Dronelivery: conferimos o primeiro serviço de entregas em operação no Japão

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Da americana Amazon à chinesa JD, não é segredo para quem trabalha no mercado de entregas que utilizar drones para o envio e recebimento de itens é o próximo sonho de consumo das grandes companhias do ramo. Testar essa nova tecnologia, no entanto, se mostra um belo desafio, já que existem regulações bem restritas sobre o quão perto de uma pessoa esse veículo pode ficar.

Mas a Rakuten, uma das gigantes do e-commerce no Japão, encontrou uma maneira de aprimorar o seu equipamento e ajudar a quem precisa. Desde outubro de 2017, o serviço de entrega aéreo da empresa envia semanalmente alguns produtos para os cidadãos da cidade de Fukushima, após o acidente que espalhou material radioativo na região, em março de 2011.

 

Serviço para quem escolheu ficar

 

Após o ocorrido, quase toda a população deixou o lugar para evitar o contato com a radiação presente no solo. Os habitantes mais velhos, no entanto, preferiram continuar por lá, recebendo uma vez por semana um caminhão da rede supermercados Lawson’s com os mantimentos que eles precisam, já que o acesso ao local costuma ser evitado.

Mas era comum que alguns itens menores, como bebidas e macarrão instantâneo, fossem enviados em quantidade menor do que o necessário. Eram sempre coisas simples, mas, por causa da situação delicada da região, as pessoas tinham que esperar por mais uma semana para adquirir tais itens.

 

Em paralelo, a equipe da Rakuten buscava uma região pouco povoada, na qual fosse possível testar de forma mais realista sua tecnologia de entrega via drone. No final, os moradores da região passaram a ser visitados pelo drone, que usa o centro comunitário da cidade como local de pouso.

 

Prazer, "drónon"

 

Do hardware ao software, toda tecnologia envolvida no serviço de entrega foi criada pela empresa. “Nosso drone pode carregar encomendas de até 2 quilos e voar a até 150 metros acima do solo, com uma autonomia de voo de até 10 quilômetros da sua base. Mas, por questões de segurança, preferimos encurtar essa autonomia para 6 ou 7 quilômetros da área inicial”, afirma Hideaki Mukai, responsável por gerenciar a área de drones (que, muitos japoneses chamam até simpaticamente de “drónon” já que a pronúncia do inglês não é bem o forte da população).

Na foto abaixo, é possível ver um controle ao lado do drone. Mas Mukai afirma que ele existe apenas por conta da regulação japonesa, que exige o dispositivo por questões de segurança, mas que seu uso não é necessário. Segundo o responsável pela área de drones da Rakuten, a aplicação atual já faz com que o veículo funcione de forma autônoma. “No futuro, gostaríamos de eliminar o controle para que qualquer operador possa usar o serviço de entrega por drone”.

 

 Uma vez que essa modalidade de entrega se mostre segura e efetiva, a ideia da Rakuten é funcionar como um “Logistics as a Service”. Ou seja: oferecer a outras empresas toda a tecnologia para que elas possam fazer a entrega de seus pedidos aos clientes via drone.

 Demo raíz

 Cheguei no local da demonstração por volta das 14:30 de sexta. Era em um parque bem aberto, então já esperava uma certa ventania. Mas nunca um vento tão forte como o que estava no local, batendo facilmente os 40 km/h.

Antes de colocar o drónon para voo em meio ao vendaval, Mukai e sua equipe explicaram como o serviço funciona: existe um aplicativo no qual a Lawson’s seleciona os produtos e finaliza a venda. Após a simulação de compra, o time mostra os produtos que foram comprados (macarrão instantâneo, chá verde e pasta de dente) e os coloca no compartimento do drone, para enfim começarmos o teste.

 

 

Como Murphy não dorme no ponto, vento ganhou uma força bem considerável momentos antes da decolagem, o que me fez realmente duvidar da estabilidade do equipamento. Mas, assim que o ícone de ligar foi pressionado no smartphone, o drone começou a subir sem balançar loucamente, ficando bem linear durante todo o trajeto.

 

 

Se a ideia era mostrar que ele conseguia operar mesmo em condições bem adversas, a meta foi cumprida com louvor. Mas ele tem um calcanhar de Aquiles: apesar de lidar muito bem com o vento, as viagens do drone param ao menor sinal de chuva, pois as peças não são a prova d’água.

 O sistema de encaixe do pacote é bem simples, já que o tamanho da caixa é feito sob medida.

 

 

E em todos os exemplos feitos para mostrar como o drone liberava a encomenda, o dispositivo funcionava sem problemas.

De acordo com Mukai, os habitantes de Fukushima não estranharam receber via drone o seu pacote extra de miojo. “Surpreendentemente, eles acham essa opção incrível e bem conveniente”, afirma.

 Planos para o futuro

 Os testes realizados em Fukushima podem ajudar não só a Rakuten como outras empresas do ramo a contornar dois dos principais obstáculos para a expansão desse modelo de entrega: regulação e segurança. Com um projeto bem-sucedido, pode ser possível entrar em diálogo com os órgãos para, a médio e longo prazo, flexibilizar algumas leis para permitir mais testes.

Outro impedimento vem do lado da tecnologia, já os sistemas utilizados para o controle desse tipo de veículo ainda estão sujeitos a potenciais invasões de segurança. Mas os perrengues atuais não tiram o otimismo de Mukai: “Eu realmente acredito que, uma vez que os aspectos de segurança e eficácia estejam comprovados, essa modalidade será vista como uma opção muito mais segura e prática para transporte.”

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* A repórter viajou a Tóquio, Japão, a convite da Rakuten Brasil.

Dronelivery: conferimos o primeiro serviço de entregas em operação no Japão via The Brief

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