As eleições presidenciais norte-americanas envolvendo Donald Trump e Kamala Harris começam a ser decididas nesta terça-feira (05). A maior parte dos eleitores dos Estados Unidos vai às urnas escolher quem vai liderar o país nos próximos quatro anos. Mas não são somente os habitantes do país do norte que estão de olho no pleito, já os impactos das votações serão globais.
Isso porque a gestão dos EUA traz reflexos diretos para indústrias como a da tecnologia, já que empresas e fábricas relevantes para o setor são sediadas por lá. Questões como inflação, taxas de importação e valorização do dólar podem impactar até em preços de eletrônicos no mercado brasileiro.
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O resultado da eleição é imprevisível e muitas das promessas dos candidatos seguem sem detalhes, mas já é possível prever alguns impactos dependendo de uma vitória de democratas ou republicanos.
O caso do dólar
Para Arthur Igreja, especialista em Tecnologia e Inovação, as eleições norte-americanas podem ter um "impacto no curto prazo" em eletrônicos, muito por causa do valor do dólar. Com essa moeda em um período de alta enquanto outras estão desvalorizadas, o que costuma se intensificar após um período eleitoral, é esperado um encarecimento de produtos no Brasil vindos de fora.
"Nas últimas semanas, o dólar está se fortalecendo frente a moedas de países emergentes, como é o caso do Brasil, logo importações e eletrônicos ficam mais caros", explica em entrevista ao TecMundo.
Kamala Harris e o seu candidato a vice, Tim Walz. (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
É sob um eventual governo do republicano que os EUA devem ter inflação mais alta e juros maiores, o que significaria um dólar mais valorizado. Já um governo de Kamala Harris poderia levar o dólar a ser desvalorizado, mas talvez não o suficiente para impactos na precificação de produtos.
Ainda assim, não é possível prever de quanto seria o acréscimo e nem quanto tempo ele duraria. Na melhor das hipóteses, o aumento pode não ser sentido no bolso do consumidor caso seja momentâneo demais.
Taxas de importação e fábricas locais
Outra questão importante em jogo envolve a fabricação de componentes, já que a política protecionista dos EUA também pode ser um dos fatores de elevação de preços. Em especial nas propostas de Trump, mas não apenas nas dele, há menções em aumentar de forma considerável a tributação de países como a China, onde são fabricadas a maior parte dos componentes e eletrônicos do mundo.
"Caso essa promessa de campanha seja cumprida, já se estima uma inflação dos eletrônicos", alerta Igreja, explicando novamente que ainda não é possível mensurar um valor. Isso já é colocado na prática atualmente, no governo de Joe Biden e Kamala, afetando diretamente companhias chinesas que atuam no país.
Ao mesmo tempo, os próximos anos devem ser marcados pela tentativa de atração de fábricas para o territórios dos EUA. Levar indústrias hoje mais estabelecidas em países asiáticos, inclusive de marcas como Apple e Intel, é uma possibilidade de ambos os governos.
Nesse caso, a mão de obra seria mais cara e o custo no investimento dessas fábricas pode impactar no preço final de um produto — sem contar que toda a dinâmica tributária dele se altera dependendo do país onde ele é montado.
Musk é apoiador de Trump e estaria interessado na política mais protecionista do político. (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
"Estamos vendo um ciclo no mundo de mais autoproteção, de menos economias abertas. E quando isso acontece, a tendência é preços em alta", aponta o especialista.
Mesmo com uma eventual vitória de Trump, ideologicamente divergente do atual governo brasileiro, uma relação no mínimo protocolar do ponto de vista econômico é esperada entre ambos.
"Nada mostra que isso possa escalar para um problema, para uma crise, especialmente, no âmbito comercial entre os dois países", finaliza Igreja.