Intelectuais criticam big techs e apoiam Brasil contra Musk em carta aberta

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Uma carta aberta assinada por dezenas de intelectuais de vários países foi divulgada nesta terça-feira (17) trazendo críticas às grandes empresas de tecnologia que tentam se sobrepor à soberania digital dos países. Eles citam a disputa do judiciário brasileiro com Elon Musk, que resultou no bloqueio do X, como exemplo desse tipo de ação.

No documento, intitulado “Contra o Ataque das Big Techs à Soberania Digital”, os signatários se mostram preocupados em relação à atuação dessas companhias como se fossem autoridades. Para os autores, isso é fruto da inexistência de acordos internacionais para regulamentar o funcionamento do setor.

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O X está suspenso no Brasil desde o final de agosto.O X está suspenso no Brasil desde o final de agosto.Fonte:  Getty Images/Reprodução 

“A disputa do Brasil com Elon Musk é apenas o mais recente exemplo de um esforço mais amplo para restringir a capacidade de nações soberanas de definir uma agenda de desenvolvimento digital livre do controle de megacorporações sediadas nos EUA”, diz a carta pública. O texto cita, ainda, que a suspensão do antigo Twitter foi motivada pelo descumprimento de ordens da justiça.

Em outro trecho, o documento menciona que atitudes como a de Musk enviam um alerta: “países democráticos que buscam independência da dominação das big techs correm o risco de sofrerem interrupções em suas democracias”. Os signatários também falam do envolvimento de algumas dessas empresas com partidos e movimentos de extrema direita.

Apoio ao Brasil

Além de afirmar que as gigantes da tecnologia atuam de forma contrária às agendas independentes definidas pelo poder público quando isso afeta seus interesses, a carta pede que o governo brasileiro não deixe de implementar sua agenda digital. Os autores sugerem, ainda, que eventuais pressões sejam denunciadas.

Por fim, os intelectuais pedem às pessoas interessas na defesa de "valores democráticos” que apoiem o Brasil em busca de sua soberania digital, solicitando que a Organização das Nações Unidas (ONU) acompanhe o caso. “Este é um momento crucial para o mundo”, justificaram os signatários.

A lista de pessoas que assinam o texto é composta por Daron Acemoglu (professor do MIT), Shoshana Zuboff (filósofa e professa emérita da Harvard Business School), Francesca Bria (economista italiana) e David Adler (economista americano). Os economistas franceses Julia Cagé, Gabriel Zucman e Thomas Piketty também estão entre os autores.

O documento teve a participação, ainda, dos brasileiros José Graziano, ex-diretor-geral da Organização para a Alimentação e Agricultura da ONU, e os acadêmicos Marcos Dantas (UFRJ), Helena Martins (UFCE) e Sérgio Amadeu da Silveira (UFACB), entre outros.

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