Retrospectiva da AMD: aposta em IA, parceria com a Positivo e desafios com o dólar

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Em mais um ano conturbado para as empresas de software e hardware, a AMD desponta como uma das companhias mais equilibradas em 2024. Com mais altos do que baixos, o time vermelho apresentou um leque robusto de opções no segmento doméstico e gamer, mantendo o claro foco em inteligência artificial.

No Brasil, as coisas são um tanto quanto diferentes, uma vez que toda a questão dos AI PCs ainda engatinha por aqui. Para entender mais sobre o ano da empresa, o TecMundo conversou com a gerente de canal consumer da AMD Brasil, Priscila Bianchi.

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Inteligência artificial no centro

Assim como qualquer outra big tech da atualidade, a AMD vem fortalecendo sua estratégia para tomar a dianteira em produtos integrados com inteligência artificial. Em junho, a companhia revelou a nova série de processadores para notebooks Ryzen AI 300, que possuem uma NPU integrada com 50 TOPS (Trilhões de Operações Por Segundo).

Notebooks equipados com esses processadores já são vendidos no mercado global, e no Brasil algumas marcas também estão trabalhando com esses componentes. Um dos exemplos mais claros é a Asus, que de forma relativamente tímida, trouxe o Zenbook S16 e o ROG Zephyrus G16 com um Ryzen AI 9 HX 370, ou seja, a implementação máxima da nova geração.

Priscila Bianchi destacou a parceria com a Asus e mencionou a chegada dos modelos ao mercado brasileiro. A executiva aponta que a fabricante taiwanesa desempenhou um grande papel na obtenção de metas da AMD Brasil, além de outras parceiras, como a Positivo.

Modelos Ryzen AI 300 são alguns dos mais poderosos disponíveis no mercado (Imagem: AMD)
Modelos Ryzen AI 300 são alguns dos mais poderosos disponíveis no mercado (Imagem: AMD)

No entanto, por ainda ser um segmento nichado e em expansão, os AI PCs da AMD — e de todas as outras marcas — precisam de tempo até caírem nas graças do público. Com isso, Priscila comenta que as desenvolvedoras de chips e fabricantes dos computadores ainda precisam “educar o público” sobre essas novas tecnologias.

“O nosso trabalho é de educar esse consumidor, mostrar o quanto essa tecnologia pode beneficiar ele no dia a dia. A ideia dos AI PCs é que os usuários ganhem mais performance e tempo. […] Temos um público que quer a tecnologia, mas ainda não sabe tudo que pode fazer com ela”, explica Priscila Bianchi.

Preços continuam altos

Como qualquer tecnologia disruptiva no mercado, os AI PCs são itens de luxo para a maioria dos brasileiros. Em especial, os modelos da Asus citados acima custam entre R$ 16 mil e R$ 22 mil, e estão na mesma faixa de preços das suas variantes com processadores Intel. Vale lembrar que são produtos premium e estão disponíveis há poucos meses no mercado, então há uma expectativa para a queda dos valores no futuro.

Nesse mesmo pensamento, a AMD tem cartas na manga para lançar produtos mais baratos. Em entrevista ao TecMundo, Priscila Bianchi revela que a AMD “provavelmente apresente na CES 2025 um produto com custo mais acessível”.

Há a expectativa para que Lisa Su, CEO da AMD, revele parte do novo portfólio da companhia (Imagem: AMD/Reprodução)
Há a expectativa para que Lisa Su, CEO da AMD, revele parte do novo portfólio da companhia (Imagem: AMD/Reprodução)

Mesmo que adicione um toque de dúvida ao anúncio, faz sentido a AMD mirar em um chip para AI PC mais barato, principalmente ao considerarmos o fato da companha se dar muito bem nos segmentos de entrada e intermediário.

Desafios com o dólar

O ano de 2024 também foi marcado pelos aumentos significativos no dólar, que impactam profundamente o poder de compra dos brasileiros, principalmente no que diz respeito aos eletrônicos. No caso dos componentes para computadores de mesa, evidenciados pelo lançamento ameno da linha Ryzen 9000, a executiva conta que o desequilíbrio da moeda não afetou tanto esse segmento.

Todavia, a área de notebooks foi mais afetada, justamente por lidar com múltiplas peças que também receberam aumento de preços, como módulos de memória RAM, SSDs e até mesmo os displays. Priscila explica que os processadores equivalem à cerca de 12% do produto, e por conta disso não foram tão suscetíveis ao aumento do dólar e impostos.

Preços altos dos AI PCs devem permanecer no Brasil por enquanto (Imagem: GettyImages)
Preços altos dos AI PCs devem permanecer no Brasil por enquanto (Imagem: GettyImages)

Para a porta-voz do time vermelho, foi uma questão de “equilibrar as pontas” para que o preço não subisse demais.

“A gente está falando de uns três repasses de aumento de preço. Isso é muito complicado. O fabricante comprava o produto e passado duas, três semanas, o dólar aumenta, então ele precisava voltar atrás para renegociar. Foi um trabalho de seis mãos, e apesar dos repasses, a gente segurou na ponta para não ter um aumento consecutivo”, enfatiza Priscila Bianchi.

Parceria com a Positivo

Com tanta complexidade, a AMD precisa de parcerias robustas para atuar bem no mercado brasileiro. Além dos acordos de longa data com a Asus, principalmente no que diz respeito aos notebooks gamer, o time vermelho se juntou com a Positivo para trazer novos produtos, que supre a saída da Lenovo no varejo, agora focada em vender por meio de seu próprio site.

Priscila aponta que os notebooks Vaio, vendidos pela Positivo no mercado brasileiro há algum tempo, ajudaram na adesão de chips Ryzen na categoria dos laptops.

Os modelos chegaram às lojas com opções de Ryzen 3, 5 e 7 e tem suma importância no varejo em lojas tradicionais, como Casas Bahia, Magazine Luiza, etc.

Surfando na onda azul?

Se a AMD fez um ano equilibrado, a concorrente Intel teve 12 meses complicados para gerenciar. Entre demissões em massas, produtos com falhas e a saída do CEO, a equipe azul abriu uma brecha para que outras empresas no setor pudessem se sobressair e conquistar uma fatia maior do mercado.

Desde o lançamento dos Ryzen a AMD retornou ao patamar de grandeza na indústria de tecnologia (Imagem: AMD)
Desde o lançamento dos Ryzen a AMD retornou ao patamar de grandeza na indústria de tecnologia (Imagem: AMD)

Durante a entrevista, Priscila Bianchi revela que a crise na rival inegavelmente abre espaços de crescimento para a AMD, principalmente no Brasil. Porém, a executiva entende que isso é apenas um momento na indústria e comenta que o sucesso da companhia vem por meio de esforços realizados ao longo dos anos.

“Trabalhamos muito forte para, realmente, aproveitar esse momento, mas também no que a gente sabe fazer de melhor, que é trazer performance, inovação, produtos com longa duração de bateria. A AMD tem esse compromisso em trazer novos produtos e baixar os custos desses novos processadores”, finaliza Priscila Bianchi.

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