Conseguir se desligar do trabalho é uma dificuldade para muita gente. Para líderes e CEOs, então, é até esperado que seja impossível. As demandas constantes, o celular sempre na mão, os e-mails infinitos — quem vive essa realidade sabe que é assim.
Mas a verdade é que não é impossível dar uma pausa de vez em quando. Inclusive, é extremamente necessário. Só que é preciso se esforçar para que o descanso realmente aconteça e não seja enterrado embaixo de uma pilha de tarefas. E isso inclui escolher os momentos de parar.
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Recentemente, uma foto viralizou nas redes sociais mostrando um profissional trabalhando durante a festa do seu próprio casamento. Milhares de pessoas comentaram sobre como isso era um absurdo, enquanto muitas outras disseram entender que, às vezes, o trabalho precisa de prioridade, mesmo em momentos como esse.
Não acredito que a resposta seja tão simples quanto um “certo versus errado”. Sempre existe um contexto por trás e uma série de variáveis. Ainda assim, esse tipo de história reflete a cultura do profissional, da empresa e do mercado como um todo.
As pausas do trabalho são essenciais para a saúde mental do colaborador
Se o status quo no qual você vive reforça que o trabalho deve estar acima de tudo e todos, você pode acabar se vendo nessas situações com frequência. Se, por outro lado, você escolhe desafiar esse conceito, pode enfrentar debates e conflitos, mas estará defendendo uma mudança que vale para milhões de pessoas.
Como CEO, eu sei que existem ocasiões em que não é possível esperar. Emergências acontecem e não têm lugar e hora para aparecer. Mas elas devem ser a exceção e não a regra, independentemente do modelo que o mercado parece seguir.
É mais uma daquelas “verdades” que se mostram muito mais complexas na vida real. Quem nunca ouviu a máxima do “cliente tem sempre razão” e discordou, lembrando de um caso específico ou outro? Tudo possui nuance e a busca no fim das contas sempre deve ser por equilíbrio.
A vida pessoal não é algo distante da vida profissional, na prática. As duas acontecem ao mesmo tempo e se influenciam simultaneamente. Ninguém deixa de ser colaborador, líder ou CEO quando está casando — mas também não dá para deixar de ser marido ou esposa, não é mesmo? Por que manter um em boas condições seria mais importante do que o outro? Quem define essas prioridades?
A resposta é individual. Cada um sabe o que almeja na vida. Claro, sempre esperamos que não seja preciso escolher, mas de vez em quando uma decisão precisa ser tomada, e só você poderá dizer qual é a ideal.
O que não podemos é deixar que a expectativa dos outros defina isso por nós. Seja seu chefe, seu cliente, ou até estranhos na internet. Qualquer escolha traz consequências, afinal, e sempre precisamos determinar quais são as melhores, ou as menos piores.
Eventualmente, todo mundo precisa descansar. Quem decide a data e a hora, porém, é você.
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*Andréa Migliori, CEO da Workhub, uma HRTech de soluções para portais corporativos, pioneira no segmento a incorporar inteligência artificial aos seus serviços.