Suchir Balaji: o que se sabe sobre a morte do pesquisador que denunciou o ChatGPT

5 min de leitura
Imagem de: Suchir Balaji: o que se sabe sobre a morte do pesquisador que denunciou o ChatGPT

Um incidente trágico foi registrado no campo da inteligência artificial (IA) neste final de 2024. Um pesquisador de 26 anos chamado Suchir Balaji foi encontrado sem vida no próprio apartamento, localizado na cidade norte-americana de San Francisco, Califórnia (EUA).

Além de ser um jovem promissor na área mais quente da indústria, Balaji estava atualmente no centro de uma grande polêmica. Ele era uma figura importante em um processo movido contra a OpenAI, empresa dona do ChatGPT e da qual ele fez parte por quatro anos.

smart people are cooler

Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.

Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo

A morte de Suchir levantou algumas suspeitas, mas são poucas informações oficiais e confiáveis até agora a respeito do que aconteceu com o rapaz. A seguir, veja o que se sabe até agora sobre o caso.

Quem era Suchir Balaji?

Suchir cresceu na região de Cupertino, no estado norte-americano da Califórnia, região do Vale do Silício conhecida por abrigar a sede da Apple. Desde jovem, ele se interessou por tecnologia e ficou encantando com avanços da IA — incluindo a capacidade de um sistema robótico virar o melhor jogador do mundo em Go, tradicional jogo de tabuleiro chinês.

Formado em Ciência da Computação pela Universidade de Berkeley e com destaque acadêmico em programação, o jovem seguiu interessado no tema, estudando sobre redes neurais e trabalhando em plataformas como a Quora. A especialização o levou a ser contratado em 2022 por um laboratório de pesquisa que aos poucos começava a virar uma empresa: a OpenAI.

Suchir Balaji. (Imagem: LinkedIn/Reprodução)
Suchir Balaji. (Imagem: LinkedIn/Reprodução)

Dois anos depois, Balaji começou a trabalhar no seu projeto mais ambicioso até o momento. Ele foi um dos pesquisadores responsáveis pelo GPT-4, o modelo de linguagem de segunda geração do ChatGPT — serviço que praticamente inaugurou o atual "boom" da IA generativa na indústria.

Um dos trabalhos do pesquisador era reunir dados para servir de "alimento" para o modelo de linguagem, que então absorve esses conteúdos para conseguir compreender comandos e entregar respostas. Foi nesse ponto que Balaji começou a questionar a ética do serviço e .

O processo contra a OpenAI

Em agosto de 2024, Suchir pediu demissão da OpenAI por não concordar com os métodos da companhia para coletar dados e usá-los para treinar serviços como o ChatGPT. Ele passou a discordar da coleta livre de informações da internet, a maioria delas protegida por direitos autorais ou que ao menos demandavam uma autorização para uso nesse tipo de plataforma.

Após a saída da empresa para se dedicar a projetos pessoais, o pesquisador deu uma entrevista ao jornal The New York Times contando a sua versão do caso. Ele ainda publicou em seu site pessoal um breve artigo explicando o posicionamento.

Para o pesquisador, elementos de resultados da IA sugerem que eles são parcialmente copiados de um material pré-existente. (Imagem: Suchir Balaji/Reprodução)
Para o pesquisador, elementos de resultados da IA sugerem que eles são parcialmente copiados de um material pré-existente. (Imagem: Suchir Balaji/Reprodução)

Segundo ele, apesar de alegar que faz a coleta de dados a partir do argumento de "fair use", a OpenAI fere regras de proteção em especial porque parte desses conteúdos acaba servindo de inspiração ou é aproveitado nas respostas do ChatGPT, tendo sido criadas antes por outras pessoas e às vezes apenas "adaptadas" pela IA.

Ao longo dos últimos meses, empresas do setor como a OpenAI se defenderam das acusações, mas parecem cada vez mais propensas a admitir que é "impossível" manter um modelo sustentável de chatbot na atualidade sem esse tipo de infração. Escritores, jornais e produtoras já abriram processos contra as empresas, acusando elas de se copiarem e usarem ilegalmente esses materiais em seus sistemas.

Uma dessas ações foi movida pelo The New York Times e tinha no próprio Suchir uma figura importante. Ele seria uma das testemunhas do caso, assim como outros ex-funcionárioos da OpenAI, como o cofundador Ilya Sutskever.

O que aconteceu com Suchir?

Em 26 de novembro de 2024, pouco mais de uma semana após a revelação de que ele faria parte da ação judicial, Suchir Bajali foi encontrado morto em seu apartamento. Segundo as autoridades de San Francisco, não havia qualquer evidência de crime no local e a causa da morte foi determinada como suicídio.

Em nota enviada para CNBC, a OpenAI afirmou que ficou devastada "ao saber desta notícia incrivelmente triste" e que os corações da equipe "estão com os entes queridos de Suchir durante este momento difícil". Os familiares do pesquisador pediram privacidade à imprensa e não deram declarações.

Sam Altman, cofundador e CEO da OpenAI. (Imagem: GettyImages)
Sam Altman, cofundador e CEO da OpenAI. (Imagem: GettyImages)

Apesar de todo esse cuidado, especulações nas redes sociais chegaram a surgir indicando suspeitas sobre a morte do jovem — especialmente por ela acontecer pouco depois da revelação de que ele era uma peça-chave no processo que poderia prejudicar essa empresa.

Até o bilionário Elon Musk, cofundador da OpenAI e crítico da dona do ChatGPT, chegou a se manifestar sobre o caso. Em uma postagem na sua rede social, o X (antigo Twitter), ele reagiu com um emoji desconfiado à notícia da morte de Suchir. A postagem rendeu piadas dos seguidores, assim como críticas sobre a postura e falta de sensibilidade do empresário.

A morte do pesquisador ainda levanta algumas teorias da conspiração, mas as evidências iniciais indicam mesmo que Balaji pode ter tirado a própria vida. As circunstâncias do ocorrido ainda não são conhecidas, mas a pressão sofrida e estar no centro das atenções de um mercado global pode ter contribuído para que passasse por um período turbulento.

Prevenção de suicídio

O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma entidade fundada em 1962 que presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar.

Para entrar em contato, basta fazer uma ligação ao número 188 (que funciona 24 horas), mandar um e-mail para a entidade (apoioemocional@cvv.org.br) ou conversar pelo chat online no site https://www.cvv.org.br.

O chat funciona entre 9h e 01h (horário de Brasília) nas segundas e terças; entre 9h e 1h, às quartas e quintas; de 13h até 1h nas sextas e sábados e entre 15h e 1h nos domingos. Os voluntários do CVV são treinados para conversar com pessoas que procuram ajuda e apoio emocional e todas as conversas têm total sigilo e anonimato.

smart people are cooler

Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.

Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.