Duas equipes independentes de cientistas criaram protótipos de "baterias solares", inspiradas em perovskitas, que podem ser recarregadas diretamente sob a luz solar, dispensando completamente o uso de painéis solares. As perovskitas são semicondutores largamente usados em células solares.
Experimento 1
No primeiro experimento, uma equipe da Universidade de Cambridge, liderada pelo pesquisador Buddha Boruah, misturou as perovskitas com o eletrólito, para tentar coletar a luz solar. O resultado foi bastante promissor, porém, eles tiveram dificuldade em manter o semicondutor estável.
Empolgados, os cientistas buscaram um material substituto, que pudesse integrar as baterias e as células solares. Foi aí que eles concluíram que a melhor opção para guardar a energia seria uma bateria de íons de zinco, que tem surgido como alternativa econômica às baterias de íons de lítio.
Já como coletor solar, a equipe usou uma mistura de um polímero semicondutor amplamente usado na eletrônica orgânica, chamado P3HT [poli(3-hexiltiofeno)], óxido de grafeno e óxido de vanádio (V2O5). Os cientistas conseguiram energizar a bateria, com a maior parte da luz solar sendo absorvida pelo V2O5.
Protótipo que pode ser recarregada diretamente sob a luz solar. (Fonte: Royal Society of Chemistry/Divulgação)Fonte: Royal Society of Chemistry
Como resultado, eles obtiveram uma bateria que, apesar de terem densidade inferior às de íons de lítio, possuem todas as vantagens das baterias de íons de zinco (maior estabilidade, podem operar com eletrólitos aquosos e são muito mais baratas), e podem ser recarregadas sem painéis solares, o que baixa ainda mais o custo de todo o processo.
O desafio, daqui em diante, será preparar baterias que possam lidar com o desgaste ocasionado devido à exposição do calor solar.
Experimento 2
A segunda equipe é composta por pesquisadores da Arábia Saudita, Austrália, Hong Kong e Estados Unidos.
Liderados pelo cientista Wenjie Li, o grupo criou uma bateria solar que pode armazenar a energia em um líquido que pode ser guardado em tanques, para uso posterior.
A diferença do segundo experimento em relação ao primeiro, é que eles conseguiram manter o uso das perovskitas, o que lhes permitiu alcançar níveis de eficiência recordes de até 20%.
O desafio aqui, mais uma vez, será em relação à durabilidade dessas baterias, que tiveram apenas 200 horas operacionais em testes preliminares.