamente, questionável. Ao passo que a Tesla caminha para o suprir suas próprias demandas de componentes e peças, concorrentes diretos não pretendem se encarregar de fabricar as próprias baterias.
A Tesla carrega consigo um altíssimo valor de mercado, mas sua estrutura ainda não é tão bem estabelecida quanto outras gigantes do mercado — Ford, Volkswagen, Toyota e GM, por exemplo. Por isso, a companhia enfrenta uma limitada quantidade de peças de reposição, gerando grande dor de cabeça para os consumidores.
Por outro lado, a companhia altera designs defeituosos de componentes durante a fabricação, tornando sua manutenção ainda mais complicada. Neste caso, esse processo projeta uma escassez de peças de reposição e colabora contra a qualidade final dos produtos da companhia, gerando veículos com “controle de qualidade duvidoso”.
O que esperar como consumidor?
De forma sucinta, se o “estilo do CEO” for estabelecido nas cadeias de produção da companhia, os consumidores serão ainda mais dependentes da Tesla. Agora, mesmo que limitadas em quantidade, a produção de peças de reposição é responsabilidade das parceiras, facilitando seu acesso.
Tornar-se independente das parceiras seria um movimento interessante para a valorização da companhia e para a visão de Musk, mas o consumidor estará sujeito à eficiência da cadeia produtiva da montadora — que já não mostra sinais de autossuficiência.
Para sair do campo da especulação, devemos esperar até a apresentação de amanhã. Será uma transmissão ao vivo às 17h30 (no horário de Brasília) aberta ao público. Mais informações podem ser encontradas no site oficial da Tesla.
Fontes
Categorias