A fabricante de semicondutores Intel apresentou resultados financeiros acima do esperado no terceiro trimestre de 2024 e teve alta nas ações. A informação é uma rara boa notícia e um respiro na atual fase da companhia, que encara um período de crise e reestruturação.
O momento ainda não é tão positivo: em julho e setembro deste ano, a companhia teve um prejuízo operacional de US$ 16,6 bilhões (cerca de R$ 95 bilhões) no trimestre e registrou uma receita de US$ 13,28 bilhões (ou R$ 75 bilhões), valor que é 6% menor que no mesmo período do ano passado. Ainda assim, a renda ficou um pouco acima do esperado.
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De acordo com o CEO da Intel, Pat Gelsinger, os gastos foram altos em especial por causa do atual plano de remanejamento estratégico da companhia. Como parte do processo, ela começou a desmontar equipamentos e espaços de fabricação de componentes antigos e teve baixas no patrimônio não detalhadas, o impacta nos números.
Pat Gelsinger, CEO da Intel. (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
Além disso, as demissões também já teriam sido contabilizadas em grande parte no último trimestre, o que também deve aliviar as contas da companhia no final do ano.
Em relação aos setores, as áreas de IA e soluções de rede apresentaram alta nos ganhos em relação ao mesmo período do ano passado. Já subsidiárias como a Mobileye (de tecnologias autônomas para carros) e a Altera, que foi separada e ainda pode ser vendida, tiveram números menores.
Apesar disso, ela agora encara com otimismo a próxima etapa da estratégia e a satisfação dos investidores é uma resposta positiva. As ações da Intel subiram 8% após a divulgação do relatório fiscal nesta quinta-feira (31).
A atual fase da Intel
A Intel está realizando o que Gelsinger considera ser "o processo de reestruturação mais inspirador desde a fundação em 1968", iniciado após uma fase preocupante da companhia.
Em agosto deste ano, ela anunciou a demissão de 15% dos funcionários, o que representa cerca de 15 mil pessoas. Além disso, ela iniciou um plano de remanejamento de setores para definir as prioridades da companhia e enxugar os gastos após relatórios fiscais consecutivos com resultados abaixo do esperado.
Concorrentes como Arm e Qualcomm chegaram a sinalizar o interesse em adquirir divisões ou até mesmo a companhia como um todo, mas a Intel rejeitou todas as aproximações até o momento. Uma das ações já confirmadas é a de separar a unidade de Foundry, responsável por fabricar chips para clientes externos, em uma subsidiária.
Segundo os planos da fabricante, o objetivo é cortar gastos equivalentes a até US$ 10 bilhões em 2025. Essa ação pode ajudar a companhia a receber contratos e subsídios do governo dos Estados Unidos, interessado em fortalecer empresas locais do setor.
Novidades no setor de produto incluem as CPUs Core Ultra 200 e uma rara parceria com a rival AMD para melhorar a própria arquitetura de chips.
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